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domingo, 27 de abril de 2008

GENEROSIDADE À BRASILEIRA: CONTRIBUINTE ARCA COM O ÔNUS DE ITAIPU



Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO em 27 de abril de 2008
Comentário sobre a notícia:

O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, mandou um recado aos acionistas minoritários da Eletrobrás para que eles fiquem tranquilos porque as suas ações não sofrerão nenhuma perda caso seja feita alguma alteração generosa nas tarifas do Tratado de Itaipú.

Segundo ele, qualquer aumento no preço da energia elétrica vendida pelo Paraguai será bancado pelo Tesouro Nacional.

É impressionante a calma com que as autoridades transferem para os contribuintes os gastos públicos mais absurdos que aparecem no contas à pagar do governo.

A conta de luz do brasileiro é um exemplo iluminado do capitalismo mais selvagem e imoral que existe na face da terra. Na cadeia financeira do setor elétrico, da produção até a distribuição, o único que pode ter prejuizo é o contribuinte. O bolso dos acionistas e dos especuladores, é intocável.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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JORNAL DO BRASIL 25 de abril de 2008

Contribuinte arca com ônus de Itaipu

Presidente da Eletrobras assegura que minoritários não serão prejudicados na negociação


Ricardo Rego Monteiro

Qualquer que seja a solução para o impasse com o Paraguai em torno do preço da energia de Itaipu, os acionistas minoritários da Eletrobrás podem ficar tranqüilos, que não serão penalizados com a perda de valor de suas ações. Pelo menos é o que assegura o presidente da estatal, José Antonio Muniz Lopes, ao afirmar ontem que o Tesouro deverá arcar com o ônus de um possível aumento dos valores pagos pelo excedente paraguaio da usina binacional, a exemplo do que ocorreu em 1993, quando o Tesouro injetou US$ 26 bilhões dos contribuintes nos cofres da empresa.

– Nenhuma solução será adotada que leve a criar problema do lado privado, de quem investiu seus recursos lá. Se tiver alguma coisa que afete a organização, temos que resolver no nível do governo. Temos como intercambiar com o Tesouro – disse Muniz, que foi homenageado ontem pelo Clube de Engenharia, no Rio. – Em 1993, o Tesouro injetou no setor elétrico brasileiro US$ 26 bilhões, via equalização tarifária. Para acabar a equalização tarifária havia compromissos assumidos e o Tesouro injetou. Qualquer solução que passe agora, é questão de honra respeitar acionistas privados. Não há problema que vá prejudicar o acionista privado.

Para justificar a preocupação com os minoritários, o presidente da Eletrobrás lembrou que, hoje, a empresa tem ações listadas nas bolsas de Nova York e de Madri. Por isso, lembrou, qualquer solução que onere a estatal pode vir a afetar a credibilidade tanto da empresa quanto do país.

Apesar do compromisso com os minoritários, o presidente da Eletrobrás fez questão de atribuir ao governo a responsabilidade por uma solução para o impasse de Itaipu. O executivo não se furtou, no entanto, a fazer coro com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que disse considerar justo o preço pago atualmente pelo Brasil pela energia da usina binacional.

– Tratados dependem de governos. Governos podem (modificá-los), submetendo aos seus Congressos. Temos parte de acionistas que é governo. Nenhuma solução será adotada que leve a criar problemas do lado privado, para quem investiu seus recursos lá – afirmou.

Apesar do imbróglio com o Paraguai, e do possível ônus para o contribuinte, a Eletrobrás, com aval do governo, continuará a investir em projetos de usinas binacionais. Muniz confirmou que há estudos para usinas conjuntas nas fronteiras com a Argentina, Peru e Venezuela. Nos próximos dias 7 e 8 de maio, inclusive, uma comitiva do Ministério de Minas e Energia estará em Caracas, na Venezuela, para negociar detalhes do novo projeto com o governo de Hugo Chávez.

Questionado quanto à validade de tais projetos em um contexto de turbulência geopolítica no continente sul-americano, o presidente da Eletrobrás defendeu o processo de integração regional.

– A integração envolve um contrato de ônus e bônus para os dois lados – justificou, ao admitir os ônus.

O TRATADO DE ITAIPU



Pulbicado no O GLOBO em 24 de abril de 2008

Publicado no JORNAL DO BRASIL em 26 de abrilde 2008

Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO em 24 de abril de 2008


Comentário sobre a notícia:

Estou convencido de que o Brasil é o paraíso tropical do surrealismo contraditório. Enquanto o presidente da República fala que não quer conversa nenhuma sobre o reajuste dos preços da energia elétrica no tratado de Itaipú, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, diz que o governo brasileiro precisa ser generoso com o Paraguai.

O Tratado de Itaipú foi assinado em 1973 pelos ditadores que na época comandavam Brasil e Paraguai: General-de-Exército Emílio Guarrastazu Médice, e o general-de-Exército Alfredo Stroessner.

Quando em 1989, após 35 anos de ditadura, o general Stroessner foi derrubado do poder, advinhem onde ele se refugiou?

Em Brasília ! Morou lá até a sua morte em 2006, numa bela mansão. Muita generosidade do Brasil.

Será que fechando os olhos, lendo as entrelinas dessa incrível história, não dá para perceber a tremenda negociata que foi esse "acordo" de Itaipu?

Antes dele ser assinado, nós brasileiros já eramos chamados de 'invasores' pelos paraguaios, seja por causa da Guerra do Paraguai, ou devido a invasão dos agricultores brasileiros às terras paraguaiais que fazem fronteira com o Brasil, a partir de 1950.

Assim nasceram os famosos brasiguaios. Foi muito "generosidade" dos brasileiros irem plantar soja no Paraguai. Essa briguinha de "generosidades" que começou agora, deverá distrair a atenção do povo brasileiro de escandalos como os cartões corporativos, mensaleiros, e de todas as "generosas" roubalheiras que acontecem nesta generosa terra brasileira.

Já que o presidente Lula não quer ser generoso com os paraguaios, que o seja com os aposentados brasileiros que ganham mais de um salário mínimo, dando todo apoio ao projeto do seu companheiro de partido, Senador Paim, determinando que todas as aposentadorias sejam aumentadas com base no aumento do salário mínimo.

Depois desse ato generoso para com os aposentados brasileiros, todos nós iremos ver como fica a nossa generosidade com as tarifas da mutreta feita pelos generais Médice e Stroessner.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 23.04.2008

Página 1 - MANCHETE

Amorim diz que país tem de ser 'generoso' com Paraguai

Mas ministro do setor afirma que preço de energia de Itaipu não subirá

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que o governo poderá negociar alterações nas tarifas da energia elétrica excedente do Paraguai repassada ao Brasil. Segundo o chanceler, o Brasil precisa ser generoso e não
imperialista na relação com seus vizinhos: “Temos que ter uma visão generosa. Enão é só ser bonzinho.

