O NEW PT, O TRIUNFO DA PELEGADA
Durante entrevista ao "Programa do Jô" da Rede Globo, o ator Carlos Vereza se mostrou indignado com o que considera a "esquerda estérica" que assumiu o poder. Afirmou que o ex-prefeito José Serra integra a "verdadeira esquerda, aquela que não é a viúva do Muro de Berlim", enquanto Lula é "uma invenção da USP, da UNICAMP, e das comunidades eclesiásticas de base com o aval do falecido Golbery de Couto e Silva", General de grande influência política durante o Regime Militar, e que foi chefe do gabinete civíl durante o governo de Ernesto Geisel. Ressaltou ainda que se antes Lula era considerado "um grande líder metalúrgico", hoje "transformou-se na glamurização do apedeuta, da ignorância". [souremix - 7 de fevereiro de 2010]
Comentário sobre a notícia em 29 de outubro de 2010:
"O filho político do general Golbery do Couto e Silva e da Igreja Católica, atual presidente do Brasil, Lula da Silva, é o poderoso cabo eleitoral da sua candidata Dilma. Estão nessa jornada com ele, os seus padrinhos preferidos, que são os boêmios intelectuais frequentadores dos elegantes bares brasileiros e a rica pelegada sindical. Todos eles portando cartões de crédito dos grandes bancos. No tempo das vacas magras os petistas eram inimigos mortais dos banqueiros. Por ocasião do primeiro mandato do Lula, ele passou tres anos fazendo tudo o que o Fernando Henrique fazia. A parte lúcida da sociedade brasileira, fosse pobre ou rica, dizia que o governo Lula era uma cópia piorada do governo anterior. Lula se aproximou dos banqueiros nacionais e internacionais, que colocaram o Meirelles no Banco Central do Brasil, para que o mesmo mantivesse o presidente sob controle. Os petistas que aderiram ao "New PT", foram agraciados com altos cargos no Ministério do Trabalho e em toda a base sindical do Brasil. Os petistas que ainda tentavam conservar aquela antiga pureza de não aceitar acordo com a picaretagem nacional, foram abandonando o partido. E era exatamente isso que o Lula queria. Esta foi a etapa principal para a consolidação do governo Lula. O Partido dos Trabalhadores entrava firme e forte na picaretagem política, sem os antigos ideais, mas com novíssimas idéias. Será que é isto mesmo que o brasileiro deseja?"
WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ
Publicado no JORNAL DO BRASIL em 29 outubro 2010
Uma aula de história - Lucia Hippólito
O futuro do PT
O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira.
Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT... Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento e um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um
grupo liderado por Plinio de Arruda Sampaio Junior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus.
Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada.
Lucia Hippolito