ESTUDANTES DECIDIRAM MANTER A OCUPAÇÃO DO PRÉDIO DA REITORIA ATÉ QUE O VICE-REITOR TAMBÉM SE AFASTE
Foto: A LIXEIRA DE MIL REAIS, O Reitor da UnB, Timothy Mulholland, e o vice-Reitor, Edgar Mamiya
Publicado no O ESTADO DE S.PAULO, 12 de Abril de 2008
Comentário sobre a notícia:
Essa história dos reitores da Universidade de Brasília tem o mesmo enredo das roubalheiras praticadas pelos corruptos do Congresso Nacional e do executivo. Não existe diferença nenhuma. O substituto do ladrão é tão ladrão quanto o que está exercendo o mandato ou cargo. Todo mundo rouba. Não escapa ninguém.
Se esta é a realidade que todos conhecem, deveríamos ser objetivos, criando novos valores morais a serem adotados por toda a sociedade.
A impunidade é total. As leis para os ladrões de colarinho branco são ambíguas, prendem de manhã, e soltam a noite. Os parlamentares que roubam tem imunidade para faze-lo. Os que roubam muito, e não estão no parlamento, se candidatam, são eleitos, e passam a ter imunidade.
Nesse rodízio da corrupção, o povo descobriu que a honestidade não acrescenta nada em suas vidas, e percebeu que a única diferença que existe é que alguns roubam mais que os outros.
O povo não é bobo.
Portanto, para que o Brasil não dê um nó neste engarrafamento de corruptos, vamos passar a julgar os nossos governantes, e legisladores, pelo grau de corrupção que possuem. Diante disso, vamos procurar votar em quem rouba menos.
Wilson Gordon Parker
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo - RJ
*
O Globo EDIÇÃO DO DIA 12.04.2008
UnB: decano acusado de improbidade também se afasta
Alunos e parte dos professores propõem ao Conselho da universidade afastamento definitivo do reitor e de seu vice
Carolina Brígido
BRASÍLIA. Depois de quatro horas reunido a portas fechadas, o Conselho da Universidade de Brasília (UnB) não conseguiu chegar a uma solução para o fim da crise provocada pela ocupação da reitoria por alunos, que se estende há dez dias. A única deliberação aprovada por maioria foi adiar a assembléia para a próxima quarta-feira.
No início da tarde, o decano de Administração, Érico Weldle, pediu licença do cargo por 60 dias — a exemplo do reitor, Timothy Mulholland, que tomara a mesma atitude no dia anterior.
Ambos são investigados em uma ação de improbidade administrativa por desvio de recursos para mobiliar o apartamento funcional do reitor.
Na assembléia, estudantes e parte dos professores propuseram que o conselho vote o afastamento definitivo de Mulholland, de seu vice, Edgar Mamiya, e dos demais integrantes da cúpula administrativa da UnB. Mamiya, que estava presente, disse que não cogita deixar o cargo.
Ele argumentou que, se renunciar, a universidade ficará sem liderança e, por isso, poderá paralisar suas atividades: — Não pretendo me licenciar.Essa opção não pode ser colocada sobre mim. (Se eu renunciar) aí sim terá uma crise prática. Nenhum contrato poderá ser assinado.Mamiya ainda lembrou que o conselho não tem poderes para destituir dirigentes. A assembléia ficou dividida, e o próprio vice-reitor propôs uma nova tentativa de acordo na próxima semana.
Vice-reitor não consegue fugir de protestos Para a estudante de Ciências Sociais Luiza Oliveira, uma das líderes do movimento, a proposta de Mamiya para adiar reunião foi por medo de não conseguir maioria numa eventual votação sobre seu afastamento: — Foi manobra política. Ele sabia que o descontentamento dos professores era grande.
Embora a reunião tenha ocorrido em sala fechada, um grupo de estudantes acompanhou a discussão de frente a uma janela por onde o som vazava. Mamiya adiou sua saída da sala quase uma hora, mas não conseguiu evitar os protestos. Na confusão, um fotógrafo foi agredido pelos seguranças na UnB.
Ontem os protestos dos estudantes continuaram. Eles afirmam que só desocuparão a reitoria quando o Mulholland, o vice e os decanos deixarem os cargos. Pelo campus, ouviase batuque, palavras de ordem e manifestações de bom humor.