Generosidade é também ver seu próprio interesse de longo prazo, que é o de uma região pacífica.” Uma possível negociação com o Paraguai com aumento da tarifa foi tratada na reunião da coordenação política, comandada pelo presidente Lula, mas enfrenta resistência dentro do próprio governo.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a elevação da tarifa não está nos planos: “O ministro Celso Amorim entende que o preço deve ser justo. E ele é justo.” O presidente Lula aceitou ontem receber o presidente eleito do Paraguai antes da sua posse, em agosto.

Páginas 25, 26 e 27, Elio Gaspari, Míriam Leitão e editorial “Hora do realismo”

sábado, 19 de abril de 2008

A CANDIDATA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DILMA ROUSSEFF


FOTO: A candidata à Presidência da República, Dilma Roussef, no casamento da filha

Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO, em 19 de abril de 2008

Comentário sobre a notícia:

Vamos ser pragmáticos. Daqui em diante todos deveriam denominar Dilma Rousseff como candidata à Presidência da Repúlbica, ao invés de chefe da Casa Civil. Esta é a realidade do momento político nacional.

A ostensiva campanha eleitoral que o presidente Lula faz em benefício da mãe do PAC é um fato verdadeiro, e que muito vai contribuir para a eleição da sua candidata.

A oposição deveria deixar de lado as suas picuinhas e lançar logo o seu candidato.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 18.04.2008.

Dilma agradece a público de comício

No mesmo ato, Lula reclama de dores no pescoço e culpa alta dos juros
Itamar Mayrink


Apesar das afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não fazia campanha, ao discursar ontem em solenidade de lançamento e vistoria de obras do PAC em Belo Horizonte, o clima festivo levou a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a cometer uma gafe, chamando o evento de comício:

— Eu queria desejar e dirigir um especial cumprimento às mulheres aqui da frente, que hoje animam, sem dúvida, este comício — discursou a ministra.

Lula provocou suspense durante a solenidade ao deixar o palanque por mais de 15 minutos.

Ele retornou com um colar cervical no pescoço, queixando-se de um torcicolo:

— Eu não sei se deveriam ficar acometidos do mesmo mal de que fui, não sei se ouvimos muito discurso, se foi pelo aumento dos juros ontem, não sei se foi por causa do massacre que o Corinthians recebeu do Goiás (derrota de 3 a 1 pela Copa do Brasil), e o Cruzeiro que levou uma lavada na Bolívia (derrota do time mineiro de 5 a 1 para o Real Potosí, pela Libertadores). Sei que acordei com essa dor no pescoço.

Tudo isso junto deu esse torcicolo — brincou o presidente.

Lula fez ainda mais elogios à ministra Dilma Rousseff: — A Dilma é a mãe, a avó e a tia do PAC. Ela é a coordenadora do PAC, porque senão a gente anuncia o dinheiro e o dinheiro não chega. Nós estamos cuidando do PAC como um pai e uma mãe responsável cuidam dos seus filhos.

Lula evitou falar sobre a crise vivida pelo PT de Belo Horizonte, que está dividido por causa da proposta de aliança com o PSDB nas eleições na capital, proposta articulada pelo prefeito petista Fernando Pimentel e o governador tucano Aécio Neves — que não estava no palanque por causa de uma viagem a Washington. Além de citar a boa relação com Aécio, o presidente ouviu vários discursos ressaltando a importância do entendimento entre União, estados e municípios para a realização de obras em benefício da população.

Na visita a Minas, o presidente assinou ordens de serviço para obras do PAC em oito municípios mineiros, com aplicação de recursos no valor de R$ 1,164bilhões. Os investimentos do PAC no estado, em 14 municípios, somam R$ 2,84
bilhões.

A LAVANDERIA CACCIOLA VEM AÍ


VIDEO CHARGE: Cacciola canta - Volare

Comentário sobre a notícia:

A lavanderia Cacciola vem aí !

Para Tarso Genro, a sua volta ao Brasil simboliza a luta contra a impunidade. O secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Junior, diz que a sentença da Corte de Apelação de Mônaco foi um "um duro golpe na impunidade". Marco Aurelio de Mello, ministro do STF, deve estar ansiosissimo com o retôrno de Cacciola.

No Brasil existe desde 1998 a lei contra o crime da 'lavagem de dinheiro', que inclui 'ocultação de bens, direitos e valores'.

Por causa desta lei foi criado o tal de - COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

Desde a criação do 'Programa Nacional de Capacitação e Treinamento para Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro', milhares de agentes públicos foram capacitados a trabalhar nas investigações dos referidos crimes. Todo este pessoal deve estar ganhando muito bem.

Com tudo isso, até hoje não existe nenhum marginal de colarinhbo branco, acusado de lavar dinheiro, na cadeia.

A Policia Federal os prende, mas alguns dias depois, quando não no mesmo dia, os ladrões são soltos.

Cacciola na prisão aqui no Brasil deverá distrair a atenção do povo, que irá esquecer de todos os outros criminosos que assaltaram e lavaram o dinheiro roubado dos cofres públicos.

Isso tudo só irá acontecer se os advogados de Caccciola não entrarem com um 'Habeas-corpus' no STF.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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Redação Terra
Sexta, 18 de abril de 2008
Defesa de Cacciola entra com recurso em Mônaco

A defesa de Salvatore Cacciola entrou hoje com recurso no Tribunal de Cassação de Mônaco para tentar atrasar a decisão do príncipe Albert sobre a extradição

O advogado Franck Michel alega que o Tribunal de Apelação, que decidiu pela extradição de Cacciola há três dias, foi contraditória ao rejeitar parte dos argumentos do governo brasileiro. Caso o príncipe adie a decisão para aguardar o parecer do tribunal, a extradição pode ser adiada em três meses.

Para a extradição ser efetivada, é necessária a ratificação pelo príncipe Albert, que nunca tomou decisão contrária à sugerida pela procuradoria.

Cacciola, ex-dono do Banco Marka, foi condenado a 13 anos de prisão pela Justiça brasileira por crimes financeiros. Foragido desde 2000, ele foi preso pela polícia de Mônaco em setembro do ano passado.

O escândalo financeiro envolvendo Cacciola ocorreu em 1999, durante o processo de desvalorização do real, quando o Banco Central (BC) socorreu os bancos Marka e FonteCindam com R$ 1,6 bilhão. O BC justificou na época a ajuda a esses bancos como uma medida para evitar o que classificou de risco sistêmico para o mercado financeiro do País.

Com informações da Reuters

Redação Terra

ARTISTAS PODEM FAZER ISSO ?

VIDEO: Bruno Gagliasso paparazzo 2

Comentário sobre a noticia:

Uma fã pediu para tirar foto com o ator, mas ele não quis. Mas a moça bateu uma foto do bonitão com a loira. O todo poderoso chamou um segurança e ordenou que o mesmo tirasse a máquina digital da admiradora, que só seria devolvida se a mesma apagasse a foto.

Artistas podem fazer isso ?


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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FSP ONLINE - ZAPPING - 14/04/2008

Fabíola Reipert escreve a coluna Zapping, publicada no "Agora". Passou pelo SBT, Rede Mulher e rádio CBN. Zapping fala dos bastidores de televisão e do mundo artístico e adianta com exclusividade as mudanças na TV.

