Jornal do Brasil - 01 de janeiro de 2008Ives Gandra Martins
PROFESSOR Evtuchenko, poeta russo, visitou, quando jovem, uma vila de seu país, sendo recebido pelos maiores da cidade. Quando passava em frente a um cemitério, entrou para visitá-lo e ficou impressionado ao constatar que, nas lápides, não havia data de nascimento ou de morte, mas apenas a observação "viveu três", "viveu cinco anos" - a indicar que muitas daquelas pessoas haviam morrido muito jovens. Julgando tratar-se de um cemitério de crianças, manifestou interesse em conhecer onde eram enterrados os adultos. Foi informado, porém, que aquele era o único cemitério da cidade. Espantado com a resposta, perguntou por que, então, aquelas pessoas haviam morrido tão jovens, ao que seu cicerone respondeu: "Nesta cidade, os anos só se contam a partir do momento em que a pessoa compreende que está no mundo para servir, e não para ser servido, aprendizado que, muitas vezes, dura até a velhice".
Neste início de 2008, parece valer a pena refletir sobre a lição que Evtuchenko aprendeu naquela visita e perguntar-nos se aprendemos a ser solidários, a criar uma sociedade solidária, a viver os valores familiares, profissionais e sociais.
Como o Brasil avançaria se os nossos governantes estivessem mais preocupados em dedicar-se exclusivamente a servir e não a se manterem no poder, a qualquer custo, lembrando a triste constatação do saudoso Roberto Campos: "Na política brasileira, há dois tipos de pessoas, os incapazes e os capazes de tudo"!
À evidência, não acompanho o pensamento de meu querido amigo, cujo brilhantismo e raciocínio tanta falta faz ao país, pois sei que a sua observação, embora válida para parcela considerável de nossos políticos, não é válida para um núcleo de brasileiros idealistas, que vive a política como forma de servir à nação e está disposta a tudo para criar uma nação melhor. Entre estes, poderia citar, a título apenas exemplificativo: Marco Maciel, Pedro Simon, Eduardo Suplicy, Patrus Ananias, Jefferson Peres. As divergências que mantenho com alguns não modificam o profundo respeito pela sua busca do bem comum, cujos caminhos nem sempre convergem para as mesmas soluções.
Gostaria, neste início de 2008, que, efetivamente, a lição apreendida pelo renomado poeta russo valesse também para todos aqueles que, pertencendo à sociedade "não governamental", têm-se esquivado de participar da vida comunitária, quando poderiam fazê-lo engajando-se em organizações sociais do terceiro setor e contribuindo, assim, para reduzir os desníveis sociais existentes no Brasil.
Não apenas aos políticos mas à sociedade cabe a tarefa de lutar por um mundo solidariamente mais justo. Em palestra de Clinton, a que assisti, a convite de Fernando Henrique, por ocasião da inauguração do instituto cultural do ex-presidente, dizia ele que a fortaleza da democracia americana encontrava-se mais na força das ONGs do que na dos partidos, pois são elas que levam o povo a participar do fortalecimento da nação americana.
Se cada brasileiro dedicasse parcela de seu tempo a servir ao próximo, como voluntário, protestando menos e agindo mais, o país seria melhor.
Que aprendamos, todos, neste 2008, a exercer a cidadania. É o que este velho articulista deseja a todos os brasileiros.
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NOTA DE RODAPÉ 1:[ 01/01/2008 ] 02:01
No livro "DEMOCRACIA PURA", de J. Vasconcelos, é possível seguir a história da verdadeira democracia e encontrar uma proposta detalhada para que a humanidade possa fazer ressurgir o governo popular e, sem a intermediação de políticos profissionais, criar um governo de todos, para todos“DEMOCRACIA PURA”, de J. Vasconcelos.
Editora: Nobel
Edição: 1
Número de páginas: 188
Lançamento: 1/1/2007
NOTA DE RODAPÉ 2:10/08/2007 - 16:05
Escrito por: Patricia Donati de Almeida
Veja os detalhes do livro "Democracia Pura" de J. Vasconcelos.
J. Vasconcelos, professor, filósofo, pesquisador, publicista pós-graduado em Direito Constitucional é autor do livro "Democracia Pura”, publicado pela Editora Nobel, em São Paulo, no ano de 2007. No livro, o autor exprime sua opinião sobre a história da verdadeira democracia e nos mostra caminhos para que o povo reconstrua um governo legitimamente popular.