De manhã, um grupo invadiu salas de aula na tentativa de obter adesões à
paralisação.
O não-comparecimento às aulas de ontem tinha sido aprovado em assembléia.
Publicado no O ESTADO DE S.PAULO, 12 de Abril de 2008
Comentário sobre a notícia:
Essa história dos reitores da Universidade de Brasília tem o mesmo enredo das roubalheiras praticadas pelos corruptos do Congresso Nacional e do executivo. Não existe diferença nenhuma. O substituto do ladrão é tão ladrão quanto o que está exercendo o mandato ou cargo. Todo mundo rouba. Não escapa ninguém.
Se esta é a realidade que todos conhecem, deveríamos ser objetivos, criando novos valores morais a serem adotados por toda a sociedade.
A impunidade é total. As leis para os ladrões de colarinho branco são ambíguas, prendem de manhã, e soltam a noite. Os parlamentares que roubam tem imunidade para faze-lo. Os que roubam muito, e não estão no parlamento, se candidatam, são eleitos, e passam a ter imunidade.
Nesse rodízio da corrupção, o povo descobriu que a honestidade não acrescenta nada em suas vidas, e percebeu que a única diferença que existe é que alguns roubam mais que os outros.
O povo não é bobo.
Portanto, para que o Brasil não dê um nó neste engarrafamento de corruptos, vamos passar a julgar os nossos governantes, e legisladores, pelo grau de corrupção que possuem. Diante disso, vamos procurar votar em quem rouba menos.
Wilson Gordon Parker
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo - RJ
*
O Globo EDIÇÃO DO DIA 12.04.2008
UnB: decano acusado de improbidade também se afasta
Alunos e parte dos professores propõem ao Conselho da universidade afastamento definitivo do reitor e de seu vice
Carolina Brígido
BRASÍLIA. Depois de quatro horas reunido a portas fechadas, o Conselho da Universidade de Brasília (UnB) não conseguiu chegar a uma solução para o fim da crise provocada pela ocupação da reitoria por alunos, que se estende há dez dias. A única deliberação aprovada por maioria foi adiar a assembléia para a próxima quarta-feira.
No início da tarde, o decano de Administração, Érico Weldle, pediu licença do cargo por 60 dias — a exemplo do reitor, Timothy Mulholland, que tomara a mesma atitude no dia anterior.
Ambos são investigados em uma ação de improbidade administrativa por desvio de recursos para mobiliar o apartamento funcional do reitor.
Na assembléia, estudantes e parte dos professores propuseram que o conselho vote o afastamento definitivo de Mulholland, de seu vice, Edgar Mamiya, e dos demais integrantes da cúpula administrativa da UnB. Mamiya, que estava presente, disse que não cogita deixar o cargo.
Ele argumentou que, se renunciar, a universidade ficará sem liderança e, por isso, poderá paralisar suas atividades: — Não pretendo me licenciar.Essa opção não pode ser colocada sobre mim. (Se eu renunciar) aí sim terá uma crise prática. Nenhum contrato poderá ser assinado.Mamiya ainda lembrou que o conselho não tem poderes para destituir dirigentes. A assembléia ficou dividida, e o próprio vice-reitor propôs uma nova tentativa de acordo na próxima semana.
Vice-reitor não consegue fugir de protestos Para a estudante de Ciências Sociais Luiza Oliveira, uma das líderes do movimento, a proposta de Mamiya para adiar reunião foi por medo de não conseguir maioria numa eventual votação sobre seu afastamento: — Foi manobra política. Ele sabia que o descontentamento dos professores era grande.
Embora a reunião tenha ocorrido em sala fechada, um grupo de estudantes acompanhou a discussão de frente a uma janela por onde o som vazava. Mamiya adiou sua saída da sala quase uma hora, mas não conseguiu evitar os protestos. Na confusão, um fotógrafo foi agredido pelos seguranças na UnB.
Ontem os protestos dos estudantes continuaram. Eles afirmam que só desocuparão a reitoria quando o Mulholland, o vice e os decanos deixarem os cargos. Pelo campus, ouviase batuque, palavras de ordem e manifestações de bom humor.
De manhã, um grupo invadiu salas de aula na tentativa de obter adesões à
paralisação.
O não-comparecimento às aulas de ontem tinha sido aprovado em assembléia.
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