A foto foi apagada

Quando ela fez a imagem de Bruno com a loira, o bonitão ficou bravo e falou com um segurança, que tirou a máquina digital da menina, ameaçando não devolver caso ela não apagasse a foto. Bruno é casado com Camila Rodrigues, que é morena.


"Playboy" quer a irmã caçula de Zezé

Não é de hoje que a atriz Lucielly Camargo, irmã mais nova de Zezé e Luciano, tem convite para tirar a roupa na "Playboy", mas só agora a moça decidiu sentar e conversar para ouvir a proposta. Desde que fez "Mulheres Apaixonadas" (Globo), em 2003, Lucielly já havia sido sondada. Na família, comenta-se que ela teria adiado o ensaio porque os pais são evangélicos e poderiam ser contra.

Balada paulistana

Bruno Gagliasso chegou (e foi embora), ao Royal, em São Paulo, na última quinta, acompanhado de uma loira. Uma fã pediu para tirar foto com o ator, mas ele não quis.

Fim de programa

As demissões do "Aqui Agora", do SBT, podem chegar a 70 pessoas, incluindo os jornalistas e a parte técnica.

Audiência

Há preocupação, na Globo, com a audiência do "SPTV - 1ª Edição", que tem perdido no Ibope para o "Hoje em Dia" e para o "Balanço Geral", ambos da Record. O "Fala Brasil", mais cedo, também tem conquistado a liderança.

De olho 1

Como o "Hoje em Dia"" também está levando vantagem em cima de Ana Maria Braga e do infantil "TV Globinho", surgiu na Globo a hipótese de tentar contratar o diretor do programa da Record.

De olho 2

Carlos Dornelles, da Globo, está na mira da Record, que o quer como repórter especial. Estão negociando.

E-mail: fabiola@agora.com.br

QUERO A MINHA BOLSA-DITADURA


~ ~ ~ ~ Foto: Escritor e Jornalista Augusto Nunes ~ ~ ~ ~

Publicado no JORNAL DO BRASIL em 14 de abril de 2008

Colunistas

Sou admirador de carteirinha do escritor e jornalista Augusto Nunes. Ainda bem que seu anjo da guarda o impediu de ir para o Judiciário. Graças à quartelada de 64, a imprensa brasileira ganhou um jornalista perspicaz, correto e que sabe banhar seus textos mais incisivos com com um senso de humor altamente refinado.

Wilson Gordon Parker, Friburgo (RJ)

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JB - 09 de abril de 2008

Quero a minha bolsa-ditadura

Augusto Nunes


Na tarde de 11 de agosto de 1969, numa mesa do bar em frente da Faculdade Nacional de Direito, eu festejava o reencontro com a namorada que saíra de circulação havia um mês, ao saber que a Justiça decidira prendê-la preventivamente. Tinha um copo de chope na mão e idéias lascivas na cabeça. Além do fim da separação, comemorava antecipadamente uma longa noite de prazeres e pecados. O castigo chegaria primeiro, anunciado por um leve toque no ombro e formalizado por um só substantivo: "Polícia", resumiu um dos quatro homens repentinamente hasteados em torno da mesa.

Todos usavam os paletós muito compridos e muito apertados que os sherloques brasileiros tanto apreciam, porque todos se acham mais altos e menos gordos do que efetivamente são. Só depois da tempestade eu saberia que estavam lá para capturar minha namorada. Resolveram levar-me como brinde ao descobrirem que também era diretor do Caco Livre. Separados, embarcamos em fuscas disfarçados de táxis rumo à sede da PM na Rua Frei Caneca.

De madrugada, segui de jipe para o prédio da Aeronáutica ao lado do Santos Dumont. A escala durou dois dias. Sempre no meio da madrugada, de novo num jipe, fui transferido para a Base Aérea do Galeão. Duraria também dois dias a terceira e última estação do curto calvário. Curto e, para os padrões vigentes naquele Brasil sob o domínio do medo, pouco dramático.

Sim, cada minuto de prisão nos anos de chumbo foi um pote até aqui de angústia. Fui submetido durante quatro dias a tormentos físicos e psicológicos.. Com as mãos algemadas sob as pernas, suportei de cócoras interrogatórios que se estendiam por oito, nove horas. Ouvi dos carcereiros ameaças de morte ao estudante comunista cujo paradeiro nenhum civil conhecia. Afligiram-me o silêncio imposto a presos incomunicáveis, o cheiro de animal sem banho, a comida intragável, a sensação de impotência, a vida suspensa no ar.

A viagem pela escuridão terminou na noite de 15 de agosto. "Pode ir embora", comunicou o major que acabara de me interrogar. COMUNISTA, anotou com letras graúdas e escuras na ficha preenchida para identificar o estudante de 19 anos. Sem nada a buscar na cela, caminhei para a liberdade. Ainda na calçada da cadeia, constatei que tivera sorte. Estava vivo. Não fora torturado. Não carregava, no corpo ou na alma, feridas que não cicatrizam.

Perto do que já ocorrera, perto do que haveria, fora uma "cana leve". Em cada 10 militantes do movimento estudantil, nove protagonizaram episódios semelhantes. Ninguém sabia que, muitos anos depois, todos poderiam reivindicar à Comissão de Anistia a medalha de "herói da resistência". E indenizações milionárias. E mensalidades de bom tamanho.

Na semana passada, a festa de formatura da turma de jornalistas premiados com a "bolsa-ditadura", outro achado de Elio Gaspari, fez cair em tentação meu lado escuro. Além da temporada no xadrez, disponho de um trunfo poderoso: a vitoriosa carreira que não tive. Em dezembro de 1969, o diretor da faculdade apresentou-me à bifurcação. Ou solicitava no dia seguinte a transferência para outras paragens ou seria sumariamente expulso antes que o ano acabasse.

Só o Mackenzie me engoliu. Não engoli o Mackenzie e desisti do diploma de bacharel no primeiro semestre no Mackenzie. Só por isso não fui advogado, juiz, desembargador, ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente da Corte. Não cheguei lá por culpa do regime militar. Mereço uma bolsa-ditadura (topo alguma coisa em torno de R$ 1 milhão) e qualquer aposentadoria acima da faixa dos R$ 4 mil. Livres de taxas e descontos, em dinheiro vivo e pagamento à vista. Não aceito títulos do Tesouro Nacional.

Tenho testemunhas a apresentar. Uma tia pode atestar que, ainda no berço, eu caía na choradeira enquanto não trocassem o pijama listrado por um camisolão preto que parecia uma toga. Um amigo de infância vive lembrando que, quando os garotos da nossa rua resolviam roubar laranja, eu primeiro recomendava que tungassem apenas o necessário e, em seguida, escolhia o pomar mais adeqüado. Na faculdade, num julgamento simulado pelo professor Afonso Arinos, defendi com brilho a tese segundo a qual o Tribunal de Nuremberg foi uma ilegalidade. A goleada que me impôs o júri formado pelo resto dos alunos é irrelevante. O doutor Nelson Jobim já perdeu dúzias de causas. E foi presidente do Supremo.