Nessa conjectura, a obra permite ao leitor descobrir as origens da democracia pura: sociedades primitivas nas quais, por motivo de sobrevivência, os indivíduos atuavam de forma solidária, colaborando uns com os outros e, principalmente, com participação direta nos processos decisórios que envolviam a comunidade.
Trata-se de livro com 188 páginas, em que o autor nos propõe estudo sobre o verdadeiro conceito de democracia e se preocupa em analisar a viabilidade de sua aplicação na atual sociedade.
NOTAS DO AUTOR do livro "DEMOCRACIA PURA", J. VasconcelosDe 1714 até 1746, mais de 200 navios levaram do Brasil ao Rei de Portugal, D.João V e seus cortesãos o seguinte:
- 681 arrobas de ouro em pó
- 315 marcos de prata
- 12 milhões em diamantes
- 392 oitavas de diamante
- 22 caixas de ouro em obra
Verbas essas que naquela época somavam quantias fabulosas foram utilizadas a bel prazer pela casa real em pagamentos altíssimos à cúria romana para, entre outras futilidades,
- que os seus serviçais religiosos pudessem usar meias de cor vermelha;
- que o rei de Portugal fosse tratado por Fidelíssimo;
- que a capela real tivesse estas e aquelas distinções vãs;
- que fosse permitida à igreja lusitana celebrar 3 missas no finado;
- que fosse permitida a Lisboa fazer suas procissões com as pompas e ritos das realizadas em Roma
Pois bem, gastaram toda a riqueza vinda do Brasil nessas frivolidades e Portugal naufragava na penúria, sem estradas, sem escolas, sem hospitais, sem academias de ciência, etc. Com tantas despesas inconseqüentes, o Rei propôs até criar impostos ao povo.
Ao Brasil, cabia apenas 120.000 cruzados.
Enquanto isso, na mesma época, as colônias americanas da Nova Inglaterra praticavam a democracia pura ( na sua forma direta) e usavam a riqueza do país para a sua construção; tinham a reclamar somente da imposição da Inglaterra sobre a obrigatoriedade de importação de manufaturados ingleses.
Realmente, quando o destino de um povo é comandado por um individuo, ou por uma família, ou por um grupo, ou por algumas classes, não adianta recordes de arrecadação fiscal, criação e aumentos de impostos, montões de tesouro, que
- tudo será encaminhado sob os caprichos e interesses de grupos;
- a riqueza se dissipará sofregadamente.
É o caso dos governos que temos, onde o Poder está com os políticos profissionais e outros privilegiados. Criação e aumento de impostos servem principalmente a benefícios e favorecimentos dos mesmos, com remunerações absurdas, aposentadorias milionárias, viagens, mordomias, super-aviões de luxo, palácios para desembargadores, ultra-sofisticados computadores para os parasitassenadores, churrasqueira palacial ao custo de 3,8 milhões de reais, reforma milionária para o galinheiro palaciano, doações demagógicas a outros países, etc. ( um dos quais goza de rendimentos mais confortáveis do que o Brasil, pois recebe royalties da extração do petróleo; se seu povo é pobre, deve-se ao fato de que é explorado por um ditador há 37 anos no Poder, com contas bilionárias nos paraísos fiscais, tal como o fizeram seus colegas, Idi Amin, Sekou Touré, e outros tiranos ) Agora o Brasil é um país com rodovias em frangalhos, trafego aereo em colapso, sofríveis transportes públicos e portos desaparelhados para suportar as crescentes exportações, com 55,7 milhões vivendo em estado de pobreza, com uma violência inconcebível empurrando os cidadãos a jaulas particulares, etc. ( no mês de junho de 2004, num dos Estados mais pobres da Federação, (Alagoas), com um salário mínimo de R$260,00, naquela época, os desembargadores reajustaram os próprios salários para R$ 17.200,00, retroativos a 6 meses atrás, proporcionando essa retroatividade um desembolso extra de 400 mil reais aos cofres de um Estado falido ).
O rei francês Luiz XIV tinha a mania de distribuir mesadas a príncipes e reis de outros países com o dinheiro da Nação gaulesa. Quando morreu, acrescendo outras puerilidades, o resto foi aproveitado para a luxúria e farras do próximo rei, Luis XV. A única coisa positiva de todas essas asneiras, foi que prepararam o terreno para o povo francês fazer a sua gloriosa REVOLUÇÂO.
A nossa única solução, para nunca mais termos esse tipo de OLIGARQUIA, é a implantação da Democracia Pura, substituindo de vez essa falsa democracia representativa. *