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domingo, 29 de junho de 2008

NA INDUSTRIA AUTOMOTIVA, UMA NOVA RELAÇÃO ENTRE CAPITAL E TRABALHO


FOTO: Assembleia dos metalurgicos da GM derrota o Banco de Horas

Comentário sobre a noticia:

Publicado na FOLHA DE SÃO PAULO, 29 DE JUNHO DE 2008

INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

"Em São José dos Campos, metalúrgicos e GM fizeram um acordo histórico ao reduzirem o piso salarial das novas contratações ("Após impasse, GM e sindicato selam acordo", Dinheiro, 20/6). Ótimo para manter o desemprego em queda. Por causa desse acordo a GM realizará um investimento de meio bilhão de dólares na fábrica, na produção de um novo carro. Assim sendo, eu gostaria de saber se esse investimento de meio bilhão de dólares vai ser contabilizado como saindo do caixa da GM ou será considerado como um lucro financeiro obtido em cima da redução do salário dos empregados. Reduzir salário para investir não será uma coisa muito correta na nova relação entre capital e trabalho."

WILSON GORDON PARKER (Nova Friburgo, RJ)

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Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO, 29 DE JUNHO DE 2008

NOVA RELAÇÃO ENTRE CAPITAL E TRABALHO

Sem dúvida nenhuma, a prática de um moderno relacionamento entre o capital e o trabalho é uma necessidade urgente na sociedade moderna. Devemos também prestar muita atenção aos fatos resultantes deste avanço trabalhista. Em São José dos Campos, metalúrgicos e GM fizeram um acordo histórico ao reduzirem o piso salarial das novas contratações. Ótimo para manter o desemprego em queda. Por causa desse acordo a GM realizará um investimento de meio bilhão de dólares na fábrica, na produção de um novo carro. Assim sendo, eu gostaria de saber se este investimento de meio bilhão de dólares vai ser contabilizado como saindo do caixa da GM ou será considerado como um lucro financeiro obtido em cima da redução do salário dos empregados? Reduzir salário para investir não será uma coisa muito correta na nova relação entre capital e trabalho.


Wilson Gordon Parker
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo/RJ


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O Globo EDIÇÃO DO DIA 27.06.2008

LIÇÃO PARA BRASÍLIA

OPINIÃO


A DISTÂNCIA entre São José dos Campos e Brasília é percorrida em uma hora e meia de vôo. Já a distância entre a cidade, um pólo industrial de peso, e o centro político do país, em termos de abertura a práticas modernas de relacionamento entre o capital e o trabalho, só pode ser medida em anos-luz.

ENQUANTO NO Planalto e no Congresso estão armadas barricadas intransponíveis para manter a esclerosada CLT, em São José dos Campos metalúrgicos e GM fazem um emblemático acordo.
POR ELE, o piso salarial de novas contratações será reduzido e, em contrapartida, a empresa realizará um investimento de meio bilhão de dólares na fábrica, na produção de um novo carro.
Recado a Brasília.

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Sindicato dos Metalurgicos de São José dos Campos

Política do Sindicato no caso GM está correta, diz professor da USP

Pesquisador comenta reestruturação produtiva


[14/02] O Sindicato dos Metalúrgicos de São José está correto em sua luta contra a reestruturação produtiva, mais recentemente verificada no caso da GM, que queria implementar redução de direitos e salários para contratar 600 temporários. [...]

[CLIQUE AQUI E LEIA TUDO SOBRE ESSE IMPORTANTE ASSUNTO]

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Baixe aqui o jornal sobre a vitória dos trabalhadores da GM contra o Banco de Horas

[20/06] O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos parabeniza os trabalhadores da GM pela decisão tomada nesta quinta-feira, dia 19 de junho de 2008. [...]


[CLIQUE AQUI E LEIA TUDO SOBRE ESSE IMPORTANTE ASSUNTO]

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terça-feira, 24 de junho de 2008

RUTH CARDOSO, A SOLIDÁRIA



Publicado no O GLOBO de 26 de junho de 2008

Pulbicado no ESTADO DE SÃO PAULO de 26 de junho de 2008


Comentário sobre a notícia:

Os bons estão nos deixando. Os maus estão ficando.

Jeferson Péres nos deixou dias atrás, e agora, Ruth Cardoso.

Parecia ser aquela que passou e ninguém viu. Silenciosamente ela deixou na história política brasileira a marca maravilhosa da sua alma solidária. Jamais misturou solidariedade com política.

Deveria servir como exemplo de ética e moral para todos os que transitam na vida pública.

O atual governo, por inveja ou rancor, tentou denegrir a imagem saudável e cristalina de Ruth Cardoso, no covarde episódio do dossiê das despesas dos cartões corporativos referentes ao período FHC. Ela respondeu a altura.

Ruth Cardoso pode estar certa que ela foi aquela que passou, todos nós vimos, e jamais a esqueceremos.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 25.06.2008

Ruth Cardoso, a intelectual solidária

Antropóloga reinventou programas sociais e extinguiu LBA no governo do marido


A antropóloga Ruth Corrêa Leite Cardoso transformou a ação social do país nos oito anos em que esteve no poder ao lado do marido, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, seu companheiro por 55 anos, decretando o fim da LBA (Legião Brasileira de Assistência), entidade assistencialista, tradicionalmente presidida por primeiras-damas. Ela criou o Comunidade Solidária, projeto social inovador e ambicioso, e imprimiu estilo inovador e discreto ao cargo de primeira-dama.

Paulista de Araraquara, onde nasceu há 77 anos, Ruth Cardoso era doutora em
antropologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Fez pós-doutorado na Universidade de Columbia em Nova York e também foi professora em universidades americanas e inglesas. O saber foi instrumento para a causa do combate à pobreza.

Entre os programas sociais desenvolvidos pela ex-primeira-dama na gestão Fernando Henrique estavam o Alfabetização Solidária, que chegou a alfabetizar mais de 2,5 milhões de jovens nos municípios mais pobres do país, o Universidade Solidária, que mobilizava estudantes e professores universitários para ações de desenvolvimento social, e o Capacitação Solidária, que treinou mais de 100 mil jovens para o mercado de trabalho nas grandes regiões metropolitanas.

Ao deixar Brasília, manteve a bandeira: “Quero manter as brigas que comecei”, disse então dona Ruth.

A atuação social continuou, fora do governo: ela se dedicou ao comando da ONG Comunitas, responsável por programas sociais e de voluntariado.

Com Fernando Henrique, dona Ruth teve três filhos: Luciana, Beatriz e Paulo Henrique. Deixa também cinco netos.

Ela foi vigilante, dentro e fora do governo.

Respeitada até por adversários políticos, a antropóloga que detestava ser chamada de primeira-dama se transformou em uma crítica da política social do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que considerava assistencialista.

Em 1994, antes da posse do marido, no primeiro mandato, comprou briga com o PFL, maior aliado na campanha de Fernando Henrique, ao afirmar: “O PFL tem Antonio Carlos (Magalhães), mas tem Gustavo Krause e Reinhold Stephanes”. Na época, Fernando Henrique considerou a frase “infeliz” e pediu desculpas formais a ACM. Ela também chamou o PFL de “fisiológico” e disse que o partido mudara “não porque é bonzinho, mas porque perdeu poder”.

Festa do PSDB foi cancelada

Na quinta-feira, a ex-primeira-dama se internou no hospital Sírio Libanês, em SãoPaulo, para investigar as causas das dores que vinha sentindo no peito. Os exames indicaram a necessidade de um cateterismo, que foi realizado na segunda-feira à tarde no hospital da Unifesp. Dona Ruth, que teve alta às 21h do mesmo dia, morreu ontem em casa, às 20h40m. Ela conversava com o filho quando se sentiu mal. O ex-presidente havia saído para uma palestra e voltou às pressas. Por volta das 21h30m, chegaram ao apartamento do ex-presidente o governador José Serra, sua mulher, Mônica Serra.

A notícia, dada ontem pouco antes das 21h pelo presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, interrompeu um momento de festa dos tucanos. As comemorações pelos 20 anos do partido, que aconteceriam hoje no plenário do Senado, em sessão solene, foram imediatamente suspensas. Hoje de manhã, uma caravana de políticos tucanos irá para São Paulo, onde a exprimeiradama será velada. Está prevista a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente lamentou a morte da ex-primeira-dama, por meio de nota.

Ele disse que recebeu com pesar a notícia.

“É difícil acreditar que aquela intelectual determinada que conheci muita décadas atrás, com convicções firmes, gestos nobres e ao mesmo tempo sensibilidade para o drama da desigualdade social, tenha nos deixado.

É uma grande perda para o país”.

O governador José Serra decretou luto oficial de três dias no estado: “A Ruth era uma pessoa muito especial, para sua família, para seus amigos, para nosso país. Um exemplo de dignidade, delicadeza, inteligência e carinho pelas pessoas. É uma dor imensa a que sinto neste momento. Nossa, como vai fazer falta...”, disse, em nota.

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), afirmou, também em nota, que a importância de dona Ruth transcende partido ou governo.

“É uma mulher do Brasil. É nessa dimensão maior, histórica e afetiva, que ela deve ser lembrada, reconhecida e respeitada por todos nós.” O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, destacou a elegância da ex-primeira-dama: — Antes de tudo, uma dama o Brasil perde. Uma pessoa que serviu com elegância e distinção ao país.

Sérgio Guerra destacou a atuação da antropóloga no meio acadêmico e também na
presidência do Comunidade Solidária: — É uma grande perda para o país, uma
pessoa honrada, discreta, uma grande luz. Somos solidários ao presidente Fernando Henrique e a toda sua família. Era reconhecida por seu trabalho tanto por integrantes do PSDB quanto de outras tendências partidárias mdash; disse Guerra.

O antropólogo Gilberto Velho se disse surpreso com a notícia da morte da ex-primeira-dama. Ela foi orientadora da tese de doutorado do antropólogo em 1975. Segundo ele, Ruth Cardoso era uma pessoa séria, competente e que jamais teve uma posição hostil. Gilberto Velho contou que conversou com a ex-orientadora há cerca de um mês: — Ruth era uma grande amiga.

