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sábado, 22 de março de 2008

DENGUE, TEU NOME É DESLEIXO



Comentário sobre a notícia:

O governo federal deve estar dando gargalhadas: a epidemia de dengue chegou na classe média. Até agora ela devastava as classes mais humildes. Os hospitais dos planos de saúde estão sendo invadidos pela classe supostamente mais privilegiada, vítimada pelo terrível mosquito.

Enquanto isso, lá no mundo da lua, o prefeito Cesar Maia só atende pelo e-mail. È o primeiro prefeito virtual do planeta. Acho que o incrível alcaide deveria usar a camera do seu - Windows Live Messenger- , vulgarmente conhecido como "msn", e a deixar aberta 24 h por dia, colocando o seu gabinete a disposição de todos os que quisessem bisbilhotar a sua rotina diária na Prefeitura.

Seria um factoide monumental.

De vez em quando, ele falaria algumas palavras, daria entrevista, faria plebiscitos, enfim, toda a sua comunmciação seria feita pelo mundo virtual. Enquanto o prefeito Cesar Maia fica pendurado entre o mundo virtual e real, devo dizer que aqui na terra as pessoas estão apavoradas, com medo de morrer, andando prá lá e pra cá, sem rumo certo, sem saber a quem recorrer.

Estou falando daquelas pessoas que em sua maioria não sabem nem o que seja "microsoft", "msn", e nem e-mail. Muitas estão no Bolsa Familia.

O Lula esqueceu o Bolsa Mosquito.

Na certa, esperto como é, vai assinar um Ato-Institucional, criando o Bolsa Epidemia. Cesar, Temporâo, Cabral, e outros oportunistas, vivem se acusando, visando as eleiçoes municipais. Será que a mãe do PAC não resolveria essa questão? Olhe pelas criancinhas jogadas nos corredores dos hospitais, Dona Dilma. Coordene um PACÃO contra o mosquito Aedes. Milhares de votos iriam picar na sua urna eleitoral.

O ministro Guido Mantega, com a sua eterna aparência de ser virtual, poderia pensar em criar um imposto provisório para subvencionar o combate de todas as epidemias que surgissem no Brasil.

Voltando ao mundo real, enquanto todas essas esperanças virtuais não se concretizam, porque não usar o velho fumacê, que segundo muitos entendidos, é o melhor meio de se combater o danado do mosquito?

Acho que o laboratório que produz e comercializa o inseticida mais moderno para ser usado como fumacê não deve ter oferecido boas comissões aos compradores do governo. Em todas as partes do mundo o fumacê resolveu o problema.

As soluções só deverão surgir quando chegarmos lá pela milionésima morte, e todos os interesses excusos dos politicos envolvidos no assunto forem solucionados.


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

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Jornal do Brasil - DENGUE - 21 de março de 2008

A classe média sai do paraíso

Fernanda Thurler

O serviço de saúde, que já é um problema para os menos favorecidos, está se transformando numa dor de cabeça para os que podem pagar por planos de saúde. O surto de dengue, que atinge o Rio e assusta a população, já encontra reflexos até nos hospitais particulares, quebrando o abismo entre as classes. As emergências estão 50% mais cheias e o tempo de espera pode chegar a até três horas.

- O número pacientes atendidos com suspeita de dengue vem evoluindo. Nos 20 dias de março eles são mais expressivos do que todo o mês passado - explica o presidente da Federação dos Hospitais do Estado, José Carlos Abrahão. - Estamos orientando os profissionais envolvidos para que o atendimento tenha um direcionamento mais rápido e especifico, principalmente, para os casos mais graves.

Com suspeita de dengue, Denis Bialek procurou atendimento no Hospital São Lucas, em Copacabana, mas não recebeu uma boa notícia.

- Eles me falaram que o tempo mínimo de espera é de duas horas. Nem a rede privada tem condições de suprir a demanda dos casos da doença. Os números aumentam a cada ano. Estamos vivendo um caos total - desabafa Bialek.

A peregrinação, já conhecida nos hospitais públicos, torna-se uma novidade na rede privada. A estudante Evelynn Souto, que está com suspeita de dengue, não conseguiu atendimento na Ilha do Governador e foi buscar socorro em Copacabana.