Argumentos já tenho. Falta o telefone do advogado que antecipou com tanta competência a formatura da turma de jornalistas.

[ 09/04/2008 ] 02:01

domingo, 13 de abril de 2008

Hoje é o 'Dia do beijo'. Você já deu o seu?

* A escultura "O beijo" (1887), do artista francês Auguste Rodin *

13 DE ABRIL

Terapeuta britânica diz que beijar estimula o bem estar de forma fácil e rápida. Segundo ela, o beijo é um dos primeiros a serem deixados de lado nas horas difíceis

Anda deprimido? A vida não sorri para você? Está vivendo problemas conjugais? A britânica Denise Knowles tem a resposta: beije na boca. Para a terapeuta e sexóloga do instituto terapêutico Relate, do Reino Unido, o beijo pode ser uma das maneiras para combater a depressão.

“Nosso tempo de lazer está cada vez mais contado, o que diminui o número de horas que os casais passam juntos,” diz Denise Knowles. “Beijar pode ser tão recompensador quanto o sexo e é muito mais fácil e rápido de fazer tanto em casa quanto em público”, diz ela.

BEIJOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO


NOTA: Só para as Mulheres ! :)

sábado, 12 de abril de 2008

ESTUDANTES DECIDIRAM MANTER A OCUPAÇÃO DO PRÉDIO DA REITORIA ATÉ QUE O VICE-REITOR TAMBÉM SE AFASTE

Foto: A LIXEIRA DE MIL REAIS, O Reitor da UnB, Timothy Mulholland, e o vice-Reitor, Edgar Mamiya

Publicado no O ESTADO DE S.PAULO, 12 de Abril de 2008

Comentário sobre a notícia:

Essa história dos reitores da Universidade de Brasília tem o mesmo enredo das roubalheiras praticadas pelos corruptos do Congresso Nacional e do executivo. Não existe diferença nenhuma. O substituto do ladrão é tão ladrão quanto o que está exercendo o mandato ou cargo. Todo mundo rouba. Não escapa ninguém.

Se esta é a realidade que todos conhecem, deveríamos ser objetivos, criando novos valores morais a serem adotados por toda a sociedade.

A impunidade é total. As leis para os ladrões de colarinho branco são ambíguas, prendem de manhã, e soltam a noite. Os parlamentares que roubam tem imunidade para faze-lo. Os que roubam muito, e não estão no parlamento, se candidatam, são eleitos, e passam a ter imunidade.

Nesse rodízio da corrupção, o povo descobriu que a honestidade não acrescenta nada em suas vidas, e percebeu que a única diferença que existe é que alguns roubam mais que os outros.

O povo não é bobo.

Portanto, para que o Brasil não dê um nó neste engarrafamento de corruptos, vamos passar a julgar os nossos governantes, e legisladores, pelo grau de corrupção que possuem. Diante disso, vamos procurar votar em quem rouba menos.


Wilson Gordon Parker
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo - RJ

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 12.04.2008


UnB: decano acusado de improbidade também se afasta


Alunos e parte dos professores propõem ao Conselho da universidade afastamento definitivo do reitor e de seu vice
Carolina Brígido

BRASÍLIA. Depois de quatro horas reunido a portas fechadas, o Conselho da Universidade de Brasília (UnB) não conseguiu chegar a uma solução para o fim da crise provocada pela ocupação da reitoria por alunos, que se estende há dez dias. A única deliberação aprovada por maioria foi adiar a assembléia para a próxima quarta-feira.

No início da tarde, o decano de Administração, Érico Weldle, pediu licença do cargo por 60 dias — a exemplo do reitor, Timothy Mulholland, que tomara a mesma atitude no dia anterior.

Ambos são investigados em uma ação de improbidade administrativa por desvio de recursos para mobiliar o apartamento funcional do reitor.

Na assembléia, estudantes e parte dos professores propuseram que o conselho vote o afastamento definitivo de Mulholland, de seu vice, Edgar Mamiya, e dos demais integrantes da cúpula administrativa da UnB. Mamiya, que estava presente, disse que não cogita deixar o cargo.

Ele argumentou que, se renunciar, a universidade ficará sem liderança e, por isso, poderá paralisar suas atividades: — Não pretendo me licenciar.Essa opção não pode ser colocada sobre mim. (Se eu renunciar) aí sim terá uma crise prática. Nenhum contrato poderá ser assinado.Mamiya ainda lembrou que o conselho não tem poderes para destituir dirigentes. A assembléia ficou dividida, e o próprio vice-reitor propôs uma nova tentativa de acordo na próxima semana.

Vice-reitor não consegue fugir de protestos Para a estudante de Ciências Sociais Luiza Oliveira, uma das líderes do movimento, a proposta de Mamiya para adiar reunião foi por medo de não conseguir maioria numa eventual votação sobre seu afastamento: — Foi manobra política. Ele sabia que o descontentamento dos professores era grande.

Embora a reunião tenha ocorrido em sala fechada, um grupo de estudantes acompanhou a discussão de frente a uma janela por onde o som vazava. Mamiya adiou sua saída da sala quase uma hora, mas não conseguiu evitar os protestos. Na confusão, um fotógrafo foi agredido pelos seguranças na UnB.

Ontem os protestos dos estudantes continuaram. Eles afirmam que só desocuparão a reitoria quando o Mulholland, o vice e os decanos deixarem os cargos. Pelo campus, ouviase batuque, palavras de ordem e manifestações de bom humor.

De manhã, um grupo invadiu salas de aula na tentativa de obter adesões à
paralisação.

O não-comparecimento às aulas de ontem tinha sido aprovado em assembléia.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

| | | | | | | | O PALÁCIO DAS GAMBIARRAS | | | | | | | |

* * A PRIMEIRA DAMA MARISA LETICIA LULA DA SILVA * *

Comentário sobre a notícia:

Publicado no jornal O GLOBO, em 11 de abril de 2008

Em agôsto próximo, a Presidência da República vai se mudar para o Palácio do Buriti, lá em Brasilia. Segundo Lula, o Palácio do Planalto, conforme está, é o Palácio das 'gambiarras'.

Concordo plenamente com a avaliação do presidente.

Essa última 'gambiarra' do ministro da Justiça, acionando a PF só para investigar quem vazou o dossiê é a 'gambiarra' mais surrealista e perigosa que apareceu por lá.

Imaginem um delegado dando ordens para que os policiais só façam a investigaçao para saber quem foi o autor do tiro que matou alguém. O resto não poderá ser investigado. O porque, quem mandou, de onde veio a arma, se foi legitima defesa, nada disso será do interesse da policia.

A coisa é diferente? Não é não, Tarso Genro.

O principio da coisa é o mesmo. Investigação policial pela metade é 'gambiarra', não existe nem na China.

