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sexta-feira, 4 de abril de 2008

VERSÃO ROCAMBOLESCA SOBRE O DOSSIÊ DAS DESPESAS


Diante das planilhas digitais que a FSP exibiu em suas páginas, a ministra Dilma Rousseff convocou uma entrevista coletiva no fim da tarde do dia 04 de abril de 2008. Nervosa e confusa, ela não acrescentou nada de útil ao escândalo.

Comentário sobre a notícia:

No gabinete da Casa Civil do presidente Lula surgem as histórias mais incríveis da República. Num belo dia, alguém soprou para outro alguém, que deveria ser fuçado o que alguém do governo passado andou gastando com os cartões corporativos da presidência.

Escolheram um, ou uma, especialista em bisbilhotagem, para pinçar com bastante agudeza os detalhes mais chamativos de toda a gastança que começou em 1998. Na primeira versão pública dessa historia, a Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que tudo era pura invenção da oposição.

Logo depois, ela afirmava existir um inocente e burocrático banco de dados. Dias depois este banco de dados pariu um dossiê.

Como a ministra já é a mãe do PAC, teria que ser arranjada uma mãe para o dossiê. A Secretária-Executiva Erenice Alves Guerra foi a escolhida. Surgiu também na história o nome da Chefe de Gabinete da Secretaria-Executiva, Maria de La Soledad Bajo Castrillo.

Com todo este ambiente maternal, a historia foi parar no ninho da Revista Veja. Logo depois surgiu o nome do suposto divulgador e distribuidor da história, o senador do PSDB, Alvaro Dias.

A princípio ninguém entendeu nada.

Alguém lembrou que o senador já havia entrado em atrito com FHC em 2001. Seria uma dessas vinganças tardias? O senador confirmou que o dossiê esteve mesmo em suas mãos, mas não fora confeccionado por ele.

Alvaro Dias fez um magistral gol contra, e a base governista empatou o jogo. Era o gás que faltava para um time que já estava ficando sem folego.

Semana que vem a CPI dos cartões corporativos vai ser encerrada por falta de motivos para a sua existência.

E não se fala mais nessa história.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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ISTOÉ - Edição 2005 - 09 DE ABRIL/2008

Confusões do Dossiê


Em meio ao duelo entre governo e oposição, a senadora Marisa Serrano ameaça enterrar a CPI dos cartões e os contribuintes ficarão sem saber como e quanto, afinal, gastam os presidentes ... [Leia mais clicando aqui...]

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O Globo ediçao do dia 04.04.2008.

Versão rocambolesca

Merval Pereira


Não há dúvida de que o presidente Lula já conseguiu uma proeza que era impensável: uniu os governistas, principalmente os petistas, na defesa da chefe do Gabinete Civil, Dilma Rousseff. A tal ponto que um comentário jocoso do senador Mão Santa, entre muitos que já fez no Senado, transformou-se em um escândalo para a bancada feminina petista. E mais um dossiê apócrifo contra os adversários, desta vez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, transformou-se em uma trama rocambolesca, aquela em que acontecem muitas peripécias, muitas idas e vindas e aventuras inverossímeis. O adjetivo tem origem no personagem Rocambole, criado em 1857 pelo escritor francês Ponson du Terrail, um precursor da moderna literatura de mistério e aventuras.

Pois são rocambolescas a história desse dossiê e as versões sobre ele, que vão desde a do “fogo amigo” até a de que ele foi produzido por um tucano infiltrado na Casa Civil, sempre para comprometer a eventual candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República.

O dossiê denunciado pela revista “Veja” há 15 dias foi tratado pelo governo primeiro como uma mentira, a ponto de a própria ministra Dilma Rousseff ter pegado o telefone para garantir a dona Ruth Cardoso que ele não existia, transformou-se em um mero “banco de dados” e acabou, na nova versão oficiosa, sendo um dossiê montado por espião tucano.

O governo estava num córner político diante do fato de que foi montado dentro do Palácio do Planalto um dossiê com dados sigilosos sobre um ex-presidente, e surge a informação de que o senador Álvaro Dias tinha conhecimento dele antes de ser publicado, e teria sido o autor do vazamento da informação.Foi o bastante para que a versão de que um espião tucano montara o dossiê prosperasse.

A nova versão rocambolesca não resiste a uma análise primária: se há um tucano infiltrado na equipe da ministra Dilma com acesso a dados sigilosos, por que não pegaria então dados dos gastos do presidente Lula e de sua família?

Ao contrário, pela versão oficiosa, o espião tucano preferiu uma manobra mais sofisticada, montando um dossiê contra seus próprios correligionários para culpar o governo. Digno de nosso herói Rocambole.

A discussão teve sua finalidade distorcida, e passou a ser, então, sobre quem entregou ao senador Álvaro Dias o tal dossiê, como se um senador da República fosse obrigado a revelar suas fontes. E não sobre o que importa mesmo, ou seja, quem fez e por que fez o dossiê com dados dos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O empenho dos governistas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre os cartões corporativos em não deixar que seja convocado um simples ecônomo do Palácio do Planalto, que gastou sem explicações mais de R$ 700 mil, é revelador de um temor que por si só justifica as investigações.

Como disse ontem o senador Pedro Simon, um símbolo de político ético, “não fica bem” para os políticos o que está acontecendo nas CPIs, especialmente o uso da maioria governista para impedir qualquer investigação, tanto nos cartões corporativos quanto nas ONGs.

2 Comentários:

  • Desde a absurda compra do aerolula, todos nós ficamos conhecendo os deslumbramentos de Lula. Colocar no ventilador as despesas do presidente nos cartões corporativos, certamente comprovará de modo insofismável o quanto ele tem saboreado na sua função.

    Por Blogger Geraldo Siffert Junior, às 5 de abril de 2008 às 17:27  

  • Wilson G. Parker, sempre focaliza muito bem essas podridões dos nossos políticos, que já estão a poluir o Brasil com suas desculpas estapafúrdias. Sobre o "Dossiê das Despesas" A Ministra Dilma levanta hipóteses de invasão de computadores. Nossa não! Parece que temos agora um filme de espionagem.
    Se eu não apreciasse tanto o autor Wilson, eu nem estaria aqui falando desses mentirosos políticos. Mas em consideração ao talento e criatividade do autor Wilson, parabenizo o comentário dele. Abraços, Alcina M.S.Azevedo

    Por Blogger alcinamarias, às 5 de abril de 2008 às 18:39  

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