Além de uma grande profissional, competente e séria. Uma pessoa muito aberta para os temas do mundo.

No ofício de primeira-dama sempre foi muito honesta.

Ministro da Justiça na gestão Fernando Henrique, Nelson Jobim, hoje ministro da Defesa do governo Lula, destacou o temperamento discreto e firme da ex-primeira-dama: — De inteligência privilegiada, sabia conciliar atitudes incisivas e diretas com uma ternura peculiar.

O presidente do Instituto Pereira Passos, Sérgio Besserman, que conheceu a ex-primeira-dama quando foi diretor do BNDES e presidente do IBGE, ressaltou seu engajamento para tratar dos problemas sociais: — O caráter de um povo é feito da trajetória de pessoas como dona Ruth. Ela sempre atuou de forma engajada valorizando ao máximo o conhecimento na perspectiva de uma transformação para melhor.

O antropólogo Roberto DaMatta conviveu com dona Ruth desde a década de 60, quando participava de reuniões acadêmicas em São Paulo: — Foi uma grande antropóloga, excelente professora, extremamente dedicada.

Guardo dela excelente memória.

Seja no palácio, em universidade ou em viagem, ela era sempre a mesma pessoa, amável e paciente.

Segundo nota divulgada pelos médicos Valter C. Lima, Edson Stefannini e Artur Beltrame Ribeiro, da Unifesp, dona Ruth sofreu uma arritmia grave: “A senhora Ruth Cardoso, de 77 anos, faleceu subitamente hoje às 20h40m em sua residência. Há um dia ela foi submetida a um cateterismo cardíaco que revelou doenças coronárias de extensão similar à doença já revelada em dois cateterismos prévios, em 2004 e 2006. Atribuímos a morte à arritmia grave, decorrente da doença coronariana”. O velório acontece na Sala São Paulo, no Centro, a partir das 10h. A família aguarda o retorno da filha Beatriz, que se encontrava na Europa, para o enterro, amanhã, às 10h, no Cemitério da Consolação.

RECESSO BRANCO, O INDECENTE FORRÓ DOS PARLAMENTARES



Publicado no Jornal do Comércio, Porto Alegre, em 24 de junho de 2008 ... CLIQUE AQUI

Publicado no Jornal do Brasil em 26 de junho de 2008

Comentário sobre a notícia:

Estamos na semana do recesso parlamentar em homenagem as festas de São João. Somos os recordistas mundiais em recesso parlamentar remunerado. Deputados e senadores são verdadeiros turistas em Brasília.

Nos poucos dias em que aparecem para trabalhar, a postura dos nossos parlamentares dentro dos seus locais de trabalho é a imagem perfeita da esculhambação moral e ética que impera na vida política nacional.

Como grande exemplo deste fato vergonhoso basta assistirmos uma sessão na Câmara dos Deputados. Uma balbúrdia sem fim, todos falam ao celular, comunicam-se aos berros, sentam-se como se estivessem escarrapachados nas poltronas de suas residências, sonoras gargalhadas ecoam pelo ambiente, desinteresse absoluto nos poucos assuntos sérios que aparecem na pauta, uma baderna que chamaria atenção até na arquibancada de um estádio de futebol, enfim, uma falta de respeito total contra tudo aquilo que deveria ser respeitado.

A mesma coisa acontece no inútil Senado Federal, em menor escala porque são apenas 81 "turistas" mal educados, enquanto na Câmara são 513.

Eu duvido que alguém que nunca tenha visto o parlamento brasileiro reunido, consiga advinhar que aquele bando de pessoas ociosas e mal educadas, mas muito bem remuneradas, sejam parlamentares trabalhando num Congresso Nacional.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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ESTADO DE SÃO PAULO, 22 de Junho de 2008

EDITORIAL

Coisas do Parlamento caboclo


Um estudioso que se dedicasse a pesquisar, pelas democracias do mundo, as características próprias dos Parlamentos, com certeza detectaria três originalidades do Legislativo brasileiro. Verificaria, logo de saída, que, ao contrário do que acontece nas Casas legislativas de outros países, onde os parlamentares, sempre sentados em seus lugares, ouvem os colegas que falam da tribuna, sem conversas paralelas, no Parlamento brasileiro ninguém fica sentado. Os parlamentares se aglomeram no centro do plenário, formam rodinhas de conversas, falam em seus celulares e, a não ser em sessões excepcionais (como as de cassação de mandato), demonstram nem estar ouvindo o orador do momento. Até os presidentes das Casas, aos quais são dirigidos os pronunciamentos, muitas vezes se mostram inteiramente voltados para conversas com seus auxiliares, ou sabe-se lá com quem, em seus celulares.

A segunda característica do exclusivo Parlamento caboclo - o que pode ser testemunhado por quem tenha a paciência de assistir, de vez em quando, às sessões legislativas pelos canais de televisão das Casas - são as freqüentes, insistentes, irrelevantes, insignificantes homenagens. A única atividade em que o Senado da República tem sido pródigo é na realização de sessões comemorativas, ou homenageantes, com uma média de três por semana. Não foi sem razão que o presidente da Câmara Alta, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), avisou que pedirá aos colegas da Mesa "providências para conter o excesso de homenagens". Só para citar exemplos recentes: o senador Magno Malta (PR-ES) é autor de um requerimento, já aprovado, para homenagear os 50 anos das lojas de um colega, o Armazém Paraíba, do senador João Vicente Claudino (PTB-PI). Malta justifica: "É uma empresa brasileira que gera empregos." E está justificado. Já a líder do bloco governista, Ideli Salvatti (PT-SC), resolveu homenagear o tenista Gustavo Kuerten. Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) encabeça a lista de parlamentares que querem homenagear o Dia da Criança.

Será que os grandes atletas brasileiros - como o nosso valoroso Guga - e todas as nossas crianças, cujo futuro depende do país que para elas preparamos hoje, muito mais do que "homenagens", o que precisam não é de trabalho árduo dos ilustres parlamentares caboclos, tendo em vista a solução de uma enormidade de problemas pendentes, à espera do esforço de nossos legisladores?

E aqui chegamos à terceira característica exclusiva do Parlamento nacional: trata-se, indiscutivelmente, de um recordista mundial de recessos. Depois de quase dois meses dedicados a votar medidas provisórias e a indicação - sempre algo de iniciativa do governo - de embaixadores e autoridades, o Senado vai parar. O presidente Garibaldi Alves anunciou que os líderes decidiram adotar o recesso branco na semana que vem. Assim, não haverá votações nem desconto no salário dos ausentes.

A razão desse recesso branco? Festas juninas e eleições. A presença dos ilustres senadores da República parece imprescindível nos arraiais, assim como nas convenções municipais e respectivas campanhas para lançamento de candidatos a prefeito e a vereador. Certamente, é assim que os senadores julgam melhor representar as unidades da Federação, conforme as funções a eles designadas pela Carta Magna. As votações no Senado só serão retomadas no dia 1º de julho - e no dia 18 já começa o recesso de meio de ano, que vai até o dia 4 de agosto. Enquanto isso, há uma pauta à espera de votação com 83 propostas, mas que nem deve ser examinada este ano porque o Planalto se incumbe de impor seu filtro seletivo, fazendo entrar para deliberação apenas projetos de seu interesse - como, por exemplo, é o caso da defunta CPMF ressuscitada sob a alcunha CSS.

E a questão da emenda que reduz a maioridade penal, tão importante para equiparar a legislação criminal brasileira às das democracias civilizadas do mundo e reduzir o brutal desrespeito à vida humana vigente neste país? E o projeto de facilitar o exame dos vetos presidenciais, capaz de restabelecer a autonomia da atividade legislativa, que se tornou ancilar do poderoso Executivo?

E as denúncias de Denise Abreu sobre a "facilitação" da venda da Varig? Ora, são questões que interessam muito mais à sociedade do que aos governos.

Então, recesso nelas!

TROCA-TROCA ELEITORAL, UMA GRANDE NEGOCIATA



Comentário sobre a notícia:

Ano eleitoral é o ano em que os políticos fazem a farra com o dinheiro do povo e os cargos públicos são trocados pelo apoio indecente aos candidatos do governo. É um jogo de cartas marcadas.

Em São Paulo, o astucioso e sonolento deputado Aldo Rabelo, do PCdoB, abandonou a disputa pela prefeitura e aceitou ser o vice na chapa da Marta Suplicy. Em troca, o PT vai apoiar a candidata do PCdoB à prefeitura do Rio, Jandira Feghali.

Um ótimo negócio, principalmente agora que a candidatura do bispo Crivela "sujou", e os demais se afundam na própria mediocridade. Lula patrocinou com o dinheiro público todo o "cimento" do bispo Crivela no Morro da providência.

O candidato do PT no Rio, Alessandro Molon, "dançou". Lula deve lhe dar um bom agrado.

E esse jogo imoral acontece no Brasil inteiro.

Em São Paulo, a briga de vaidades do PSDB faz mais estrago do que os petistas teriam capacidade de fazer. A melhor coisa que qualquer adversário do PSDB e do DEM pode fazer é ficar quieto, porque eles mesmos se devoram entre si. No governo petista, PT e PMDB, continuam sendo a única "oposição" eficaz ao Lula.

E assim, entre escândalos diários e horripilantes, segue em berço esplendido a democracia no Brasil.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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ESTADO DE SÃO PAULO, 21 de Junho de 2008

A divisão do PSDB

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 20.06.2008

MERVAL PEREIRA

Mudança de ventos


Dois fatos políticos estão alterando a campanha eleitoral para a prefeitura do Rio. O candidato que aparecia como favorito em todas as pesquisas, o bispo Marcelo Crivella, neste momento está bastante prejudicado em sua imagem pública devido aos acontecimentos no Morro da Providência, onde ele tem um projeto assistencialista que contava com o apoio governamental e seria seu carro-chefe propagandístico na campanha se um fato novo, que, junto com o “fato consumado”, são fundamentais na política, não tivesse ocorrido. O envolvimento de militares do Exército, que faziam a segurança do projeto, na morte de três rapazes daquela comunidade respingou no candidato do PRB, que pode perder apoios que vinha tentando ampliar para além da Igreja Universal, berço de sua carreira política.