Para acabar com esse tipo de 'Gambiarra' não basta mudar de palácio não Lula. Temos é que mudar de presidente.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 08.04.2008

O palácio das 'gambiarras'


Lula defende reforma geral das instalações hidráulicas e elétricas do Planalto
Luiza Damé

BRASÍLIA. No dia em que recebeu as chaves do Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a reforma do Palácio do Planalto, argumentando que o prédio está cheio de gambiarras elétricas.

Segundo o presidente, as instalações hidráulicas são antigas e foram instaladas divisórias sem controle algum. As obras de restauração do Planalto devem começar em agosto, quando Lula e os cinco ministros da casa se mudarão para o Palácio do
Buriti.

Eles ficarão lá até o fim da reforma, no fim de 2009.

— O problema elétrico é muito sério.

Imagine quando ele foi feito, em 1958, a quantidade de gente que tinha lá, imagine a quantidade de telefones... Não existia computador naquela época, ou seja, não tinha metade dos aparelhos eletrônicos que tem hoje. E aquilo foi
sendo montado, cada um trazia um computador novo, uma televisão nova, um
telefone novo, um aparelho novo. Aquilo é uma gambiarra que, a qualquer hora dessas, corre o risco de incendiar, e aí é que ninguém vai poder dificultar a reforma — disse Lula.

Na solenidade, o governador José Roberto Arruda (DEM), que transferiu o governo do Distrito Federal para a cidadesatélite de Taguatinga, assinou o termo de cooperação técnica com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Serão feitas obras de reforço da segurança do Buriti, como blindagem das vidraças, para receber o presidente e os ministros Dilma, José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Luiz Dulci (Secretaria Geral), Franklin Martins (Comunicação Social) e Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional).

Nesse meio-tempo, serão concluídos os projetos da reforma e lançada a licitação para contratação da empresa que fará a obra.

— Um dia desses eu fui dar uma entrevista coletiva, fui participar de um ato lá
no 2oandar, e depois resolvi ir ao banheiro.

Quando eu peguei o corredor para ir ao banheiro, eu não acreditava que o Palácio do Planalto pudesse estar na situação em que estava: o carpete, parece que tinham passado umas 80 carretas de petróleo em cima. Por anos e anos, anos e anos, o tempo todo caindo café, caindo sujeira, limpando, e chega uma hora que não tem mais jeito — afirmou Lula.

Uma investigação sobre a hipocrisia


Foto: Tarso Genro... explicando ... explicando ... explicando

Comentário sobre a notícia:

Entendo, e sinto, a revolta de Ana Maria Tahan. Jornalista tarimbada, acostumada a presenciar fatos inacreditáveis, ao escrever o seu artigo 'uma investigação sobre a hipocrisia', ela não conseguiu segurar dentro de sí a revolta que invade todas as pessoas que lutam pela dignidade humana.

Essa história da PF só investigar quem vazou o dossiê é a coisa mais surrealista e estúpida que foi inventada no atual governo.

Imaginem um delegado dando ordens para que os policiais só façam a investigaçao para saber quem foi o autor do tiro que matou alguém. O resto não poderá ser investigado. O porque, quem mandou, de onde veio a arma, se foi legitima defesa, nada disso será do interesse da policia.

A coisa é diferente? Não é não, Tarso Genro.

O principio da coisa é o mesmo. Investigação policial pela metade, não existe nem na China. Só mesmo na cabeça dos petistas agregados no Palácio do Planalto.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)


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JORNAL DO BRASIL - 08 de abril de 2008

Uma investigação sobre a hipocrisia

Ana Maria Tahan


Não há como fugir do tema. Por mais que se tente virar a página, trocar de canal, ligar o MP4, mudar de tela, rodar o dial, o assunto salta, domina, enraivece, indigna. Pior, não se mantém por obra e graça de uma oposição que, como já anotamos neste espaço, está mais para elenco de segunda do que protagonista. Mas fica martelando porque o ator principal, de tanto viver a mentira, não sabe mais interpretar a verdade. É claro, fala-se aqui dos supostos dados sobre gastos com contas tipo B na gestão do ex-presidente Fernando Henrique "vazados" pela Casa Civil da Presidência da República. E analisa-se a "interpretação" da chefe do setor, a ministra Dilma Rousseff.

Depois de negar a existência do dossiê revelado pela revista Veja, de rebatizá-lo de banco de dados, de reforçar a posição de sua principal assessora, Erenice Guerra – que teria mandado levantar as informações no arquivo morto da Casa Civil e ontem foi nomeada para o conselho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com direito a verba adicional por participação – de acusar a Folha de S.Paulo de montagem, a ministra, afinal, "permitiu" que o colega Tarso Genro, da Justiça, acionasse a Polícia Federal.

Com uma condição, porque general que se preza, mesmo que vista saias de vez em quando, não se entrega sem luta: a PF deve limitar-se a investigar quem vazou os dispêndios "sigilosos" de FH e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso entre 1999 e 2002, o período do segundo mandato tucano.

Quem mandou organizar o "suposto" dossiê, quem escolheu os dados a serem apurados, quem levantou as informações? Bem, isso não será objeto de preocupação dos agentes federais.

A quem será delegada a tarefa de apurar por que e para que foram selecionadas despesas específicas (com carros alugados, vinhos e bebidas em geral, com a cozinheira do Planalto) e não os gastos totais da Presidência e ministérios no período?
Aos subordinados da "mãe do Programa de Aceleração do Crescimento" e queridinha do presidente Lula? Algum funcionário palaciano, daqueles com cinco estrelas petistas, está disposto a assumir a culpa para reduzir o tempo de exposição em praça pública da pretensa candidata do partido à sucessão presidencial de 2010?

Ora, ora, ora, vive-se uma história de perguntas e aspas truncadas, mal colocadas, resultado de frases dúbias, inconclusas, algumas propositalmente indecifráveis. O governo do presidente que veio para reescrever a História do Brasil acionou a Polícia Federal, paga com o dinheiro público, apenas para descobrir a parte do crime que interessa ao Planalto: a violação de sigilo funcional, incluído no artigo 325 do Código Penal. O texto é claro. Prevê detenção variável de seis meses a dois anos, ou multa, se o caso não constitui crime mais greve, "revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação". Tal crime atinge também quem apenas facilita a revelação e, se existe dano à Administração Pública ou a outrem (como FH e Ruth Cardoso), a pena de reclusão pode chegar a seis anos, além de multa.

Se quem tornou públicos dados sigilosos é criminoso, também o é quem facilitou a revelação. No caso, quem mandou apurar parcialmente e com objetivo claramente político os gastos do governo anterior. Ao contrário do que andou falando a ministra Dilma, a relação não foi montada a pedido do Tribunal de Contas da União, nem para antecipar-se à solicitação da CPI dos Cartões Corporativos. Saiu do subsolo do Planalto única e exclusivamente para fomentar a réplica da administração Lula, encurralada por tapioca, carros com motoristas e reforma de mesas de sinuca pagas com cartões corporativos. Surgiu mais ou menos com a função de nivelar os deslizes. Tipo "está bom, exorbitei, mas eles também".

