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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Claudia Leite "extravasou" nas areias de Copacabana


Video do Fantástico, da TV Globo, que gravou o show de cantora baiana na praia de Copacabana, domingo, 17 de Fevereiro de 2008.

Comentário sobre a notícia:

Publicado no Jornal do Brasil Quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Claudia Leite "extravasou" e se diz realizada com o mar de gente que encheu a praia de Copacabana, a nova e maravilhosa Casa da Mãe Joana que existe no Rio de Janeiro, para assistir o seu show, gravado direto do estúdio que a Rede Globo mantém ao ar livre nas areias de Copacabana.

Os fios de alta tensão se espalham pela praia, para iluminar os palcos noturnos onde os oportunistas fazem fortunas. Depois que descobriram que praia da dinheiro, acabou o antigo "banho de mar" da família.

A areia da praia e as ruas foram tomadas pelo cheiro de urina e cerveja. A Praça Cardeal Arcoverde foi depredada. Copacabana, há muito tempo, já faz parte do inferno do Rio de Janeiro.

Copacabana, tu não és mais aquela princezinha do mar, linda e cheia de luz. A desordem transformou teus encantos numa verdadeira Casa da Mãe Joana.

Tuas areias amanhecem sujas e fedorentas, enquanto aquele beijo perdido de amor é substituido pelo rancor de quem nunca se esquece das manhãs em que eras a vida a cantar, onde as tuas sereias viviam sempre sorrindo.

Na Amazonia, é desmatamento. Na Praia, é o que ?

Se Ellis Regina, que adorava as areias de praia de Copacabana, no posto 2, fosse viva, estaria cantando: "Copacabana velha de guerra, nós estamos por aí sem medo, nós sem medo estamos por aí".


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)


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JORNAL DO BRASIL - 19 de Fevereiro de 2008

A verdadeira Casa da Mãe Joana
Carolina Bellei Gabriela Lapagesse


"Copacabana virou a Casa da Mãe Joana. Todo mundo ganha seu dinheirinho, vai embora e deixa um rastro de problemas". A frase de Cristina Reis, da Associação dos Moradores dos Postos 2, 3, 4 e 5, resume bem o estado de espírito do bairro. Humilhado pelo mega-show da cantora baiana Cláudia Leitte e a horda que após o evento saiu destruindo tudo o que via pela frente, o bairro chorou. Chorou pelos coqueiros destruídos; pelos 15 vidros de vagões do metrô rachados pelos vândalos, pelos freios de emergência acionados diversas vezes na Linha 2, pela praça Cardeal Arcoverde, seus bancos, árvores e canteiros destruídos a pontapés, pela lataria dos carros amassados, pelo forte cheiro de urina que dominou as ruas...enfim, pelos motivos que transformaram a noite de domingo num inferno.

- Copacabana virou a Casa da Mãe Joana. Todo mundo vem aqui, ganha seu dinheirinho, vai embora e deixa um rastro de problemas - lamenta Cristina Reis, presidente da Associação de Moradores e Amigos dos Postos 2, 3, 4 e 5.

O silêncio do MP

Cristina fala do alto de seus inúmeros pedidos de providências ao Ministério Público, inclusive o da semana passada, quando teve como resposta uma nota fria do órgão, dizendo-se impossibilitado de atuar. E tome ônibus lotados, tumultos nos pontos, taxis bandalhas, camelôs arrastando seus carrinhos, ambulâncias soando desesperadamente as sirenes em meio ao trânsito parado...

Os estragos foram tantos que confundiram até a prefeitura. Enquanto Cesar Maia reconhecia o erro de sua equipe, que esperava 100 mil pessoas, o coordenador de controle urbano, Lúcio Costa, garantia que estavam todos prontos para receber as cerca de 700 mil pessoas presentes.

- Fomos bem sucedidos e garantimos os corredores de escoamento dos carros da Defesa Civil - dizia, sem saber que seu chefe o desmentiria depois, via e-mail.

- As pessoas têm razão de reclamar. Nos preparamos para um show com 100 mil pessoas, mas foram 500 mil - admitiu Maia.

Moradores como a estudante Nathalia Gomes, de 23 anos, sofreram. Ela levou mais de três horas entre o Aeroporto Tom Jobim e sua casa, na Miguel Lemos, a dezenas de quadras do show.

- Por que não fazem um rodízio de locais dos shows? - questiona.

