PF investiga roubo de informações sobre descobertas da Petrobrás
Petrobrás - Mapa das Reservas Brasileiras
Publicado no Estado de São Paulo, em 16 de Fevereiro de 2008
Publicado na Folha de S.Paulo - Painel do Leitor - 16/02/2008 ... informações tão valiosas fossem transportadas dentro de um simples contêiner?" WILSON GORDON PARKER (Nova Friburgo, RJ)
Publicado no O GLOBO, em 16 de Fevereiro de 2008
Publicado no JORNAL DO BRASIL Domingo, 17 de fevereiro de 2008
Descaso
Por que dois computadores portáteis, com informações secretas da Petrobrás sobre campos de petróleo da Bacia de Santos, estavam viajando dentro de um contêiner, numa longa viagem de navio, entre Santos e Macaé? Não seria mais lógico algum executivo da Petrobrás, com a devida escolta de seguranças, transportar pessoalmente informações tão confidenciais? A investigação principal a ser feita é: por que e quem determinou que informações tão valiosas fossem transportadas dentro de um simples contêiner.
WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)
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Estado de São Paulo, Sexta-feira, 15 fevereiro de 2008
Dados estavam em notebooks e discos rígidos levados de um contêiner da Halliburton, contratada da estatal
Nicola Pamplona, RIO
A Polícia Federal (PF) investiga o furto de quatro computadores portáteis (notebooks) e dois discos rígidos com informações sigilosas da Petrobrás. A estatal não divulgou detalhes sobre o conteúdo dos arquivos, mas há indicações de que contenham dados estratégicos sobre as reservas gigantes de petróleo descobertas na Bacia de Santos.
Os equipamentos pertenciam à Halliburton, companhia americana prestadora de serviços para o setor de petróleo, e desapareceram de um contêiner entre Santos (SP) e Macaé (região norte-fluminense). De Santos ao Rio de Janeiro o transporte foi por navio, e do Rio a Macaé o contêiner seguiu de caminhão, pela transportadora rodoviária Transmagno, que tem sede em Macaé. Ontem, um representante da área comercial disse que a transportadora presta serviços à Petrobrás. Ele não tinha informações sobre esse contrato específico.
Não se sabe ainda em que momento do transporte ocorreu o furto. A delegada Carla Dolinski, responsável pelo caso, disse que a Petrobrás alegou interesse nacional e, por isso, pediu a investigação da PF. Roubos de carga ficam sob a jurisdição da Polícia Civil.
A representação da Halliburton no Brasil não quis comentar o incidente. Também não foi explicado por que os laptops estavam sendo transportados em um contêiner. A Halliburton foi contratada em agosto do ano passado para realizar serviços de teste de reservatórios descobertos no Brasil. O contrato, de US$ 270 milhões, inclui pesquisa em reservatórios de alta pressão e alta temperatura, condições semelhantes às encontradas nas reservas gigantes descobertas abaixo da camada de sal, que podem elevar o Brasil à condição de grande exportador de petróleo.
Com isso, a Halliburton ganha acesso a dados confidencias, sob o compromisso de não divulgá-los. A Petrobrás informou que tem cópias integrais de todas as informações furtadas, mas, segundo especialistas, os dados poderiam ser usados por concorrentes na avaliação de outras jazidas do País.
A estatal não quis entrar em detalhes sobre o incidente, limitando-se a dizer que os equipamentos contêm “informações importantes para a companhia”. O conteúdo não foi informado nem à polícia. “Só nos disseram que havia informações estratégicas sobre suas operações”, contou a delegada, que já pediu mais detalhes à Petrobrás.
O contêiner com os equipamentos saiu de Santos em 18 de janeiro e chegou a Macaé 12 dias depois. Ficou no Porto do Rio durante uma semana. Em 31 de janeiro, quando funcionários da Halliburton foram abrir o contêiner, perceberam que o lacre havia sido violado.
Segundo as investigações, os ladrões chegaram a trocar o cadeado arrombado por um novo, para evitar suspeitas durante a viagem. O inquérito policial foi aberto em 7 de fevereiro. A delegada Carla Dolinski disse que começa a ouvir testemunhas na semana que vem.
Além da hipótese de furto com o objetivo de obter informações estratégicas ou espionagem industrial, a polícia não descarta a possibilidade de furto comum, sem que os ladrões tivessem idéia do que estavam roubando. “Roubo de contêineres é um crime muito comum”, comentou a delegada. Ela ainda não sabe se havia outros equipamentos no contêiner e se foram roubados também, questão-chave para definir os rumos das investigações.
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