TROCA-TROCA ELEITORAL, UMA GRANDE NEGOCIATA
Comentário sobre a notícia:
Ano eleitoral é o ano em que os políticos fazem a farra com o dinheiro do povo e os cargos públicos são trocados pelo apoio indecente aos candidatos do governo. É um jogo de cartas marcadas.
Em São Paulo, o astucioso e sonolento deputado Aldo Rabelo, do PCdoB, abandonou a disputa pela prefeitura e aceitou ser o vice na chapa da Marta Suplicy. Em troca, o PT vai apoiar a candidata do PCdoB à prefeitura do Rio, Jandira Feghali.
Um ótimo negócio, principalmente agora que a candidatura do bispo Crivela "sujou", e os demais se afundam na própria mediocridade. Lula patrocinou com o dinheiro público todo o "cimento" do bispo Crivela no Morro da providência.
O candidato do PT no Rio, Alessandro Molon, "dançou". Lula deve lhe dar um bom agrado.
E esse jogo imoral acontece no Brasil inteiro.
Em São Paulo, a briga de vaidades do PSDB faz mais estrago do que os petistas teriam capacidade de fazer. A melhor coisa que qualquer adversário do PSDB e do DEM pode fazer é ficar quieto, porque eles mesmos se devoram entre si. No governo petista, PT e PMDB, continuam sendo a única "oposição" eficaz ao Lula.
E assim, entre escândalos diários e horripilantes, segue em berço esplendido a democracia no Brasil.
WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)
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ESTADO DE SÃO PAULO, 21 de Junho de 2008
A divisão do PSDB
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O Globo EDIÇÃO DO DIA 20.06.2008
MERVAL PEREIRA
Mudança de ventos
Dois fatos políticos estão alterando a campanha eleitoral para a prefeitura do Rio. O candidato que aparecia como favorito em todas as pesquisas, o bispo Marcelo Crivella, neste momento está bastante prejudicado em sua imagem pública devido aos acontecimentos no Morro da Providência, onde ele tem um projeto assistencialista que contava com o apoio governamental e seria seu carro-chefe propagandístico na campanha se um fato novo, que, junto com o “fato consumado”, são fundamentais na política, não tivesse ocorrido. O envolvimento de militares do Exército, que faziam a segurança do projeto, na morte de três rapazes daquela comunidade respingou no candidato do PRB, que pode perder apoios que vinha tentando ampliar para além da Igreja Universal, berço de sua carreira política.
Por outro lado, com a aceitação por parte do deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, de ser candidato a vice na chapa de Marta Suplicy em São Paulo, é previsível que cresçam as pressões junto ao PT do Rio para que desista da candidatura do deputado Alessandro Molon e junte forças apoiando Jandira Feghali, a candidata do PCdoB que aparece como a segunda colocada nas pesquisas eleitorais.
O gesto de boa vontade de Aldo Rebelo, tirando Marta Suplicy do isolamento político em que se encontra, apesar de aparecer em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, só se justifica se o PT corresponder com outro.
Molon, que insiste em manter sua candidatura e ontem levou à Executiva Nacional um abaixo-assinado com apoio da maioria do diretório estadual, não parece ter condições políticas de fazer uma boa campanha.
Ainda mais agora, com a tentativa, encabeçada por Lula, de forçar uma união com o PCdoB e o PSB para fortalecer candidaturas da base aliada em capitais importantes.
É candidato certo a ser “cristianizado” se não desistir da candidatura.
O possível enfraquecimento da candidatura de Crivella no Rio, e a guerra fratricida no PSDB em que se envolveram os grupos de apoio ao prefeito Gilberto Kassab e ao ex-governador Geraldo Alckmin, são acontecimentos políticos que viabilizam as candidaturas da base aliada de esquerda.
Pragmático como sempre, dificilmente Lula deixará de abrir uma porta para a candidata do PCdoB, já que o PT continua inviável eleitoralmente no Rio e o bispo do PRB pode ter tido, com o episódio trágico das mortes no Morro da Providência, um tropeço difícil de superar.
O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, que era um potencial candidato do PT à prefeitura do Rio antes de ir para o ministério, passou ontem o dia em articulações políticas no Rio para favorecer a aliança com o PCdoB.
A alegação de Molon de que seu nome foi referendado por uma assembléia de mais de 8 mil militantes não significa grande coisa, pois quando o PT interveio no diretório do Rio para forçar uma aliança com Garotinho, o candidato Vladimir Palmeira havia sido escolhido por nada menos que 15 mil filiados, além do que, era amigo do então ministro José Dirceu, o chefe da Casa Civil que liderou a intervenção.
O que está acontecendo no PT, aliás, é mais uma dessas contradições políticas que já não se explicam mais, apenas acontecem. O candidato oficial do partido, Alessandro Molon, é claramente ligado à Igreja Católica no Rio, mas o candidato preferido de Lula é o pastor evangélico Marcelo Crivella.
E a candidata do PCdoB que pode tirar Molon do páreo é uma comunista que foi derrotada para o Senado quando estava praticamente eleita porque se envolveu em uma disputa justamente com a cúpula da Igreja Católica do Rio.
A sorte de Molon é que, no momento, a executiva nacional do PT não está disposta a exercer uma influência mais intervencionista nas questões locais, considerando que será mais positivo para a imagem do partido uma negociação política, m e s m o q u e g u i a d a p o r orientações autoritárias.
É o caso da aliança do PSDB com o PT em Belo Horizonte, que continua vetada pela direção nacional mesmo com o pedido de reciprocidade do PSB nacional, que afinal é quem está dando a cabeça de chapa na aliança mineira, com o PT na vice.
Mas, ao contrário de ocasiões anteriores, a direção nacional petista não ameaça com uma intervenção no diretório mineiro, e sim com uma ação na Justiça, mesmo procedimento que o prefeito Fernando Pimentel já ameaçou utilizar.
Qualquer união em Minas, no entanto, não prevalece se não tiver a sustentá-la o esquema político do governador Aécio Neves, e o PT quer essa sustentação política, mas quer escondê-la dos eleitores para não fortalecer o governador mineiro na corrida presidencial dentro do PSDB.
É improvável que o governador Aécio Neves desista da aliança política com o prefeito petista Fernando Pimentel, embora lhe fosse plenamente possível eleger qualquer outro candidato se decidisse romper o acordo.
A aproximação do PT com o PCdoB em nível nacional é também um complicador tanto para o governador quanto para o prefeito Pimentel em nível regional, pois poderia criar um pólo político à esquerda razoavelmente forte, mesmo que não tenha condições de vencer a eleição.
A chapa com Márcio Lacerda do PSB para prefeito, com o PT dando o vice do grupo de Pimentel, é a garantia de que o comando na capital continuará nas mãos do grupo político que hoje está no poder.
O fato político é que o PT, depois de tentar montar uma grande aliança com o PMDB em nível nacional, está retornando aos braços do “bloquinho” de esquerda, formado pelo PCdoB, PSB e PDT, seus tradicionais apoiadores na esquerda partidária.
A diferença é que esses partidos cresceram de importância nas últimas eleições e estão exigindo maior reciprocidade.
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