Para não perder o foco, e não se submeter aos interesses palacianos, vale ressaltar que quem facilitou a revelação, ao ordenar o levantamento parcial dos gastos das contas tipo B da era FH (os cartões só passaram a existir em 2002), também terá de ser descoberto pelas investigações da PF. É tão criminoso quanto quem vazou. E o Ministério Público não vai indicar promotor para acompanhar os federais? Isso é de praxe.

Outra coisa mais. Não vale pressionar jornalista a revelar quem passou as informações. A lei assegura o anonimato da fonte, mesmo que o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, jornalista de quatro costados, se tenha esquecido disso temporariamente.

E, por derradeiro, mas não por último, está na hora de se conhecerem os gastos de Lula e Marisa Letícia com os cartões. O dossiê FH-Ruth pelo menos serviu para mostrar que a divulgação das despesas do primeiro-casal em nada abalou a segurança nacional.

[ 08/04/2008 ]

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A um passo do Terceiro Mandato


VIDEO: o jose alencar tambem quer o terceiro mandato ... pergunte ao povo

Comentário sobre a Noticia:

Dilma Rousseff está à beira do abismo.

Zé Dirceu e Palocci foram esmagados pelos escândalos em que se envolveram. Todos são ex-futuros candidatos do PT á Presidência da República. Os tres são, porque foram, logo, já eram.

Lula deve estar soltando fumacinha de tanto pensar. Tres. Número tres. Tres, lembra terceiro mandato.

Lula deve estar pensando:

'O Zé Alencar disse que já está cansado de disputar eleições. 70 % do povo me apoia. Se me apoia é porque me querem. Se me querem, é porque gostam de mim. Se gostam de mim é porque estou fazendo um ótimo governo. Logo, a grande verdade é que se estou governando bem, mereço continuar, porque como dizem por aí, em time que está ganhando não se mexe'.

Tenho quase certeza absoluta que o Lula está pendurado na aresta vertiginosa desse seu relatório mental.

Muitos não conseguiram perceber ainda que o forte do Lula é que ele consegue vender para si mesmo qualquer idéia que ele rotule como de interesse popular, mas que ao mesmo tempo seja extremamente vantajosa para ele.

Sem dúvida nenhuma dentro de pouquíssimo tempo, o item número um da pauta politica brasileira será o plebiscito ou uma "PEC" no Congresso Nacional que permita o terceiro mandato do Lula.

E não adianta o Lula dizer que se os companheiros petistas continuarem insistindo no assunto ela vai brigar com o PT, porque ninguém vai acreditar.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)



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Jornal do Brasil de 07 de abril de 2008

Brecha para o terceiro mandato

Amigo do presidente, Devanir insiste em projeto

O deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) também deve atrair os olhares de parlamentares nesta semana. Animado pelos altos índices de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelas declarações da semana passada do vice José de Alencar, o petista promete apresentar nos próximos dias projeto que abre brecha para o terceiro mandato de Lula.

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domingo, 6 de abril de 2008

É PARA ISTO QUE SERVE O SENADO FEDERAL ...

Jornal do Brasil Domingo, 6 de abril de 2008

Leandro Mazzini

INFORME JB:

Collor começa a sua campanha para 2010


Dois andares separam os gabinetes dos senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL), mas, para quem já caminha junto num projeto eleitoral, não há desejo que sucumba aos degraus que levam ao poder. A dupla articula a sucessão do governador de Alagoas, Teotônio Vilella (PSDB). Renan decidiu tirar o PMDB da gestão de Teo. Acredita no projeto do ex-presidente da República, de quem foi líder do governo na Câmara: Collor vai ajudar Renan a se reeleger senador em 2010, mesmo ano em que o peemedebista apoiará Collor para o governo de Alagoas – que já administrou (1987-89).

É tão evidente o plano de Collor que manobras explícitas denunciam estratégia familiar. Collor cedeu três meses de seu mandato para o primo suplente Euclydes Mello sentir o prazer de pisar no Senado (gostou tanto que não sai mais). A visibilidade reforçará a campanha de Euclides para prefeito da pequena Marechal Deodoro (AL). Agora, Collor decidiu ajudar outra prima, Ada Mello, segunda suplente. O senador vai tirar nova licença, de quatro meses, no segundo semestre. É a primeira vez que um senador dá lugar a dois suplentes em tão pouco tempo. As férias vão render. Collor coordenará as campanhas dos candidatos do PTB no seu reduto.

Comentário sobre esta notícia :


Pronunciamento do Senador Fernando Collor de Mello em 15 de março de 2006

O informe JB nos conta que Fernando Collor vem aí em 2010. Se a sua memória é curta, vale a pena lembrar que o mesmo foi demitido do cargo de presidente em 1992. Retornando a política, foi eleito senador em 2006. No dia 15 de Março de 2007, o marajá das Alagoas fez um pronunciamento de tres horas, para comemorar a sua volta.

Collor usou a tribuna do Senado Federal, estranhamente lotado, para se "defender" da ação de "impeachment" que o afastou do cargo, aprovada pelos membros do Congresso Nacional, que ouviram de cabeça baixa as acusações do orador de que tudo foi uma grande armação.

Uma história absurda digna de ser levada ao cinema pelo diretor Pedro Almodovar.

O revoltante daquele evento foi o monumental silêncio dos senadores durante todo o seu pronunciamento. Nenhum senador foi contra o ex-morador da Casa da Dinda.

Silêncio total. Nenhum protesto.

Collor disse simplesmente que todo o Brasil estava errado e ele foi o único certo em toda aquela história.

Tudo não passou de uma rixa pessoal entre ele e Ibsen Pinheiro.

Nada mais.

Depois do discurso, Collor foi fazer uma visita ao homem que comandou a luta a favor do seu "impeachment" e hoje é Presidente da República.

Foi ao Palácio do Planalto abraçar o Lula, e dizer que não tinha cicatrizes em seu coração, e bater um papo sobre amenidades durante duas horas.

Nos telejornais e nos jornais apenas a descrição do discurso.

Aqui, e alí, algumas opiniões que pareciam sair da cabeça de extraterrestres perdidos no espaço e no tempo.

O luto que cobriu o período Collor foi apenas um rio de lama passageiro que a nossa memória já esqueceu.

Como sempre, nada parecia ter acontecido no Brasil em 1992. Esqueçamos o ocorrido, era a palavra de ordem. Muitos senadores chamam o atual senador Fernando Collor de "Presidente". Alguns vão além, e falam "Meu presidente".

Positivamente, temos que aceitar como verdade uma frase que está na entrada de uma Casa de Saúde Psiquiátrica aqui em Nova Friburgo: "Fora da loucura não há salvação".

Todos podem estar certos que Collor será candidato a presidência em 2010, e, sem dúvida nenhuma, com forte chance de ser eleito pela segunda vez.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

VERSÃO ROCAMBOLESCA SOBRE O DOSSIÊ DAS DESPESAS


Diante das planilhas digitais que a FSP exibiu em suas páginas, a ministra Dilma Rousseff convocou uma entrevista coletiva no fim da tarde do dia 04 de abril de 2008. Nervosa e confusa, ela não acrescentou nada de útil ao escândalo.