Revoltado com o que presenciou, Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, atacava a CET-Rio.

- O trânsito entrou em colapso a partir das 20h - reclamou.

[ 19/02/2008 ] 02:01

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Praça Cardeal Arcoverde é depredada

Poste no chão, canteiros quebrados, jardins destruídos. Esse era o cenário da Praça Cardeal Arcoverde no dia seguinte do show da cantora Claudia Leite, na Praia de Copacabana. A praça abriga a estação do metrô mais utilizada pelo público, já que era a mais próxima ao show. Além dos moradores, muitos comerciantes locais também ficaram apreensivos com a quantidade de pessoas e o tumulto provocado.

- A confusão começou a partir das 18h. Desde então ficou complicado para trabalhar - conta Fabiola dos Santos, funcionária de uma loja de conveniências de um posto de gasolina em frente à praça. - Como era muita gente, as vendas da loja foram boas, mas sofremos com o roubo de mercadorias, principalmente o de bebidas.

Em eventos como réveillon e shows que atraem muitas pessoas, o posto de gasolina costuma não funcionar. Mas segundo a funcionária, eles não esperavam um público tão grande.

Outras pessoas que trabalham na praça também foram pegas de surpresa. Célia Silva é funcionária de um quiosque de flores há oito anos e diz nunca ter visto nada parecido.

- No réveillon, eles colocam grades na praça, parece que tem uma organização maior. A falta de policiamento no domingo causou uma tensão muito grande. Tivemos que trabalhar com o coração na mão - revela Célia.

A cooperativa de táxi do início da Rua Toneleros não funcionou. De acordo com o atendente Cícero Martins, os taxistas que foram até o ponto no domingo, desistiram ao perceberem a confusão. E ele ainda completa:

- Fiquei assustado com a sujeira e depredação da praça quando cheguei aqui hoje (segunda-feira). Até um poste foi derrubado pelos vândalos.

Problemas no trânsito

Depois que o show acabou, as pessoas também tiveram dificuldade para sair de Copacabana. A Rio Ônibus informou que foi utilizada 100% da frota permitida, mas o trânsito nas principais ruas do bairro, Barata Ribeiro e Nossa Senhora de Copacabana, dificultou o escoamento do público.

- Para ir embora foi horrível. Os ônibus passavam lotados e não paravam. Tive que recorrer às vans e mesmo assim só cheguei em casa de madrugada, duas horas mais tarde do que costumo chegar - comenta Fabíola, moradora de Campo Grande.

[ 19/02/2008 ] 02:01

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Ruas foram tomadas pelo cheiro de urina e cerveja

Os moradores e funcionários dos prédios da Avenida Atlântica não se surpreendem mais com o mau cheiro nas ruas depois dos eventos promovidos na praia. E depois do show da cantora Claudia Leite a reclamação não poderia ser diferente, o odor de urina e cerveja nas calçadas.

Desde que acabou o espetáculo, o efetivo de 182 garis começou a trabalhar para fazer a limpeza da área. E no início da tarde, eles ainda chegavam para reforçar a equipe. Cerca de 38 toneladas de lixo foram retiradas das ruas. Mas a lavagem das calçadas ficou a cargo dos funcionários dos prédios e lojas.

- Sempre que temos eventos aqui é a mesma coisa. Os garis limpam, mas ninguém lava as calçadas. Mesmo com os banheiros químicos, a população urina nas fachadas e entradas dos prédios. É um horror - comenta João Vieira da Silva, segurança de uma loja na orla de Copacabana.

O porteiro Francisco Onorato, que trabalha há cinco anos em um prédio na Avenida Atlântica, diz que a limpeza realizada pela prefeitura não é suficiente.

- Os garis fazem a limpeza, mas nunca é suficiente. Não dá vazão pela quantidade de gente. No dia seguinte, sempre temos que lavar as calçadas. É muita sujeira.

Banheiros químicos

Com a retirada dos banheiros químicos, o mau cheiro piorou no canteiro central da Avenida Atlântica.

A publicitária Eliane Castro, que mora no bairro há cinco anos, aproveitou o dia de folga para curtir a praia. Mas ela não gostou do que viu no bairro.

- Hoje, Copacabana está um horror. Todo lugar está sujo, até o metrô está com cheiro de xixi - declara Eliane, que ainda reclama da falta de agilidade dos funcionários da prefeitura para fazer a limpeza.