Por outro lado, com a aceitação por parte do deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, de ser candidato a vice na chapa de Marta Suplicy em São Paulo, é previsível que cresçam as pressões junto ao PT do Rio para que desista da candidatura do deputado Alessandro Molon e junte forças apoiando Jandira Feghali, a candidata do PCdoB que aparece como a segunda colocada nas pesquisas eleitorais.

O gesto de boa vontade de Aldo Rebelo, tirando Marta Suplicy do isolamento político em que se encontra, apesar de aparecer em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, só se justifica se o PT corresponder com outro.

Molon, que insiste em manter sua candidatura e ontem levou à Executiva Nacional um abaixo-assinado com apoio da maioria do diretório estadual, não parece ter condições políticas de fazer uma boa campanha.

Ainda mais agora, com a tentativa, encabeçada por Lula, de forçar uma união com o PCdoB e o PSB para fortalecer candidaturas da base aliada em capitais importantes.

É candidato certo a ser “cristianizado” se não desistir da candidatura.

O possível enfraquecimento da candidatura de Crivella no Rio, e a guerra fratricida no PSDB em que se envolveram os grupos de apoio ao prefeito Gilberto Kassab e ao ex-governador Geraldo Alckmin, são acontecimentos políticos que viabilizam as candidaturas da base aliada de esquerda.

Pragmático como sempre, dificilmente Lula deixará de abrir uma porta para a candidata do PCdoB, já que o PT continua inviável eleitoralmente no Rio e o bispo do PRB pode ter tido, com o episódio trágico das mortes no Morro da Providência, um tropeço difícil de superar.

O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, que era um potencial candidato do PT à prefeitura do Rio antes de ir para o ministério, passou ontem o dia em articulações políticas no Rio para favorecer a aliança com o PCdoB.

A alegação de Molon de que seu nome foi referendado por uma assembléia de mais de 8 mil militantes não significa grande coisa, pois quando o PT interveio no diretório do Rio para forçar uma aliança com Garotinho, o candidato Vladimir Palmeira havia sido escolhido por nada menos que 15 mil filiados, além do que, era amigo do então ministro José Dirceu, o chefe da Casa Civil que liderou a intervenção.

O que está acontecendo no PT, aliás, é mais uma dessas contradições políticas que já não se explicam mais, apenas acontecem. O candidato oficial do partido, Alessandro Molon, é claramente ligado à Igreja Católica no Rio, mas o candidato preferido de Lula é o pastor evangélico Marcelo Crivella.

E a candidata do PCdoB que pode tirar Molon do páreo é uma comunista que foi derrotada para o Senado quando estava praticamente eleita porque se envolveu em uma disputa justamente com a cúpula da Igreja Católica do Rio.

A sorte de Molon é que, no momento, a executiva nacional do PT não está disposta a exercer uma influência mais intervencionista nas questões locais, considerando que será mais positivo para a imagem do partido uma negociação política, m e s m o q u e g u i a d a p o r orientações autoritárias.

É o caso da aliança do PSDB com o PT em Belo Horizonte, que continua vetada pela direção nacional mesmo com o pedido de reciprocidade do PSB nacional, que afinal é quem está dando a cabeça de chapa na aliança mineira, com o PT na vice.

Mas, ao contrário de ocasiões anteriores, a direção nacional petista não ameaça com uma intervenção no diretório mineiro, e sim com uma ação na Justiça, mesmo procedimento que o prefeito Fernando Pimentel já ameaçou utilizar.

Qualquer união em Minas, no entanto, não prevalece se não tiver a sustentá-la o esquema político do governador Aécio Neves, e o PT quer essa sustentação política, mas quer escondê-la dos eleitores para não fortalecer o governador mineiro na corrida presidencial dentro do PSDB.

É improvável que o governador Aécio Neves desista da aliança política com o prefeito petista Fernando Pimentel, embora lhe fosse plenamente possível eleger qualquer outro candidato se decidisse romper o acordo.

A aproximação do PT com o PCdoB em nível nacional é também um complicador tanto para o governador quanto para o prefeito Pimentel em nível regional, pois poderia criar um pólo político à esquerda razoavelmente forte, mesmo que não tenha condições de vencer a eleição.

A chapa com Márcio Lacerda do PSB para prefeito, com o PT dando o vice do grupo de Pimentel, é a garantia de que o comando na capital continuará nas mãos do grupo político que hoje está no poder.

O fato político é que o PT, depois de tentar montar uma grande aliança com o PMDB em nível nacional, está retornando aos braços do “bloquinho” de esquerda, formado pelo PCdoB, PSB e PDT, seus tradicionais apoiadores na esquerda partidária.

A diferença é que esses partidos cresceram de importância nas últimas eleições e estão exigindo maior reciprocidade.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O PINÓQUIO, O SENADOR, O MINISTRO E O EXÉRCITO


FOTO DO SOLDADO ENCOSTADO NO MURO DA "PAZ" É DO JB

Comentário sobre a notícia:

Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO em 20 junho 2008

Há um grande erro no enfoque desse problema do Exército no Morro da Providência. Todos estão enxergando o Exército que está atuando naquela localidade como sendo uma instituição que tem como alvo principal defender e zelar pela segurança da Pátria.

Focando o problema dessa forma, entramos numa discussão sem fim, cheia de emoção, nada racional, e que não leva a lugar nenhum.

Para evitar esse papo virtual, devemos tomar conhecimento da seguinte realidade: o Exército que está no Morro da Providência é o 'Exército S/A', que nada tem a ver filosoficamente com o Exército que zela pela nossa segurança.

A empresa de engenharia "Exército S/A" assumiu a obra do projeto Cimento Social graças a um convênio feito entre os ministérios das Cidades e da Defesa, que teve como lobista o ex-oficial do Exército, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que é candidato a prefeito do Rio de Janeiro, e pretende estender esse projeto para todas as favelas da cidade.

Tenho certeza que enfocando o problema dessa dessa forma, será muito mais fácil compreendermos tudo o que acontece no Morro da Providência.

Uma prova que tudo isso é verdade, foram as palavras do ministro da Defesa, Nelson Jobim, dizendo que se o Exército sair da Providência a obra vai ser paralizada.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 17.06.2008

Senador fez segredo sobre ação do Exército

Moradores e autoridades só ficaram sabendo da participação dos militares quando a tropa chegou à favela

Chico Otavio e Jailton de Carvalho


RIO e BRASÍLIA. Ex-oficial do Exército, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), autor do projeto Cimento Social, fez segredo sobre a participação dos militares na execução das obras no Morro da Providência. Moradores e autoridades municipais só souberam da presença do Exército, garantida por um convênio com o Ministério das Cidades posterior à liberação dos recursos, quando a tropa desembarcou na favela.Crivella, candidato à sucessão do prefeito Cesar Maia (DEM), esteve na Providência pelo menos três vezes, no ano passado, antes do início das obras, em dezembro. Numa delas, ofereceu uma feijoada para cerca de 600 pessoas. Moradores garantem que, em nenhuma das visitas, o senador revelou que a prometida reforma de mais de 700 casas no morro seria coordenada pelas unidades de engenharia do Exército, sob a proteção dos fuzis de cerca de 200 militares.

Iniciada a obra, porém, Crivella fez ampla propaganda do Cimento Social, incluindo um vídeo no qual o locutor anuncia que, com o projeto, “vamos fazer com que todo brasileiro, quando chegar ao Rio de Janeiro e olhar para os morros, continue de cabeça erguida”.

Uma das metas seria acabar com controle do tráfico Só depois que as negociações com o Ministério das Cidades estavam em andamento, Crivella apresentou projeto de lei, autorizando o Executivo a criar o Programa de Melhoria Habitacional em Áreas Urbanas de Risco, sob a coordenação do Exército.

Ao justificar a iniciativa, alegou que, além de melhorar a qualidade de vida das famílias de comunidades carentes, o programa seria importanteestratégiapara 'assenhoramento territorial', ou seja, retirar essas áreas do controle do tráfico. O senador negociou com o Ministério das Cidades a liberação de R$ 12 milhões, em duas etapas, para o Cimento Social.

O projeto já estava credenciado na Caixa Econômica Federal quando o ministério fez um “destaque orçamentário”, prevendo o repasse dos recursos para o Comando do Exército.A obra, inicialmente prevista para setembro do ano passado, só começou três meses depois.

Famílias que cadastraram suas casas para receber melhorias recuaram, porém, ao saber que, num lugar dominado pelo tráfico, teriam suas residências associadas à ação do Exército.Duas filiais da Igreja Universal nas imediações apoiaram o trabalho do senador no morro. Isso não evitou, contudo, manifestações de hostilidade pelo uso político do projeto.

Ministro Nelson Jobim defende obra do Exército

A secretária nacional de Habitação, Inês Magalhães, reconheceu ontem que o convênio entre os ministérios das Cidades e da Defesa para que o Exército faça a reforma de fachadas e telhados de casas no Morro da Providência é único no país.

— Acordo (com o Exército) para execução de obras em casas só existe esse (no país) — disse Inês ao GLOBO.


Segundo ela, o projeto nasceu de uma demanda dos moradores da Providência
encampada por Crivella. A secretária não soube explicar por que o Exército foi chamado para executar as obras. O Batalhão de Engenharia do Exército costuma fazer estradas e pontes, entre outras obras de infra-estrutura em benefício coletivo, e não de um grupo específico.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu as obras do Exército. Para ele, os crimes não comprometem o objetivo geral do projeto. O ministro disse que obras similares são feitas por militares brasileiros no Haiti.