Comentário sobre a notícia:

No gabinete da Casa Civil do presidente Lula surgem as histórias mais incríveis da República. Num belo dia, alguém soprou para outro alguém, que deveria ser fuçado o que alguém do governo passado andou gastando com os cartões corporativos da presidência.

Escolheram um, ou uma, especialista em bisbilhotagem, para pinçar com bastante agudeza os detalhes mais chamativos de toda a gastança que começou em 1998. Na primeira versão pública dessa historia, a Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que tudo era pura invenção da oposição.

Logo depois, ela afirmava existir um inocente e burocrático banco de dados. Dias depois este banco de dados pariu um dossiê.

Como a ministra já é a mãe do PAC, teria que ser arranjada uma mãe para o dossiê. A Secretária-Executiva Erenice Alves Guerra foi a escolhida. Surgiu também na história o nome da Chefe de Gabinete da Secretaria-Executiva, Maria de La Soledad Bajo Castrillo.

Com todo este ambiente maternal, a historia foi parar no ninho da Revista Veja. Logo depois surgiu o nome do suposto divulgador e distribuidor da história, o senador do PSDB, Alvaro Dias.

A princípio ninguém entendeu nada.

Alguém lembrou que o senador já havia entrado em atrito com FHC em 2001. Seria uma dessas vinganças tardias? O senador confirmou que o dossiê esteve mesmo em suas mãos, mas não fora confeccionado por ele.

Alvaro Dias fez um magistral gol contra, e a base governista empatou o jogo. Era o gás que faltava para um time que já estava ficando sem folego.

Semana que vem a CPI dos cartões corporativos vai ser encerrada por falta de motivos para a sua existência.

E não se fala mais nessa história.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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ISTOÉ - Edição 2005 - 09 DE ABRIL/2008

Confusões do Dossiê


Em meio ao duelo entre governo e oposição, a senadora Marisa Serrano ameaça enterrar a CPI dos cartões e os contribuintes ficarão sem saber como e quanto, afinal, gastam os presidentes ... [Leia mais clicando aqui...]

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O Globo ediçao do dia 04.04.2008.

Versão rocambolesca

Merval Pereira


Não há dúvida de que o presidente Lula já conseguiu uma proeza que era impensável: uniu os governistas, principalmente os petistas, na defesa da chefe do Gabinete Civil, Dilma Rousseff. A tal ponto que um comentário jocoso do senador Mão Santa, entre muitos que já fez no Senado, transformou-se em um escândalo para a bancada feminina petista. E mais um dossiê apócrifo contra os adversários, desta vez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, transformou-se em uma trama rocambolesca, aquela em que acontecem muitas peripécias, muitas idas e vindas e aventuras inverossímeis. O adjetivo tem origem no personagem Rocambole, criado em 1857 pelo escritor francês Ponson du Terrail, um precursor da moderna literatura de mistério e aventuras.

Pois são rocambolescas a história desse dossiê e as versões sobre ele, que vão desde a do “fogo amigo” até a de que ele foi produzido por um tucano infiltrado na Casa Civil, sempre para comprometer a eventual candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República.

O dossiê denunciado pela revista “Veja” há 15 dias foi tratado pelo governo primeiro como uma mentira, a ponto de a própria ministra Dilma Rousseff ter pegado o telefone para garantir a dona Ruth Cardoso que ele não existia, transformou-se em um mero “banco de dados” e acabou, na nova versão oficiosa, sendo um dossiê montado por espião tucano.

O governo estava num córner político diante do fato de que foi montado dentro do Palácio do Planalto um dossiê com dados sigilosos sobre um ex-presidente, e surge a informação de que o senador Álvaro Dias tinha conhecimento dele antes de ser publicado, e teria sido o autor do vazamento da informação.Foi o bastante para que a versão de que um espião tucano montara o dossiê prosperasse.

A nova versão rocambolesca não resiste a uma análise primária: se há um tucano infiltrado na equipe da ministra Dilma com acesso a dados sigilosos, por que não pegaria então dados dos gastos do presidente Lula e de sua família?

Ao contrário, pela versão oficiosa, o espião tucano preferiu uma manobra mais sofisticada, montando um dossiê contra seus próprios correligionários para culpar o governo. Digno de nosso herói Rocambole.

A discussão teve sua finalidade distorcida, e passou a ser, então, sobre quem entregou ao senador Álvaro Dias o tal dossiê, como se um senador da República fosse obrigado a revelar suas fontes. E não sobre o que importa mesmo, ou seja, quem fez e por que fez o dossiê com dados dos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O empenho dos governistas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre os cartões corporativos em não deixar que seja convocado um simples ecônomo do Palácio do Planalto, que gastou sem explicações mais de R$ 700 mil, é revelador de um temor que por si só justifica as investigações.

Como disse ontem o senador Pedro Simon, um símbolo de político ético, “não fica bem” para os políticos o que está acontecendo nas CPIs, especialmente o uso da maioria governista para impedir qualquer investigação, tanto nos cartões corporativos quanto nas ONGs.

'Para que serve o Senado Federal ?'


Ratos senadores - A banda

Comentário sobre a pergunta do título:

E continua viva, mais do que nunca, a pergunta que não quer calar:

'Para que serve o Senado Federal ?'

Os senadores ganham muito bem, possuem imunidades parlamentares que lhes proporcionam livre trânsito para fazer o que bem entendem, trabalham no máximo tres dias por semana, quando resolvem ir ao local de trabalho, enfim, estão acima da ordem jurídica e trabalhista do país.

Quem nos últimos dias teve o desprazer de assistir a TV Senado, pode constatar a inutilidade absoluta daquela instituição. As reuniões da tal CPI dos cartões corporativos, por ser mixta, também é composta por deputados, são mais esculhambadas do que as reunióes no boteco da esquina.

È verdade que nas cachaçadas populares sempre se chega à uma conclusão ao final da bebedeira. Mas não é por causa disto que o Lula não deixa a ministra Dilma Rousseff comparcer naquele recinto, mesmo porque, o Lula se forjou politicamente em reuniões sindicais iguais, ou piores do que aquelas.

Ele sabe muito bem que política no Brasil é aquilo mesmo, seja no Palácio da Alvorada, seja no Congresso Nacional.

Ele não quer deixar a ministra comparecer à CPI dos cartões para que esta atitude sirva de exemplo, e fique bem claro ao povo de quem está mandando no Brasil.

Sendo assim, só comparecem as CPIs as pessoas que ele ache que devam dar às caras por lá. O objetivo principal do Lula é mostrar ao grande público a inutilidade do parlamento brasileiro.

Seguindo este seu maquiavelismo rasteiro, todos irão chegar a uma conclusão óbvia: se uma coisa que custa caro, é inútil, vamos acabar com ela.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

O PREFEITO VIRTUAL, SUMIU ... FOI REZAR !


O prefeito não anunciou nenhuma medida de prevenção ou combate a dengue, mas disse que rezou ao Senhor do Bonfim.

