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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Lula defende produtores de soja. Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, acusa.


FOTO: Brasília - Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala à imprensa após sobrevoar áreas desmatadas no Mato Grosso

Comentário sobre a notícia:

Publicado no O GLOBO em 01 de fevereiro de 2008

Os pronuciamentos relâmpagos do Lula continuam sendo obras-primas do surrealismo contraditório. Depois de apoiar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ele saiu em defesa dos produtores de soja e criadores de gado, apontados por ela como responsáveis pelo aumento do desmatamento. A ministra pegou um avião, sobrevoou as áreas desmatadas, e confirmou que os culpados pelo desmatamento são os produtores de soja e os pecuaristas. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), empresário do agronegócio e o ministro da Agricultura, o peemedebista Reinhold Stephanes, só faltaram dizer para a ministra calar a boca. Se depender destes dois a metade da Amazonia seria uma plantação de soja e a outra metade um belo pasto. Num dos rápidos pronunciamentos Lula afirmou que para plantar soja e criar gado na Amazonia não seria preciso derrubar uma única árvore. Só se forem plantar soja e criar gado na copa das árvores.

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo


* O GLOBO, 31 de janeiro de 2008
- O presidente Lula desautorizou ontem as declarações da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobre as causas do aumento do desmatamento na Amazônia, e deixou claro que não considera alarmantes os dados do Inpe. Mas após sobrevoar áreas devastadas em Mato Grosso, Marina negou que tenha feito alarde exagerado e manteve suas acusações a produtores de soja e pecuaristas. (págs. 1 e 3)


* FOLHA DE SÃO PAULO, 31 de janeiro de 2008
- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou ontem que considerou exagerado o "alarde" feito em torno dos números sobre o aumento do desmatamento na Amazônia. Ao fim de um almoço no Itamaraty, ele se referiu à divulgação dos dados na semana passada como um "tumorzinho" que, antes do diagnóstico, foi tratado como câncer. Também criticou a postura das ONGs e disse que não dá para culpar "soja, feijão, gado ou sem-terra" pelo desmatamento sem antes investigar o que aconteceu. "O que aconteceu, na minha opinião, eu não sou comunicador, posso estar errado... você vai no médico detectar porque você está com um tumorzinho aqui e, ao invés de fazer biópsia e saber como vai tratar, você já saiu dizendo que estava com câncer", afirmou. Segundo Lula, como em 2006 o desmatamento tinha diminuído muito e em 2007 cresceu, "se alardeou que estava crescendo". Na entrevista, o presidente contou que na semana passada, em reunião no Planalto, questionou o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) se os dados divulgados significavam que o Brasil chegaria ao final do ano com um desmatamento maior. "E ele falou: "Não". E eu falei: "Então por que vocês falaram'? Na verdade, eles queriam alertar de que a gente não pode se descuidar de controlar a Amazônia", concluiu Lula, insistindo que os dados divulgados tratam de um corte trimestral e que, segundo ele, até o final do ano podem ser revertidos. (Página 1)


* ESTADO DE SÃO PAULO, 31 de janeiro de 2008
- O presidente Lula disse que houve "alarde" na divulgação dos números sobre desmatamento na Amazônia, informando que estão "sob investigação" os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo monitoramento. Enquanto Lula falava em Brasília, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmava em Sinop (MT) que os dados apontando aumento na devastação
estão corretos. (págs. 1 e A16)


* JORNAL DO BRASIL - 31 de janeiro de 2008
Lula defende produtores de soja
Karla Correia BRASÍLIA

Uma semana depois de autorizar o anúncio de medidas emergenciais para conter o avanço do desmatamento na região amazônica, em um movimento que prestigiou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa dos produtores de soja e criadores de gado, apontados pela ministra como responsáveis por parte do aumento no corte de árvores observado na área, e criticou o "alarde" feito pelo ministério na divulgação dos dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).

As afirmações do presidente favorecem o ministro da Agricultura, o peemedebista Reinhold Stephanes, que divergiu publicamente de Marina Silva durante o anúncio de ações de emergência para conter o desmatamento. Enquanto Marina citava o plantio de soja e a criação de gado entre os fatores que poderiam ter contribuído para o avanço da devastação ambiental na região amazônica, Stephanes saía em defesa do agronegócio, ao afirmar que o aumento da produtividade nos dois setores não depende da expansão da área de plantio e que as regras de preservação ambiental eram cumpridas nos dois casos.

Beneficiam também o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR). Empresário do agronegócio e aliado político de Lula, Maggi questionou os dados coletados pelo Inpe, sobretudo no Mato Grosso, um dos Estados com os maiores índices de desmatamento do país. Ao anunciar ações de combate à derrubada ilegal de árvores, na semana passada, Marina chegou a criticar o governo de Mato Grosso e de Rondônia.


* AGENCIA BRASIL - 30 de Janeiro de 2008 -

"NOTEM A DIFERENÇA DO TOM ENTRE A NOTÍCIA DADA POR ESTA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS LIGADA AO GOVERNO E A IMPRENSA NÃO GOVERNAMENTAL"

AGÊNCIA BRASIL

Brasília - Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala à imprensa após sobrevoar áreas desmatadas no Mato Grosso. Após sobrevôo, Marina Silva diz que desmatamento em Mato Grosso é preocupante

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

José Cruz/ABr

Brasília - Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala à imprensa após sobrevoar áreas desmatadas no Mato Grosso

Brasília - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou que o sobrevôo feito hoje (30) pela região de Marcelândia (MT) – município da Amazônia que mais desmatou de agosto a dezembro do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – provou que a situação do desmatamento na região é “preocupante”.

Mais uma vez, a ministra evitou responsabilizar diretamente produtores de soja ou pecuaristas pela devastação da floresta, mas voltou a repetir “que não acredita em coincidências”, em referência ao aumento do desmatamento após a valorização dos preços das commodities (produtos agropecuários) no mercado internacional.

“São regiões de dinâmica econômica significativa de atividade agropecuária e de exploração irregular de madeira. Não é apenas uma ação esporádica de uma ou duas pessoas; existe uma dinâmica econômica na região, uma disputa em converter recursos naturais para atividades econômicas”, acrescentou.

Sobre a precisão dos números do Inpe que mostraram o avanço do desmatamento entre os meses de agosto e dezembro, a ministra afirmou que os dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) são utilizados para “ orientar o processo de fiscalização” e que a consolidação dos dados é feita por outra metodologia, o Prodes.

“Em nenhum momento foi dito que o Deter se presta a indicar taxa de desmatamento, ele é um sistema para as ações de comando e controle e de fiscalização e são feitas projeções. O governo trabalha com dados oficiais em termos de taxas, quando são divulgados os dados do Prodes, após um trabalho rigoroso em cima de cada imagem”, afirmou Marina.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, que também participou do sobrevôo, anunciou o início de uma força tarefa da Polícia Federal nas regiões de maior desmatamento a partir de 20 de fevereiro. Segundo o ministro, a devastação da floresta é causada por uma sucessão de atos criminosos. “A PF incide sobre [investiga] essa cadeia, verificando se ela está integrada, se há um planejamento centralizado, de um grupo organizado, ou se é uma sucessão de atos delitosos”, adiantou.

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