Em nota, Crivella disse que lamenta “profundamente a morte desses rapazes, que, por infeliz coincidência, se dá justo durante uma ação de resgate social, de redução da violência e de retorno à cidadania, de uma comunidade que há mais de cem anos vive à margem da sociedade”.

Para o senador, o “Exército tem de dar exemplo” e, se ficar provada a participação dos militares no crime, “tem de haver uma punição exemplar”.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O GOVERNO NO MORRO DA PROVIDÊNCIA


Charge de IQUE no JB e abraço de Nelson Jobim na mãe de um dos tres rapazes assassinados

Comentário sobre a notícia:

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, desaparecido desde o início da crise provocada pela ex-diretora da ANAC, Denise Abreu, ressurgiu no Morro da Providência. Lula resolveu fazer, e falar, alguma coisa sobre o assassinato dos tres rapazes, que aconteceu graças ao procedimento criminoso de uma quadrilha composta de um tenente, três sargentos e sete soldados do Exército. Mandou Jobim dar um pulo no Rio e num rápido improviso disse que o acontecido é um crime abominável.

É de irritar qualquer tartaruga a maliciosa lerdeza executiva das autoridades.

Mesmo não tendo acesso aos meios de informação interna que o governo possui, o cidadão comum, apenas lendo, ouvindo e vendo as noticias do fato pela imprensa, em poucas horas toma conhecimento da essência do que ocorreu.

Lógico que a realidade é outra.

O governo em poucos minutos já sabe tudo o que aconteceu. A partir daí o serviço de Inteligência começa a calcular quem vai ser prejudicado politicamente. Aguardam a reação da sociedade, e ficam esperando o momento certo para contar a mentira menos deslavada possível.

No caso da chacina dos rapazes do Morro da Providência, armaram um esquema para o Ministro da Defesa tomar um café, no copo, na casa da Tia de uma das vítimas, e na saída do evento recebeu um abraço acanhado da mãe que perdeu o filho estupidamente assassinado.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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JORNAL DO BRASIL- 18 de junho de 2008

Desculpas oficiais não confortam parentes

A visita do ministro Nelson Jobim à Providência foi cercada por um forte aparato militar: 40 soldados e 10 seguranças. Durante discurso para os 200 soldados que trabalham no morro, o ministro afirmou não haver mais dúvidas sobre a morte de Wellington Gonzaga Costa, 19, David Wilson Florêncio da Silva, 24, e Marcos Paulo da Silva, 17:

– Não houve falta de comando. O que houve foi desvio de conduta, e isso não vai mais se repetir.[...]

[CLIQUE AQUI PARA LER O TEXTO INTEGRAL...]


JORNAL DO BRASIL - 18 de junho de 2008

Coisas da Política

A infame vitória dos 11 soldados

Augusto Nunes

Até dezembro passado, só nos morros do Haiti podiam ser vistas unidades do Exército brasileiro destacadas para garantir a lei e a ordem em favelas flageladas por bandos criminosos. Quase 1.300 soldados estão lá desde 2004, incorporados ao contingente de capacetes azuis que lutam pela paz sob a bandeira da ONU. Como a Constituição proíbe a participação das Forças Armadas em conflitos urbanos, a entidade internacional teve de aguardar o endosso de numerosas instâncias antes que o presidente Lula autorizasse formalmente o embarque das tropas [...]

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terça-feira, 17 de junho de 2008

ELES ADORAM PEDALAR NA EUROPA


NA FOTO : A SOGRA NA EUROPA, A SOGRA NO BRASIL, CID GOMES JURANDO, CABRAL PEDALANDO E LULA DISCURSANDO

Comentário sobre a notícia:

Publicado no O GLOBO em 18 de junho de 2008

Toda vez que o governador Sergio Cabral dá um 'bye-bye, Brazil', alguma coisa grave acontece no Rio de Janeiro. Sempre que um problema explode ele está pedalando em algum lugar da Europa.

No dia em que assassinaram dentro de um supermercado um delegado da Polícia Civil, ele estava 'bicicletando' alegremente em Paris, sob o olhar enfastiado dos pombos franceses.

No momento em que tres jovens do Morro da Providência foram entregues no domicilio dos traficantes do Morro da Mineira, por onze soldados do Exército brasileiro, para serem mutilados e fuzilados, o governador pedalante estava passeando num velotaxi na Alemanha.

Tal qual Lula, e o governador do Ceará Cid Gomes, Cabral adora passear na Europa. A diferença marcante entre eles é que um adora pedalar, o outro adora discursar, e o Cid Gomes adora sograr.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 17.06.2008

Pedala, governador!

Cabral anda de velotáxi em Berlim, diante de cartão postal e longe da crise


Quando o governador Sérgio Cabral equilibra-se em veículos com rodinhas e guidão, diante de cartões-postais estrangeiros, não tem jeito: há crise à vista na segurança pública do Rio. Ontem, enquanto ele e o secretário de Transportes, Júlio Lopes, davam uma voltinha no velotáxi — um táxi-bicicleta — diante do Portão de Brandemburgo, na Alemanha, três jovens do Morro da Providência eram enterrados, após terem sido entregues por militares a traficantes do Morro da Mineira, dominado por uma facção rival da que domina o local onde moravam.

Em Paris, no mês passado, enquanto pedalava diante da Prefeitura da Cidade-Luz, com direito a estripulias — o governador chegou a posar para fotos andando sem as mãos —, o delegado da Polícia Civil Alcides Iantorno de Jesus foi assassinado por um ex-policial militar dentro de um supermercado, onde comprava pão. O episódio mexeu com os brios da polícia e, dias depois, o acusado do crime foi morto durante uma operação.

Em janeiro, na primeira viagem de Cabral para o exterior neste ano, o governador
também mostrou ser pé-frio ao sair do estado. Bastou Cabral aterrissar na Suíça para que um grupo de 150 bandidos, em mais de 20 carros, invadisse favelas do Complexo da Maré, causando pânico nas vias expressas ao redor.

Na última viagem, à Grécia, para o anúncio do Rio como candidato às Olimpíadas, Cabral foi informado sobre o seqüestro e tortura de uma equipe do jornal “O Dia” por agentes do estado integrantes da milícia da Favela do Batan, em Realengo.

Ontem, foi o primeiro dia da missão oficial de Cabral à Alemanha. Após testar o velotáxi, ele anunciou que o estado vai estimular os municípios a adotar o veículo como forma alternativa de transporte: — Hoje, nas grandes capitais do mundo, você tem este tipo de transporte alternativo, simpático para o turista e mesmo para o próprio morador — disse.

O secretário Júlio Lopes informou que o estado acaba de importar da China um modelo de velotáxi para fazer parte do programa Rio – Estado da Bicicleta.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

DIREITA, VOLVER ! ESQUERDA ! VAMOS VER ! FOGO !!!


Primeira página do jornal O Globo em 17 de junho de 2008

Comentário sobre a notícia:

Publicado no Jornal do Brasil em 17 de junho de 2008

A entrega de tres jovens do Morro da Providência para serem executados por traficantes do Morro da Mineira foi uma "operação de guerra" realizada por uma quadrilha formada por onze soldados do Exèrcito Brasileiro, e a coisa mais absurda que poderia acontecer no meio de tanta violência.

Chegamos ao fundo do poço. Parece que o CML transformou o caso em assunto de Segurança Nacional. O comando da tropa não deu a menor explicação à sociedade civil. Novos ideais, velhos métodos.

Outro dia, um brigadeiro baloeiro disse que ignora a lei que proibe fabricar, vender, transportar ou soltar balões. Disse em alto e bom som que não deve satisfação a ninguém.

A justificativa para o aquartelamento das tropas do Exército no Morro da Providência é a de dar segurança aos trabalhadores do projeto Cimento Social, que tem como padrinho o candidato a prefeito do Rio, senador Marcelo Crivella (PRB).

Resumo da origem da tragédia absurda: uma empresa privada foi contratada para fazer uma obra eleitoreira e alguém no governo determinou que as tropas do Exèrcito tomassem conta dos operários e do material de construção.

É o Exército brasileiro vigiando saco de cimento.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)



Bombas de gás marcam protesto em frente ao QG do Exército

Manifestantes saíram do enterro de três jovens da Providência e seguiram para Centro.Onze militares são acusados de ter entregues os rapazes para traficantes.
[CLIQUE AQUI PARA LER A NOTÍCIA NA ÍNTEGRA NO G1]

O Globo EDIÇÃO DO DIA 16.06.2008

Militares são presos por entregar jovens para o tráfico

Delegado acusa 11 homens pela morte de moradores da Providência


A Justiça decretou na madrugada de hoje a prisão temporária, por 30 dias, de 11
militares do Exército acusados do assassinato de três jovens detidos no sábado de manhã, no Morro da Providência, no Centro.Sete soldados, três sargentos e um oficial teriam “vendido” os rapazes a traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi, de uma facção rival.

Os corpos foram encontrados ontem à tarde no Aterro Sanitário de Gramacho, em
Caxias, com vários tiros. Depois de seis horas de interrogatório no Comando Militar do Leste, alguns dos militares confessaram a entrega das vítimas aos traficantes. O Exército determinou a abertura de um IPM. Moradores da Providência fizeram manifestação na porta de unidades do Exército.A prisão foi pedida pelo delegado Ricardo Dominguez, da 4º DP (Central), que investiga o caso. Páginas 8 a 11



O Globo EDIÇÃO DO DIA 16.06.2008

Exército dava segurança a projeto de Crivella

Ministro das Cidades não soube explicar ocupação do morro por soldados, já que obra está a cargo de empresa privada


Débora Gares, Ludmilla de Lima e Zean Bravo

A presença de soldados do Exército no Morro da Providência era justificada como uma forma de dar segurança aos trabalhadores do projeto Cimento Social, fruto de emenda do senador Marcelo Crivella (PRB), do mesmo partido do vice-presidente José Alencar, que já ocupou o cargo de Ministro da Defesa no primeiro governo do presidente Lula. O projeto consiste na reforma de 780 casas e recebeu R$ 12 milhões do Ministério das Cidades.