Publicado no JORNAL DO BRASIL, Quinta-feira, 3 de abril de 2008

Comentário sobre a notícia:

Afinal de contas, o que está acontecendo com o prefeito Cesar Maia? Brincadeiras à parte, tais como chama-lo de "prefeito virtual", acho que algo de muito estranho está se passando com o dito cujo.

Não sou médico, mas a sua aparência não está nada boa. Assim como retornou, sumiu. Na época, ele falou que como era muito conhecido, não precisava mais dar às caras em lugar público nenhum. Seria uma ótima notícia para muitos se não estivesse exercendo cargo público nenhum.

Esteja onde estiver o misterioso alcaide, gostaria de saber do mesmo, por e-mail, é lógico, se ele ainda compartilha da idéia de que não existe epidemia de dengue no município.

A cidade do Rio de Janeiro vai se tornando famosa por causar depressões em seus prefeitos.

Lembram-se do Saturnino Braga ? Um belo dia dia sumiu da Prefeitura, dizendo que o município do Rio de Janeiro estava falido. Entrou em depressão profunda.

A boa notícia para o Cesar Maia é que o Saturnino Braga, atualmente, é senador pelo Rio de Janeiro.

Depois da eleição do Janio Quadros para a prefeitura de São Paulo, passei a acreditar firmemente, que uma das condições "sine qua non' para o cara ser eleito prefeito de uma grande cidade é não ser muito bom da cabeça.



WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O GLOBO - Ediçao do dia 28.03.2008

O sobrenatural como recurso

Reza forte nem sempre ajuda Cesar


Buscar a ajuda de santos e médiuns tem sido um recurso do qual o prefeito Cesar Maia sempre lança mão na hora do aperto. O problema é que nem sempre a mandinga dá certo. No último réveillon, o prefeito também viajou para a Bahia porque um anjo teria dito a Cesar que ele não deveria mais passar a virada do ano por aqui até 2010. Mas, mesmo com Cesar longe e reza forte, a chegada de 2008 foi marcada pelas balas perdidas: seis pessoas foram atingidas por tiros disparados para o alto em Copacabana. Isso depois de o fogueteiro contratado iniciar a queima antesda meia-noite porque não lhe forneceram um cronômetro.

Para pagar promessa em ano eleitoral, Cesar Maia também deixou de ir a alguns desfiles da Marquês de Sapucaí.

A prefeitura também é uma das principais clientes da Fundação Cacique Cobra Coral, cuja médium Adelaide Scritori, afirma ser capaz de controlar o tempo.
Numa das intervenções, ela foi acionada, em 2007, para provocar uma estiagem que
garantisse a conclusão das obras do Pan a tempo. Anteontem, o convênio com a
prefeitura, que segundo assessores de Adelaide havia expirado em outubro passado, foi renovado. Pode ter sido coincidência ou a culpa de uma frente fria, mas, sem a cobertura legal da entidade, choveu muito durante os desfiles, em fevereiro.

BANCO DE DADOS OU DOSSIÊ ?


CHARGE: CARTÕES CORPORATIVOS

Comentário sobre a notícia:

Os atuais governistas ainda não aprenderam que logo após surgir a denúncia de algum ato ilícito, a investigação, e conclusão do mesmo, não pode demorar mais de 24 h, e alguém deve ser "exemplarmente" demitido.

José Dirceu, negou tudo, e não demitiu. Foi demitido. Palocci, negou tudo, e não demitiu. Foi demitido. Dilma, está negando tudo. Lula diz que a chance dele demitir a sua dama de ferro é zero.

Você acredita no Lula? Tenho certeza que a Dilma está de orelha em pé.

A secretária-executiva da ministra, Erenice Guerra, já confessou que montou o tal Banco de Dados. Por conta própria, ou a mando de alguém, ela mergulhou fundo no passado do cartão corporativo, indo até o seu início em 1998.

Enquanto isso, a ministra afirma que apenas deu ordem para criar um banco de dados, mas não tinha a menor intenção no vazamento da divulgação das compras feitas no governo de FHC, como aquisição de 144 lixas de unha, 30 toucas de banho, 24 sabonetes infantis, bacalhau e vinhos finos, aluguel de carros e o valor do salário da ex-chef da cozinha do Palácio da Alvorada, Roberta Sudbrack.

A ministra deve ter receios muito fortes para não ter demitido a sua secretária. Dilma Rousseff não faz o gênero da pessoa que trocaria uma candidatura à presidência por uma amizade.

Enquanto tudo isso acontece, os gastos da familia Silva são mais segredos de Estado do que nunca.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O GLOBO Edição dia 01.04.2008

Levantamento começou em 2007. TCU se queixou da falta de lei para definir o que seria gasto público ou privado

Desde o ano passado a Casa Civil vasculha as contas do segundo mandato do governo Fernando Henrique (1999 a 2002). Mas o processo de organização dos arquivos começou bem antes — durante a CPI dos Correios, em 2005.

Na manhã de 31 de agosto daquele ano, fiscais do Tribunal de Contas da União se surpreenderam com funcionários da Casa Civil debulhando contas presidenciais. A equipe trabalhava “em regime de ‘mutirão’, inclusive durante finais de semana, segundo os gestores” — relataram ao tribunal — para “alimentação retroativa do sistema”.

Dias depois da chegada dos auditores, a ministra Dilma Rousseff mandou sua secretáriaexecutiva ao TCU. Erenice Alves Guerra protocolou um pedido de “tratamento sigiloso às despesas com as peculiaridades da Presidência”.

A Casa Civil argumentava que tais informações são “direta ou indiretamente imprescindíveis a planos e operações de segurança”.

E reforçou o pedido com uma “nota jurídica” do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência. Nela se lia: “Vale destacar que nem sequer valores nominais globais discriminados por natureza da despesa devem ser divulgados (...) Tal dado, por sua significação estratégica, não pode ser levado ao conhecimento público.” O TCU aceitou o sigilo parcial — e no relatório final queixou-se da falta de legislação sobre aquilo que seriam gastos públicos e privados do presidente.

Os auditores permaneceram por dez semanas nos arquivos da Casa Civil. Saíram no dia 11 de novembro de 2005 e reportaram ao tribunal: “Quando da execução da auditoria, o Suprim (sistema informatizado de dados sobre gastos) já contemplava lançamentos com o Cartão de Pagamento de janeiro a julho de 2005, além de todo o exercício de 2004. Relativamente a 2003, os processos estavam sendo desmembrados.”

Em 2006, houve nova auditoria e outro pedido de sigilo.No ano passado, a Casa Civil resolveu ampliar o levantamento sobre o governo Fernando Henrique. No fim de janeiro deste ano, a Secretaria de Comunicação anunciou um levantamento retroativo. A chefe da Casa Civil confirmou a pesquisa, em reunião com industriais paulistas. Já estava em andamento. No mês seguinte, o dossiê foi divulgado pela revista “Veja”.

A diligência demonstrada nos últimos 33 meses para manter sob segredo os gastos da família do atual presidente foi inversamente proporcional ao zelo com os dados das despesas do antecessor. (José Casado)