ARRECADAÇÃO RECORDE
VIDEO: Cordeirinho Brazil fala sobre os impostos, sobre a cpmf, sobre a máfia fiscal, políticos corruptos, sonegação, honestidade, etc.
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Publicado no O GLOBO, Edição do dia 28 de fevereiro de 2008.
ARRECADAÇÃO RECORDE
Segundo o governo, votar contra a CPMF era votar contra o Brasil e a favor do caos financeiro. No primeiro mês após a extinção da CPMF, janeiro de 2008, o governo arrecadou mais que em janeiro do ano passado quando existia o imposto. Segundo os economistas, o caixa do governo foi reforçado num único mês em R$ 10 bilhões. Sendo assim, os eternos desconfiados e curiosos como eu estão com mais uma pergunta a borbulhar na cabeça. O que houve? Os entendidos falam que o aumento do IOF contribuiu para esse resultado. Mas é muito pouco para muito aumento na receita. Na minha opinião, o monobloco da corrupção nos setores de arrecadação do governo ficou com medo de dar alguma zebra muito feia na economia nacional e resolveu dar um tempo no desvio das verbas públicas. Todos tiveram que pagar os impostos conforme deveriam fazer sempre. O espanto com o resultado dessa arrecadação recorde deve ter sido grande entre os corruptos. Todos devem estar pensando: “Puxa, não sabia que a gente roubava tanto!”
WILSON GORDON PARKER (por e-mail, 27/2), Nova Friburgo, RJ
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O Globo EDIÇÃO DO DIA 27.02.2008
Página 1 - MANCHETE
Arrecadação bate recorde mesmo com fim da CPMF
Crescimento da receita com impostos federais foi de 20% no mês. O fim da CPMF não impediu que o governo federal batesse mais um recorde de arrecadação em janeiro deste ano, o primeiro mês em que a contribuição deixou de ser cobrada. A sociedade brasileira recolheu, em impostos, R$ 62,596 bilhões aos cofres públicos. O resultado representa um crescimento real de 20,02% em relação a janeiro de 2007. O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, disse que os valores obtidos são atípicos, pois resultam do crescimento da economia e que, por isso, não é possível garantir que a receita continuará crescendo. [Página 27]
Economia - [Página 27]
CPMF extinta, arrecadação recorde
Foram R$ 62,596 bi de impostos federais em janeiro. Crescimento econômico explica alta
Martha Beck
BRASÍLIA Mesmo sem contar integralmente com a CPMF, o governo conseguiu bater
mais um recorde de arrecadação em janeiro de 2008. A sociedade brasileira desembolsou R$ 62,596 bilhões em impostos e contribuições federais, o melhor resultado já registrado para o primeiro mês de um ano. O número representa um crescimento real de 20,02%, ou R$ 10,4 bilhões, em relação a janeiro de 2007.
Embora a cobrança da CPMF tenha sido cancelada em 2007, o governo ainda recebeu R$ 875 milhões referentes à movimentação financeira dos últimos dias de dezembro, que só foi computada no primeiro dia útil de janeiro. Segundo dados da Receita, a extinção da contribuição gerou perdas de R$ 2,1 bilhões no mês passado.
Sem querer admitir que podia mesmo abrir mão da CPMF para conseguir fechar as contas públicas, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, classificou a arrecadação recorde de janeiro como atípica. Segundo ele, esse resultado foi decorrente do crescimento da economia — que aumentou a lucratividade das empresas e, conseqüentemente, a arrecadação do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
No entanto, de acordo com Rachid, não se pode garantir que a expansão se manterá nos próximos meses: — O resultado de janeiro é atípico.
É muito prematuro projetar que esse resultado (crescimento econômico e lucratividade) vá se repetir. Não posso pegar uma análise de janeiro e projetar isso para os outros 11 meses do ano.Receita com IOF cresceu 89%.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o resultado. Alinhado ao discurso do governo, ele disse que, embora a arrecadação tenha sido atípica, espera que ela se mantenha elevada para que o governo possa fazer novas desonerações tributárias:
- Existe parte da arrecadação que é extraordinária, mas tomara que a receita continue tendo esse comportamento ao longo do tempo, porque isso nos permite fazer mais coisas, inclusive pensar em desoneração.
Rachid destacou que o grande reforço para os cofres públicos em janeiro veio do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da CSLL, que subiram 51,15% e 44,74%, respectivamente.
O secretário afirmou que esses percentuais estão bem acima do comportamento usualmente registrado em janeiro. E lembrou que, em 2004, esses tributos tiveram aumento de 25% no primeiro mês do ano. Em 2005, o percentual foi de 22%, em 2006, de 9%, e em 2007, de 21%.
— Entendemos que tivemos um aumento muito forte na lucratividade das empresas no ano passado, que se refletiu em janeiro e deve se repetir também em fevereiro e março — disse Rachid.
Segundo o secretário, um levantamento feito com cem grandes empresas mostrou que elas registraram um aumento de 500% na arrecadação do IR e da CSLL no primeiro mês do ano. Entre os setores que mais se destacaram estão serviços financeiros,
metalurgia, eletricidade e comércio atacadista.
Mas o governo também contou com a ajuda das mudanças feitas na tributação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Em janeiro, a arrecadação do IOF cresceu 89,27% por causa da alta do imposto para pessoas físicas e do início de sua incidência sobre mais operações de crédito.
A elevação do IOF e o aumento da CSLL dos bancos foram medidas adotadas pelo governo para compensar perdas com o fim da CPMF. Segundo os cálculos da equipe econômica, a perda da contribuição foi de R$ 40 bilhões, e as altas do IOF e da CSLL terão um impacto de R$ 10 bilhões por ano.
— A necessidade da CPMF diz respeito ao equilíbrio fiscal. Perdemos R$ 40 bilhões e compensamos R$ 10 bilhões. Portanto, há R$ 30 bilhões que fazem falta, ainda mais porque eram voltados para áreas importantes, como a saúde — disse Rachid.
Como o câmbio está favorável à compra de produtos no exterior, o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) vinculado às importações cresceram 29,05% e 31,81%, respectivamente.