Ontem, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, explicou que a obra foi licitada pelo Exército, que se dispôs a levar adiante o projeto do senador.

Fortes não soube explicar a ocupação da comunidade por soldados, já que uma empresa privada executa os trabalhos.

A dúvida é a mesma do deputado federal Fernando Gabeira (PV), que integra a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.

Ele promete pedir ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, ou ao comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, que compareça à Casa para dar explicações:

— Quero que o ministro ou o comandante do Exército explique essa mudança na política de ocupação dos morros. Ele tem que esclarecer essa exceção que está dando proteção a uma emenda de um político.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado Alessandro Molon (PT), também questionou a política do Exército e disse que o grupo acompanhará a apuração do caso.

Crivella, Gabeira e Molon são pré-candidatos à prefeitura do Rio. Jandira Feghalli, também pré-candidata pelo PCdoB, classificou o projeto de eleitoreiro, e a pré-candidata do DEM, deputada federal Solange Amaral disse que o Exército está sendo usado politicamente.

No dia 27 de maio passado, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, atacou duramente o projeto na Comissão de Segurança da Câmara. Ele questionou o objetivo da obra e a presença do Exército na favela.

Também falou sobre denúncias de envolvimento direto da Igreja Universal no projeto.

O caso de anteontem aconteceu um dia após o ministro Jobim declarar que pretende enviar ao Congresso, até o fim do ano, um projeto criando um estatuto jurídico próprio, para que as Forças Armadas possam atuar em conflitos urbanos. Sobre os objetivos do Exército na Providência, o Comando Militar do Leste informou ontem que os militares fazem o gerenciamento do projeto e protegem o canteiro de obras utilizado na reformas das casas.

domingo, 15 de junho de 2008

MONUMENTO À CRETINICE



Comentário sobre a notícia:

Augusto Nunes nos conta que a subprocuradora-geral da República Delza Rocha, achou muito pesada a condenação de Antonio Pimenta Neves que matou pelas costas a ex-namorada Sandra Gomide.

Atitudes como esta enxovalham a justiça.

A paixão é um sentimento forte, livre e profundo. Um afeto violento e egoista, só é paixão no dicionário dos incompetentes, mal intencionados e ignorantes, que usam a coação física ou moral, na tentativa de obter o amor do outro. Creio ser este o caso do assassino Antonio Pimenta Neves.

Ele retirou da sua memória algo muito importante, que pela própria profissão que exercia, jamais deveria ter esquecido: 'onde não existe liberdade, não pode florescer nada'. Principalmente o Amor.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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JORNAL DO BRASIL - 15 de junho de 2008

Sete Dias

Augusto Nunes


Monumento à cretinice

Depois de examinar a papapelada que fundamentou a condenação do jornalista Antônio Pimenta Neves a 18 anos de prisão, por ter liqüidado com um tiro na cabeça a ex-namorada Sandra Gomide, a subprocuradora-geral da República Delza Rocha pediu a anulação do julgamento. Não, ela não achou o castigo brando demais. É o contrário: cismou que, induzidos pelo juiz, os jurados exageraram na dose. Se a maluquice funcionar, Pimenta – sempre livre como um táxi no ponto – morrerá longe do catre. Delza também: cretinice não dá cadeia. [...]

CLIQUE AQUI E LEIA A COLUNA SETE DIAS

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CRÔNICA SOBRE A VIDA COMO ELA NÃO DEVERIA SER

Diretor de redação matou a jornalista pelas costas

...será que ele está preso ou solto ?

O título correto seria “Homem mata mulher pelas costas”, mas se eu trabalhasse no jornal do assassino, seria despedido por colocar manchete com tão pouca imaginação.

Depois de um estar junto durante quase quatro anos, a jornalista Sandra Florentino Gomide, resolveu dar um basta no seu romance com o Diretor de redação Antonio Marcos Pimenta Neves, e no dia seguinte foi demitida por ordem do ex-namorado, do jornal onde trabalhava.

A partir deste momento, ela descobriu que o parceiro não era simplesmente um amante, mas seu dono. Na cabeça do poderoso amásio, tudo o que acontecera entre o casal naqueles anos dourados, todos os atos praticados por ele, e que tivessem favorecido, de algum forma, a jornalista na sua ascensão profissional e pessoal, deveria ser pago com a obrigatoriedade da permanência da mulher ao seu lado, até que a morte os separasse.

Numa relação onde a diferença de idade atinge trinta anos, os envolvidos precisam ter uma cabeça muito boa, arejada, e, principalmente, uma inteligente visão, aceitação e compreensão geral da realidade do mundo que os cerca, tudo isto dentro de uma transparência total.

Mais do que nunca, o amor só será eterno enquanto durar.

Muitas pessoas costumam afirmar que a paixão nos deixa cegos, completamente enlouquecidos, o que é uma realidade, mas não é nenhuma tragédia, porque o ser humano é um animal racional. Ficar perdido de paixão por alguém não nos atira automáticamente na irracionalidade.

Só não fica louco de amor quem não ama !

Quando entramos em estado de paixão, começamos a sentir uma necessidade continua da pessoa amada. A nossa referência emocional, a partir daquele momento, passa a ser o outro.

A suavidade da voz, o calor da pele, beleza dos gestos, sedução do andar, tudo isto, e muitas coisas mais, nos levam a ficar em estado de fascinação total pela pessoa que amamos.

Fico pensando em quantos bilhões de pessoas já se apaixonaram loucamente por toda a história do mundo em que vivemos. E dentro deste quadro, eu imagino quantas vêzes um caso de amor foi interrompido unilateralmente, isto é, um dos amantes, por algum motivo, ou até sem motivo algum, perdeu o pique da paixão. Se todos os que foram abandonados, tivesssem assassinado os amantes desertores, acho que poucas pessoas estariam habitando o nosso planeta.

As pessoas em geral, gostam de “sentir” o motivo do outro, para que nele possam descarregar toda a culpa do acontecido.

Precisamos ter uma cabeça muito boa, para admitir que não tivemos a capacidade necessária para satisfazer a pessoa que nos deixa, e uma visão muito ampla, de que no futuro iremos encontrar uma outra, que poderá ser a nossa alma gêmea, cujos corpos se entrelaçarão quando estas almas se beijarem.

A paixão é um sentimento forte, livre e profundo.

Um afeto violento e egoista, só é paixão no dicionário dos incompetentes, mal intencionados e ignorantes, que usam a coação física ou moral, na tentativa de obter o amor do outro.

Creio ser este o caso do assassino Antonio Pimenta Neves.

Ele retirou da sua memória, algo muito importante, que pela própria profissão que exercia, jamais deveria ter esquecido, qual seja, aquela máxima que diz “aonde não existe liberdade, não pode existir amor”.

Aonde não existe liberdade, não pode florescer nada!

Após ter cometido o crime, o assassino fugiu, fez alguns contactos importantes, homiziou-se na casa de um amigo, escreveu uma carta cheia de mentiras para a sua filha, simulou um suicídio, foi parar num hospital, prestou depoimento à policia, que logicamente foi transmitido com exclusividade pelo Jornal Nacional, e ainda bem que o foi, pois o povo em geral, pode sentir o perfil autoritário de um homem covarde.
Como sempre acontece nestes casos, quando a vítima é mulher, o assassino começou a desmontar a vida íntima da Sandra Gomide, inclusive dizendo que a mesma, quando o deixasse, iria “voltar à sua vidinha de prostituta”.

É uma espécie de “só serás santa comigo”.

Depois de muitas peripécias, sempre contando com o apoio logístico e eficiente da policia, que adora prestar favores aos poderosos, o assassino conseguiu escapar de ter que dormir naquela prisão destinada aos infratores que não fazem parte das elites, indo acomodar-se numa clínica de luxo lá em São Paulo.

Banheiro privativo, televisão, frigobar, piscina, quadra de tenis, muita árvore e silêncio, um lugar no qual muitos brasileiros, que nunca mataram ninguém, gostariam de poder passar uns dias.

Foi nesta clínica que esteve internado o estudante-assassino Mateus da Costa Meira, um ano antes dele fuzilar cinco pessoas que assistiam um filme num dos cinemas do Shopping Morumbi.

Como se vê, o ambiente é ótimo !

Para finalizar, devo dizer que o crime foi traiçoeiro, uma verdadeira tocaia, praticado por um homem covarde e mentiroso, que havia dito a seguinte frase de efeito tempos atrás:

- Fazer justiça com as próprias mãos é atributo de sociedades primitivas.

Pensando bem, talvez ele até esteja com razão, porque se olharmos friamente a nossa sociedade atual, acho que uma outra frase cairia feito uma luva:

- Fazer injustiça com as próprias mãos é atributo de sociedades avançadas.

Autor: Wilson Gordon Parker, escreveu este texto em 07 de abril de 2004

sábado, 14 de junho de 2008

As denúncias, sem comprovação, feitas pela ex-diretora da ANAC, Denise Abreu, nos deixa uma lição


FOTO: Momentos de Denise Abreu no Senado Federal, em 10 de junho de 2008, por ocasião do seu depoimento

Comentário sobre a noticia:

As denúncias, sem comprovação, feitas pela ex-diretora da ANAC, Denise Abreu, nos deixa uma lição. Em toda essa sucessão de escãndalos e roubalheiras, fica a impressão que o único orgão do governo que tenta fazer alguma coisa é a Policia Federal.

Investigam, dão nome a roubalheira, acordam de madrugada, prendem os acusados, a imprensa acompanha, e a tarde, escritórios de advocacia caríssimos, como o do compadre do Lula, o advogado Roberto Teixeira, que participou ativamente da "venda" da VARIG, já estão nas Delegacias com os respectivos Habeas Corpus para libertar os presos.

Denise Abreu falou o que tinha de falar. Não vale a pena critica-la por não ter falado antes. Aqui no Brasil ninguém fala "antes". Todos falamos "depois". Somos lerdos em atitudes, com rarissimas execeções.

