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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

CARTÕES DE CRÉDITO



ESTADO DE SÃO PAULO - Quarta-feira, 30 janeiro de 2008

CGU investigará ministro da Pesca por despesas com cartão corporativo

Controladoria-Geral da União informa que a solicitação da apuração partiu do próprio titular da pasta

Sônia Filgueiras, BRASÍLIA

Além das despesas com cartão corporativo realizadas pela ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, a Controladoria-Geral da União (CGU) vai investigar os gastos feitos pelo secretário especial da Pesca, Altemir Gregolin. Pelas normas do governo, o controle das despesas desses órgãos cabe à Secretaria de Controle Interno da Presidência. A CGU acompanha os gastos com cartões corporativos dos ministérios e órgãos não ligados à Presidência.

Por determinação da Comissão de Ética Pública, porém, a CGU já está examinando as despesas com cartões de Matilde. O Ministério Público Federal também está investigando gastos desse tipo feitos por ministros. Um procedimento administrativo com essa finalidade foi aberto na semana passada.

A CGU informou que o pedido de verificação foi feito pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por solicitação do próprio Gregolin. À noite, a assessoria do secretário informou em nota que, segundo comunicado de Dilma a Gregolin, “não houve pedido de investigação das contas do cartão do ministro. Houve sim, uma disposição do ministro em apresentar suas prestações de contas à Controladoria-Geral da União, para que não restassem dúvidas a respeito dos seus gastos em viagens oficiais”.

Segundo a secretaria, Gregolin está tranqüilo, pois os gastos envolvem agendas de trabalho e estão em conformidade com a lei. Sua assessoria informou que ele gastou R$ 21,6 mil em 58 roteiros de viagens realizadas ao longo de 2007, que incluíram visitas a 85 municípios. E argumentou que viagem idêntica realizada por um funcionário de escalão intermediário acarretaria despesas com diárias de R$ 23 mil.

A secretaria explicou que os técnicos da CGU examinaram ontem mesmo os gastos do ministro e não encontraram nenhuma irregularidade. As despesas incluem hotéis, restaurantes e um jantar de R$ 500 que, segundo a assessoria, foi oferecido a uma comitiva de 30 representantes do governo chinês em visita ao País. Há, ainda, um gasto de R$ 70 em uma choperia, que corresponderia a uma refeição sem consumo de bebidas alcoólicas.

Matilde Ribeiro gastou quase sete vezes mais que Gregolin no cartão. Em 2007, ela pagou dessa forma R$ 171,5 mil em despesas de viagem . Na média, os gastos equivaleram a R$ 14,3 mil mensais, mais do que seu salário, de R$ 10,7 mil. As despesas incluíram hotéis, restaurantes e aluguéis de carros, a fatia mais pesada da fatura: R$ 121,9 mil, sempre pagos à mesma empresa de locação de veículos. A ministra também pagou com o cartão uma conta de R$ 461 em um free shop.

Sua assessoria informou que ela cometeu um “engano” e devolveu o dinheiro relativo à despesa. O ressarcimento ocorreu em janeiro, três meses depois do gasto. Sua assessoria também alegou que no ano passado Matilde intensificou contatos nos Estados, o que elevou o número de viagens. Afirmou ainda que, ao contrário de outros ministérios, o órgão não tem estrutura regionalizada e, por isso, as despesas com locomoção são mais elevadas.

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