Até algumas pessoas que trabalham nas areias da praia de Copacabana se sentiram prejudicadas com o evento. Foi o caso de Abraão Ponte, que está há sete anos nas areis do bairro.

- Ainda está tudo sujo. A areia está imunda. Quem quer ficar na praia nesse estado?


[ 19/02/2008 ] 02:01

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Delegacia teve o dobro de ocorrências

Titular da delegacia de Ipanema, a 13ª, que fica em Copacabana, o delegado André Drumond disse que as delegacias próximas ao evento tinham filas. Foram 34 ocorrências, sendo 31 delas da área de Copacabana.

- O normal é que sejam registradas 15 por noite.

A delegacia de Copacabana não soube informar quantos registros foram feitos durante o evento. Polícias civil e militar tentaram justificar o motivo de tanto caos em Copacabana, antes, durante e depois do show de lançamento da carreira solo de Claudia Leitte.

O Coronel Almeida, comandante do batalhão de Copacabana, informou que 500 policiais militares fizeram a segurança do evento e que não houve "grandes problemas". Sessenta eram da área do evento, em 31 viaturas.

A assessoria do metrô informou que houve atos de vandalismo e que 15 vidros, nas linhas 1 e 2, ficaram rachados. No trecho entre Botafogo e Copacabana o intervalo, que normalmente é de 4 minutos, foi de 7. O metrô funcionou até a meia-noite.

[ 19/02/2008 ] 02:01

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Associações radicalizam e vão a conselho do MP estadual

Em solidariedade aos moradores de Copacabana, que reclamaram do cenário de desordem urbana, conseqüência do show de Claudia Leitte no domingo, as associações do Humaitá e do Leblon assinaram um manifesto no qual afirmam que o Ministério Público foi omisso ao não cancelar o evento.

Segundo o presidente da Associação de Moradores do Humaitá, Paulo Giffoni, já que o MP não atendeu às solicitações de cancelamento, o grupo agora pretende apelar ao conselho do órgão para levar o pedido adiante.

- O MP tem de se posicionar e acabar com essa história. Vamos fazer pressão. Não dá mais para conversar com os promotores. Cansamos de denunciar o assunto e vamos partir para o Conselho do Ministério Público - disse, referindo-se ao órgão que fiscaliza o MP.

O presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, disse que recebeu muitas reclamações de moradores e associados, inconformados com a multidão que apareceu na Praia de Copacabana e com a falta de planejamento de trânsito:

- As pessoas demoraram horas para sair de um quarteirão e chegar a outro de carro.

Já o presidente da Associação dos Moradores do Leme, Francisco Nunes, acha que o evento foi um atentado à cidadania.

- Foram várias ações criminosas desde vandalismo, falta de controle urbano, de tudo um pouco. Vários foram carros rebocados. Isso é uma indústria de arrecadação. O bairro amanheceu imundo. Faltou bom senso à prefeitura.

[ 19/02/2008 ] 02:01

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Cantora se diz realizada com o mar de gente

Quando deixou o palco armado na Praia de Copacabana ontem, depois de embalar uma multidão na gravação do DVD que marca sua estréia como cantora solo, Claudia Leitte não segurou a emoção e caiu no choro. Carregava no peito a sensação do sonho, que acalentou por um ano, realizado.

O plano era atrair 1 milhão de pessoas. Cerca de 700 mil atenderam o chamado da loira que, no fim, conseguiu o que queria: um mar de gente na frente do palco.

- Nunca toquei para um público tão grande - comemorou Claudia, ainda hospedada no Copacabana Palace. - Queria que o público comparecesse em peso. Foi aquela platéia que me deu a certeza de que tudo o que eu quis era verdade. Trabalhei todos os dias durante um ano para que isso acontecesse.

O show começou às 19h35, com a canção Exttravasa. Como é comum em gravações ao vivo, muitas músicas, entre elas sete inéditas, foram repetidas. Gabriel Pensador, Badauí (do CPM 22), Carlinhos Brown, Daniela Mercury e Wando, participaram e dividiram o palco com Claudia Leitte. O cantor deu uma calcinha para a artista. Apesar de ter deixado o Babado Novo, Claudia continua com a mesma base de músicos.

- Agora quero concretizar esta transição. Estou muito confiante nesta nova fase.

[ 19/02/2008 ] 02:01

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