Fica a impressão que todos esperavam que a depoente apresentasse uma declaração escrita e assinada pela Dilma Rousseff, ou pela Erenice Guerra, admitindo que as mesmas pressionaram a diretoria da ANAC para que a VARIG fosse "vendida" ao grupo estrangeiro protegido por membros do governo brasileiro.

Acho que foi por não querer passar por isso que o vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Feijó (DEM), gravou toda a conversa com o então chefe da Casa Civil, Cézar Busatto (PPS), onde o mesmo relatava uma grande roubalheira. O único que deverá ser preso lá no sul é o Paulo Feijó.

Portanto, acho que Denise Abreu, por algum motivo pessoal, já fez até muito.

É assim que as coisas "não funcionam" aqui no Brasil.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 13.06.2008

Merval Pereira

Sem constrangimentos


Tudo indica que não vai dar em nada a denúncia da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de que o governo, através da ação direta da chefe do Gabinete Civil, Dilma Rousseff, exerceu pressão para viabilizar a venda da Varig para o fundo “abutre” de investimentos Matlin Patterson, que depois a revendeu para a Gol e, sabe-se agora, era ilegalmente dono integral da VarigLog, com contrato de gaveta com sócios brasileiros de figuração. A denunciante Denise Abreu votou duas vezes a favor da venda, e não há registro oficial de protesto seu sobre a condução da questão pelo Gabinete Civil da Presidência. Os companheiros de diretoria da Anac na ocasião são unânimes em desmentir as pressões. A TAM, embora confirme a existência do documento em que demonstra interesse pelo negócio, nega que tenha feito uma oferta.

E o juiz Luiz Roberto Ayoub respalda toda a operação, embora sua interpretação do artigo 6 da Lei de Recuperação Judicial, que livrou a “nova Varig” de sucessão fiscal e trabalhista e viabilizou a venda, ainda esteja em discussão.

Apesar de tudo, o relato de Denise Abreu na Comissão de Infra-Estrutura do Senado sobre o processo de negociação não deixa dúvida de que houve muita pressão do governo para que o negócio fosse feito com rapidez, e da maneira como interessava aos clientes do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, em cuja casa a família Da Silva morou durante muitos anos.

Basta lembrar que, no célebre debate da eleição de 1989, o então candidato Fernando Collor chamou a atenção para um aparelho de som que Lula teria em sua casa, um “doisem um” que naquele tempo era o máximo da sofisticação, sugerindo que seria impossível um líder operário possuir tal aparelho. Lula embaralhouse com essa e outras insinuações de Collor, simplesmente porque o tal aparelho pertencia à casa que ele habitava, mas não era dele, era de seu compadre rico.

A ministra Dilma Rousseff claramente conversava com Roberto Teixeira sobre a negociação, a ponto de ter anunciado para Denise Abreu uma representação judicial contra ela que só seria materializada dias depois por Teixeira. E o advogado teve ocasião de mostrar seu acesso ao gabinete presidencial diversas vezes, fazendo o presidente posar em fotos com os compradores do fundo de investimentos americano e, depois, na revenda, recebendo os donos da Gol levados por Teixeira.

Teixeira pode não ter feito nada de ilegal, embora restem dúvidas sobre alguns pontos, mas sua atuação, digamos, desassombrada permite a classificação de “imoral” dada por Denise Abreu no depoimento no Senado. E também sua filha Waleska Teixeira, que teve a petulância de se apresentar à diretora da Anac como “afilhada” do presidente. Há, além do mais, relatos que revelam que Teixeira tinha um codinome íntimo nos círculos de poder. Era “o papai”.

No tempo em que os bichos falavam, e as questões morais eram levadas em conta na vida pública, um advogado como Roberto Teixeira, o compadre do presidente Lula, não poderia atuar em questões que envolvessem decisões do governo. No mínimo para não permitir frases como as do presidente do PPS, Roberto Freire, segundo quem Teixeira não abre as portas do gabinete de Dilma, mas as do presidente Lula.

Os interesses de Roberto Teixeira e os do PT de Lula já se cruzaram diversas vezes, e a primeira em que ele foi denunciado como intermediário de ações ilegais foi por Paulo de Tarso Venceslau, um dos fundadores do PT e companheiro de exílio do ex-ministro José Dirceu. Venceslau denunciou diretamente a Lula que Teixeira estava arrecadando dinheiro junto a prefeituras petistas, e acabou expulso do partido no começo de 1998.

Evitar que a “liturgia do cargo” de presidente da República seja afetada por atividades de amigos e parentes deveria ser prioridade do homem público, mas Lula considera-se acima do bem e do mal, e em condições da fazer tudo aquilo que criticava em seus antecessores.

Não acho nada de mais, por exemplo, que Fábio Luiz, o filho biólogo de Lula, tenha ido à Antártica na comitiva oficial.

Mesmo que não fosse biólogo.

Mas a faceta empresarial do mesmo Lulinha tinha que ter sido freada, para evitar constrangimentos ao presidente.

O investimento de R$ 5 milhões em 2006 que a Telemar injetou na Gamecorp, empresa que tem Lulinha entre seus sócios, não apenas causou espécie na ocasião pela singularidade do negócio, como inevitavelmente torna vulnerável a decisão do governo de permitir a união entre a Oi/Telemar e a Brasil Telecom para a criação de uma supertele nacional, com financiamento do BNDES.

Mesmo que fosse indiscutível a necessidade de o governo estimular uma empresa nacional para disputar o mercado com as gigantes do setor — o que não é consenso —, é preciso alterar a legislação para permitir a fusão, coisa que o governo está providenciando.

O mesmo PT que caiu de pau no governo de Fernando Henrique Cardoso quando o BNDES ajudou na formação de grupos para disputar a privatização das telefônicas, e viu irregularidades e interesses escusos em todos os estímulos dados pelo governo, agora no governo atua diretamente para viabilizar esse supernegócio, e atuou na venda da Varig, acrescentando o toque familiar às inevitáveis acusações de favorecimento.

Como disse o presidente Lula, o depoimento de Denise Abreu não deu muito caldo, isto é, não produziu provas concretas que colocassem o governo em maus lençóis.

O presidente está tão imunizado contra as denúncias que já se diz em Brasília que, mesmo que houvesse um filme mostrando Lula com a mão num cofre tirando dinheiro, o povo se convenceria facilmente de que ele estava era devolvendo o dinheiro.

E o nosso problema é exatamente este: se nem mesmo com provas concretas, como no caso do mensalão, o governo e seus aliados ficam constrangidos, o que dizer de simples indícios?

E-mail para esta coluna: merval@oglobo.com.br

sexta-feira, 13 de junho de 2008

NITROGLICERINA PURA


FOTO: A ex-diretora da ANAC, Denise Abreu, depondo no Senado Federal

Comentário sobre a notícia:

Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO em 11 junho 2008

Publicado no O GLOBO em 12 junho 2008

Pelo depoimento realizado no Senado Federal, Denise Abreu, ex-diretora da ANAC, provou que é mesmo o lado feminino do Roberto Jefferson, ao confirmar todas as denúncias feitas contra a ministra Dilma Ruousseff.

Por outro lado, o Lula custou a descobrir que as acusações contra a ministra são "abomináveis'. Mas a "defesa" chegou tarde.

Denise Abreu comandou o espetáculo, enquanto os senadores da base do governo pareciam estar engolidos pelas evidências.

O senador sem voto, Wellington Salgado, como sempre, resolveu fazer piadinha com a religiosidade da depoente, e foi obrigado a ouvir da mesma uma veemente resposta.

Tenho certeza absoluta que o Lula deve ter percebido que o assunto é nitroglicerina pura.

Essa negociata da Varig está mostrando a todos que as supostas Agências "Reguladoras" nada mais são do que autarquias do atual governo.

A partir de agora, o Lula deve estar preocupado em descobrir qual seria a maneira menos dolorosa para retirar de Dilma Rousseff a guarda do PAC. Ele sabe que a coisa vai empacar.


CLIQUE AQUI para ler NITROGLICERINA PURA

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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ATENÇÃO: URGENTE

O Globo EDIÇÃO DO DIA 13.06.2008

O ministro Nelson Jobim apareceu, e está muito preocupado com a Denise Abreu

Página 2

PANORAMA POLÍTICO

Missão secreta

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, madrugou na terça-feira. Viajou para São Paulo, onde reuniuse com o juiz Luiz Roberto Ayoub, que comandou a venda da Varig, para conhecer os autos do processo.Ele retornou no início da tarde e esteve no Palácio do Planalto. Fez uma avaliação jurídica do caso e tranqüilizou o governo quanto ao depoimento da ex-diretora da Anac Denise Abreu.

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ROMERO JUCÁ, O "LÍDER" EM RECEBER VERBAS DO LULA


FOTO OFICIAL DO LÍDER DO GOVERNO NO SENADO FEDERAL, ROMERO JUCÁ

Comentário sobre a notícia:

"O Jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria onde confirma Boa Vista como a campeã em verbas federais por habitante." Essas palavras não são minhas. Elas estão inseridas na página oficial do Senador Romero Jucá, no Senado Federal.

Mais adiante, somos informados que "a média dos últimos anos é de R$ 80 de dinheiro federal por habitante. Com o trabalho do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), Boa Vista recebeu R$ 623,90 por habitante. A segunda colocada Rio Branco recebeu quase um terço deste valor R$ 268,91 por habitante."

Eu nunca havia entendido como era possivel um parlamentar defender as causas e projetos do governo, por mais absurdos que fossem, sem nenhuma restrição, e da forma mais veemente possivel.

Entretanto, depois de bisbilhotar na Internet a página de Romero Jucá no Senado Federal, descobri um dos motivos que podem levar um político a esquecer os princípios da ética e da moralidade pública, e ainda se vangloriar oficialmente de tal façanha.

É para isto que serve o Senado Federal?


CLIQUE AQUI ... para ver a página no Senado Federal do Senador Romero Jucá.

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

ONDE ANDA VOCÊ em junho de 2008 ...


FOTO: O MINISTRO DA DEFESA NELSON JOBIM SUMIU DEPOIS QUE EX-DIRETORA DA ANAC DENISE ABREU COMEÇOU A FALAR SOBRE A NEGOCIATA DA VARIG

Comentários sobre a notícia:

As pressões, lobbies e jogos de interesses que envolveram a compra da VarigLog não são fatos estranhos ao noticiário da imprensa brasileira. A grande novidade é a ausência total do ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Afinal de contas foi ele que demitiu a ex-diretora da ANAC, Denise Abreu, e indicou a atual Solange Paiva Vieira. Diante disso, conclui-se que o ministro é um entendido em assuntos da ANAC. Porém, esperto como é o ex-presidente do STF, sua excelência deve ter percebido que o assunto é nitroglicerina pura.

Assim sendo, o falante ministro da Defesa resolveu abandonar o discurso, e aguardar a oportunidade certa para aparecer bravamente no caso VarigLog, quem sabe até trajando o seu famoso uniforme de campanha.

Quem sobreviver, verá.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

DENISE ABREU É O LADO FEMININO DE ROBERTO JEFFERSON


FOTO: A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, ao desembarcar no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, nesta terça-feira

Comentário sobre a notícia:

Publicado no O GLOBO em 07 de junho de 2008

Pode ser que a Denise Abreu, ex-diretora da ANAC, seja o lado feminino do Roberto Jefferson. O ex-deputado do PTB, cassado por corrupção, pediu ao vivo na TV que o Josè Dirceu renunciasse à chefia da Casa Civil, porque ele era o chefe do mensalão.

Ou por convicção, ou por não ter outra saída, Jefferson manteve todas as acusações até o fim. Vamos ver se a Denise Abreu resiste as forças ocultas que devem estar atuando nos bastidores, e faça o mesmo pedido a Dilma Rousseff.

As coisas estão caminhando para ficarem iguais, ou piores que o mensalão.

Em matéria de fatos comprovados, o cenário está ficando muito perigoso para a candidata petista à presidência da República.

Prezada Denise Abreu, não se esqueça que todo mundo está de olho vivo em você.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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DENISE ABREU ACUSA DILMA ROUSSEFF


Foto: A ex-diretora da Anac, Denise Abreu, fumando um gostoso charuto numa reunião

Comentário sobre a notícia:

Os escãndalos no Brasil são diversificados. Podem acontecer na Terra, na Água, ou no Ar. A ex-diretora da Anac, Denise Abreu, aterrisou na pista escorregadia da Casa Civil do governo Lula, onde a candidata Dilma Rousseff mantém seu escritório eleitoral, sempre assessorada pela fiel escudeira, Erenice Guerra.

Denise Abreu touxe na bagagem a história de uma negociata que aconteceu por ocasião da venda da Variglog. Os personagens da história são as mesmas figurinhas de sempre. A ministra e candidata Dilma Rousseff, o poderoso Advogado Roberto Teixeira, compadre do Lula, Erenice Guerra, membros da antiga e excecrada diretoria da ANAC, enfim, os mesmos personagens que estão constantemente no horário nobre da malandragem nacional.

Caso aconteça uma investigação séria sobre a venda da VarigLog para os grupos estrangeiros, iremos descobrir porque as companhias aéreas mantiveram seus balcões e lojas, durante anos, luxuosamente instaladas aqui no Brasil, sem que tivessem um movimento de passageiros que justificasse tal investimento.

É a prova evidente de que na época eles já sabiam de tudo o que estava para acontecer com a nossa aviação comercial.

No Congresso Nacional já existe uma lei pronta para liberar geral o espaço comercial aéreo no Brasil. Chegou a hora e a vez de Denise Abreu, e dos ex-diretores da ANAC, envolvidos no caso, e tão criticados e acusados recentemente, darem a volta por cima.

O povo aqui embaixo agradece.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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CLIQUE AQUI - FORUM ALBERTO SANTOS DUMONT - V A R I G e a farsa da venda ... Denise Abriu abre o bico ...

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 08.06.2008.

Página 1 - MANCHETE

Varig: Planalto fez pressão, diz ex-procurador


O ex-procurador-geral da Fazenda Nacional Manoel Felipe Brandão afirmou que sofreu pressão do Palácio do Planalto para aceitar que a Varig fosse vendida sem que o novo dono assumisse R$ 2 bilhões em dívidas. [Página 42]


Economia - Página 42 Varig: Procuradoria da Fazenda sofreu pressão

Segundo ex-procurador, Planalto foi contra parecer que isentava comprador da aérea de assumir R$ 2 bi em dívidas
Martha Beck


BRASÍLIA. A ação do governo para concretizar a operação de venda da Varig também atingiu a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). O ex-procuradorgeral da Fazenda Nacional Manoel Felipe Brandão admitiu ao GLOBO ontem que sofreu pressões do Palácio do Planalto para mudar seu parecer relativo à operação, no qual entendia que o comprador da Varig deveria assumir as dívidas tributárias da empresa com a União, em torno de R$ 2 bilhões.

— Houve uma pressão, que é comum quando há entendimentos técnicos diferentes sobre algum assunto — disse Brandão, que deverá ser convocado pela oposição para falar na Comissão de Infraestrutura do Senado.

Segundo Brandão, seu parecer apenas confirmava o que diz a lei de recuperação judicial: que uma empresa do perfil da Varig não poderia se dividir para ser vendida.

O ex-procurador afirma que uma companhia com patrimônio, e que esteja em dificuldades financeiras, pode vender unidades produtivas que ajudem a reunir
recursos para honrar suas dívidas. O que não era o caso da Varig.

— A Varig não tinha patrimônio nem unidade produtiva para vender. O que acabou comprado foi o direito de uso do nome e os espaços da empresa nos aeroportos — afirmou ele.

Com a saída de Brandão do comando da PGFN, seu sucessor, Luiz Inácio Adams, emitiu um parecer favorável ao que o Planalto queria: que a Varig poderia ser vendida sem sucessão tributária, ou seja, sem o repasse da dívida ao novo comprador.

Ontem, o ex-procurador-geral evitou polemizar ou fazer análises sobre o que teria levado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a substituí-lo por Adams.

No entanto, ele admitiu que o caso Varig foi um elemento importante para sua saída:

— Sofri resistência. Tanto é que saí. Minha situação ficou insustentável.

Sua troca por Adams foi cercada de polêmica.

Os dois tinham diferenças não só em relação à Varig, mas também sobre a forma de condução da carreira dos funcionários da PGFN. A rivalidade dividiu a equipe da Procuradoria, e muitos integrantes ligados a Brandão também deixaram os cargos com sua saída.

A venda da Varig será discutida na quarta-feira na Comissão de Infra-estrutura do Senado, que ouvirá depoimentos da exdiretora da Anac Denise Abreu — que acusou a Casa Civil de favorecer o comprador da Varig — e outros diretores envolvidos nas negociações em 2006. A convocação foi aprovada a pedido da própria base governista.

A oposição quer ampliar a lista de depoentes, incluindo Brandão.

E, segundo o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), não está descartada a possibilidade de uma CPI para investigar as pressões do governo.

DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA


Publicado no Estado de São Paulo 06 junho 2008 - CLIQUE AQUI ...
Comentário sobre a notícia:

A falsa visâo que temos do verdadeiro culpado da devastação na Amazônia nos leva a esquecer de que os grandes responsáveis por essa tragédia sem fim, somos nós mesmos.

Acho que o problema nem é de nacionalismo, mas sim , de cumplicidade "patriótica". Desde criança nós convivemos com um tipo de corporativismo que está acima da lei, da ordem, da ética e da moralidade.

Aprendemos que na nossa família não existem culpados. No caso da Amazônia este corporativismo nacional é usado pelos oportunistas para que o povo erga seu protesto somente contra os vigaristas internacionais, e se esqueça dos grandes devastadores brasileiros que fazem o que bem entendem com as nossas florestas.

A maior parte destes criminosos andam soltos por ai, ocupam espaços na mídia, possuem empregos públicos de primeiro escalão, são eleitos pelo povo para todo o tipo de cargo, e andam a tiracolo com as principais autoridades de Brasília.

A grande verdade é que não existe nenhum grupo de brasileiros realmente interessado em descobrir e pesquisar as riquezas que podem ser descobertas nas nossas florestas.

Muita gente se pergunta: se tem tanta terra espalhada pelo Brasil esperando que os nossos agronegocistas plantem a sua soja e criem os seus bois, porque eles querem logo a Amazõnia ?

Simplesmente porque lá a maioria da terra não tem dono, e é praticamente de graça. Basta derrubar e ir queimando tudo. Além do mais, a mão de obra é praticamente escravizada.

Contudo, não devemos esquecer que na Amazônia também existem milhares de viagaristas e piratas internacionais que se fazem de santinhos.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

ENTRA O MINISTRO DA PRAIA DE IPANEMA E SAI A MINISTRA DA FLORESTA


FOTO: ENTRA O MINISTRO DA PRAIA DE IPANEMA E SAI A MINISTRA DA FLORESTA DE XAPURI NO ACRE

Comentário sobre a notícia:

A posse do novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, foi uma das cenas mais constrangedoras que o povo brasileiro já presenciou. Lula elogiou sem parar a ex-ministra Marina Silva, que aparentava estar bastante embaraçada.

O novo ministro acendeu uma vela a Deus e outra ao Diabo, hábito que o levou a ser o nome ideal para participar do atual governo.

Para evitar imprevistos, só o Lula discursou.

Tudo isso, transformou aquele evento numa cena digna de entrar nos capítulos finais da novela 'Duas caras'.

No início de maio, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que iria encaminhar ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um processo para transformar o uso do chá de ayahuasca em patrimônio da cultura brasileira.

Tenho a impressão de que antes dos atos políticos dos quais participa, o presidente Lula já está saboreando a referida bebida.

Para quem não sabe, o chá de ayahuasca é o popular Chá do Santo Daime.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

sábado, 7 de junho de 2008

O LEGISLATIVO NO BRASIL



Comentário sobre a notícia:

Quem imagina que o Congresso Nacional foi palco da 'última' votação vergonhosa, sempre se engana. No legislativo não existe a expressão 'última' quando se trata de votar qualquer tipo de bandalheira que proporcione lucro e votos para os elementos que usam o Parlamento como trampolim para a fortuna.

Escudado em artimanhas jurídicas e tributárias, foi aprovado o genérico da CPMF, o CSS. Como no meio parlamentar não existe a possibilidade de existir a última mutreta, e por estarmos em ano de eleições municipais, os parlamentares de Brasília acharam por bem abrir mais 7.500 vagas para as Câmaras de Vereadores de todo o Brasil. É impressionante a cara de pau dos nossos políticos.

Eles continuam fazendo a mesma coisa, um dia atrás do outro, e niguém encontra um meio legal de prende-los, ou acabar com a falta de vergonha que vigora no pulmão da nossa democracia.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 29.05.2008.

Legislativo enfraquecido

Merval Pereira


O fato de a base parlamentar governista ter servido de “barriga de aluguel” para dar à luz um projeto de lei que cria um novo imposto porque o Palácio do Planalto não quis assumir a paternidade da proposta poderia significar apenas a ratificação de uma submissão política ao Executivo. Mas a maneira atabalhoada como foi conduzida a negociação do projeto, da mesma forma como, na véspera, uma emenda constitucional aumentando o número de vereadores fora aprovada com uma série de equívocos, mostra que o Poder Legislativo não está apenas perdendo o controle das iniciativas para o Executivo, mas está também tocando o processo legislativo de maneira negligente.

A criação da Contribuição Social da Saúde (CSS), nome de fantasia para a ressuscitação da CPMF, certamente será questionada no Supremo Tribunal Federal depois de provavelmente aprovada pela Câmara e pelo Senado. O truque de criar o novo imposto por projeto de lei e não por emenda constitucional, como têm sido criadas todas as contribuições, foi para evitar uma nova derrota no Senado, onde o governo tem maioria para aprovar projetos, mas não emendas constitucionais.

Mais uma vez o governo arranjou um “jeitinho” para tentar contornar a legislação e aumentar a carga tributária, mas a questão deve enriquecer a relação de assuntos que formam a “judicialização” da política, esse novo fenômeno que tomou conta das preocupações em Brasília. Assim como a “politização” da Justiça, são fenômenos que poderiam criar impasses institucionais no país.

O novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro do Supremo Carlos Ayres Britto, está assumindo uma posição bastante ativa nas discussões sobre o registro de candidatos para as próximas eleições, firmando posição importante no apoio à negação de registro àqueles que respondam a processos em qualquer instância.

Apesar da intenção moralizadora, ao avançar em análises sobre o processo político e nosso sistema partidário, o ministro tem provocado irritação em setores políticos, que começam a se preocupar com o que estaria se caracterizando como uma ingerência do Judiciário nos assuntos do Legislativo.

Até o momento, apesar das declarações constantes de vários ministros do Supremo, não tem havido, na prática, uma intromissão, sendo que na maioria dos casos os tribunais superiores foram chamados a decidir por consultas dos próprios políticos. E, na maior parte das vezes em que foram consultados, os tribunais apenas reiteraram interpretações de leis já em vigor.

Foi o que aconteceu no caso da verticalização, introduzida na eleição de 2002 porque o deputado Miro Teixeira fez uma consulta ao TSE para obrigar que a lei já existente fosse seguida pelos partidos. Também nesse caso da criação do novo imposto, no bojo do projeto de lei que regulamenta a Emenda 29, que dá mais recursos para a saúde, certamente a oposição recorrerá ao Supremo para tentar barrar mais esse imposto.

A negociação foi feita tão de improviso que até tarde da noite, enquanto os deputados discursavam no plenário, nos bastidores ministros ligados ao PMDB passeavam pelo Congresso arregimentando votos, e assessores do ministro da Saúde eram expulsos do plenário enquanto cabalavam votos.

Pior que isso, o texto do projeto de lei não era conhecido da grande maioria dos parlamentares, pois o governo se dispunha a fazer alterações até a última hora para garantir os votos necessários.

Da mesma forma, também a emenda constitucional que criou mais 7.500 vagas de vereadores tem muitas falhas, pois acabou aglutinando várias propostas, algumas contraditórias entre si, como aumentar o número de vagas e reduzir o gasto das
Câmaras.

O projeto inicial do relator Vitor Penido mantinha em 51.748 o número total de vereadores no país, mas pressões de colegas e partidos alteraram o número, a começar pelo mínimo, de sete para nove, de vereadores de pequenos municípios, que são a maioria.

Mesmo a redução de gastos com os legislativos municipais, de um máximo de R$ 6 bilhões para R$ 4,8 bilhões, foi acompanhada da supressão do limite constitucional de 70% para gastos com subsídios dos vereadores e pessoal, conta que não fecha, a não ser que sejam demitidos funcionários pelas Câmaras do país, justamente em um ano de eleições municipais.

O deputado Chico Alencar (RJ), um dos poucos que votou contra a emenda, lembra que a medida, que classifica “de varejo”, foi tomada fora do contexto da reforma política, que a mesma Câmara dos Deputados não conseguiu fazer.

“Em outubro próximo, 59.791 vereadores serão eleitos, em grande parte por partidos sem doutrina, currais fisiológicos, compra demagógica de votos, abuso de poder econômico.

Nesse sistema muitos vão ampliar a relação clientelista com as prefeituras e com a população”, diz Chico Alencar.

Também o deputado Miro Teixeira votou contra a PEC, e chama a atenção para o fato de que tanto a questão do número de vereadores foi tratada fora da reforma política como a criação do novo imposto foi proposta com uma reforma tributária em tramitação no Congresso. O que mostra que as duas medidas aprovadas atendem a interesses específicos, mas não fazem parte de um projeto organizado.

"GÊNIOS" DA MALANDRAGEM


VIDEO DE CHURRASCO DO LULA COM O MANGABEIRA UNGER

ENTREVISTA DE MANGABEIRA UNGER AO JORNAL O GLOBO

'A Amazônia não é só assunto de ambientalistas'

BRASÍLIA. Em sintonia com o pensamento militar, o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, criticou a política indigenista do governo, que distribui terra mas nega aos indígenas oportunidades econômicas. “Por isso, estão se afundando na depressão, no alcoolismo e no suicídio”, disse durante entrevista em seu gabinete no Comando do Exército, em Brasília. Evandro Éboli e Bernardo Mello Franco

O GLOBO: Qual a opinião do senhor sobre a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol?

MANGABEIRA UNGER: A orientação do presidente é aguardar a decisão do STF. Mas direi duas coisas: o Estado de Roraima tem o direito de gozar de todas as condições de uma vida vigorosa e independente dentro da federação. Outra coisa: temos a obrigação de repensar as diretrizes de nossa política indigenista.O Brasil reserva 13% de seu território e mais de 20% da Amazônia aos indígenas. Uma generosidade louvável. Mas, paradoxalmente, nega aos índios instrumentos e oportunidades da atividade econômica.Muitas vezes, por isso, estão afundando na depressão, no suicídio, no alcoolismo e na desagregação moral e social. Temos a obrigação de consertar isso. Temos um compromisso sagrado com os índios, que são pessoas, e todas as pessoas são espíritos que desejam transcender.

O senhor, então, acha que é terra demais para os índios?

MANGABEIRA: Não direi isso. Digo que nossa generosidade de oportunidade é
insuficiente. Esse é o destino do homem. Ser grande, divino. E não ser uma
criança aprisionada num paraíso verde.

O ex-governador do Acre Jorge Viana criticou sua nomeação como coordenador do Programa Amazônia Sustentável (PAS).

MANGABEIRA: Eu registrei um protesto veemente contra a fala do governador Viana. Ele errou. Eu não sou um aluno só em matéria de Amazônia. Sou um aluno em matéria de tudo. Como, durante toda minha vida, me opus às idéias dominantes em minha época e em meu país, me acostumei a conviver com os críticos e aprender. Seria uma maravilha poder contar com a ajuda e o aconselhamento de um homem com o tino e a experiência do governador.

Qual seria o melhor órgão de repressão a desmatadores? O ministro Carlos Minc propôs a criação de uma Guarda Nacional Ambiental...

MANGABEIRA: Quero resguardar a minha opinião. Nada de julgamentos apressados. Estamos numa tarefa de imensa seriedade, e o objetivo não é produzir efeitos midiáticos, é resolver problemas graves do país.Também tem que ficar claro que não queremos militarizar a Amazônia.É um equívoco pensar na Amazônia só como assunto de meio ambiente ou do Ministério do Meio Ambiente. Quase todos os ministérios estão envolvidos com a Amazônia.A Amazônia não é só assunto de ambientalistas. Os amazônios ficam indignados com isso. Isso não é uma idéia da Amazônia, é uma idéia do Sudeste sobre a Amazônia.

Como reagiu à notícia de que a Amazônia pode ser vendida por US$ 50 bilhões?

MANGABEIRA: (Rindo). Não há dinheiro no mundo que possa comprar a Amazônia. É nosso maior tesouro e não tem preço. A premissa de qualquer discussão com o mundo à respeito da Amazônia é a reafirmação inequívoca e incondicional da nossa soberania.

A denúncia é grave?

MANGABEIRA: Não precisamos nos preocupar. Precisamos é fazer nosso serviço, que é preservá-la e desenvolvê-la ao mesmo tempo.Cria-se a impressão de haver no país um confronto entre ambientalistas e desenvolvimentistas. A realidade é, ao mesmo tempo, mais grave, mais perturbadora e mais esperançosa.Um pequeno número de brasileiros acha que a Amazônia é apenas um parque. Outro pequeno número aceita entregá-la a formas predatórias.Mas a grande maioria insiste no desenvolvimento sustentável, só não sabe como efetivá-lo. Nosso problema não é divisão. É confusão.