- Fiquei duas horas na emergência do Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha. Quando vi que não ia ser atendida, resolvi vir para o São Lucas. Esperei três horas para ser atendida e agora tenho que aguardar mais uma para o resultado do exame de sangue - reclama Evelynn. - Tive que ceder o meu lugar diversas vezes e ficar em pé. É muito ruim porque estou com muita dor no corpo.

Peregrinação também para buscar atendimento para as crianças. O hospital Prontobaby, na Tijuca, tem respondido por 20% das internações pediátricas por dengue da cidade. Apenas neste ano, foram contabilizadas 121 internações por causa da doença. Somente nos primeiros 15 dias de março, foram 41. Mas o hospital parece não dar conta da demanda.

- Conheci um casal que rodou por três hospitais na Tijuca e não conseguiu atendimento. A fila era imensa e faltam leitos. No Prontobaby haviam 200 crianças na frente do filho. Por isso eles vieram para o Copa D'Or - revela uma senhora, que prefere não ser identificada, e que esperava atendimento na emergência do hospital.

A rede D'Or, aliás, assume que os atendimentos por suspeita de dengue aumentaram, mas o grande número de internação surpreende - e muito.

- Tem aparecido mais pacientes com os chamados sinais de alerta, o que caracteriza casos de internação. Mas os números de atendimento também são assustadores. Em 2007, atendemos 833 pacientes por causa da dengue. Só em janeiro e fevereiro deste ano foram contabilizados 500 - conta a Drª Tatiana Campos, infectologista do hospital Barra D'Or.

Cresce a procura, aumenta o tempo de espera e o número de leitos dos hospitais particulares não está suportando a demanda.

- A rede privada não está conseguindo dar o suporte necessário. Eles não estão preparados para suprir essa epidemia - revela o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze.

[ 21/03/2008 ] 02:01

Prefeito rebate acusações de ministro e o chama de "bobão"

Enquanto 2.053 cariocas engrossavam ontem a lista dos contaminados pela dengue, o prefeito Cesar Maia dava seqüência à troca de farpas com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. No início da semana, cobrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Temporão atribuiu o crescimento da doença à baixa implementação do Programa Saúde da Família. O projeto é gerido pelo poder municipal, com recursos da União. A Secretaria Municipal de Saúde não tem sequer metade das equipes que se comprometeu a montar até o fim de 2006.

Cesar, porém, acredita que o problema do ministro com a administração do município seja pessoal. Temporão guardaria rancor por ter sido exonerado dos quadros da prefeitura há sete anos.

- O Temporão não me perdoa por eu tê-lo demitido em 2001, quando foi meu subsecretário, por incompetência, preguiça e abandono dos hospitais - protesta o prefeito, que também rebate as acusações de que seus agentes de saúde não alcançam regiões críticas da cidade. - Os médicos não aceitam trabalhar em favelas com traficantes. A cada dia, o ministro sanitarista se desmoraliza mais: até a febre amarela voltou. É um bobão, como eu disse ao demiti-lo.

O médico sanitarista Temporão, que passou a ser homem de confiança de Lula na pasta da Saúde há um ano, preferiu não rebater as críticas de seu ex-patrão do DEM. Por meio da assessoria do ministério, informou apenas esperar que o governo municipal envie representantes para compor o gabinete de crise criado para controlar a epidemia.

Gabinete

O ministro da Saúde viajou ontem para o Rio. Temporão vai acompanhar de perto o trabalho do gabinete, montado na quarta-feira.

Integram o gabinete os secretários de Vigilância em Saúde, Gerson Penna, e o de Atenção à Saúde, José Noronha, além de autoridades estaduais e municipais. A missão é elaborar, até a próxima segunda-feira, um plano de ações que devem ser tomadas para lidar com o surto atual, além de produzir um levantamento relativo às necessidades de contratação de pessoal. Na quarta-feira, em nota oficial, o ministério atribuiu como uma das principais razões do surto a dificuldade da prefeitura para implantar o trabalho das equipes do programa Saúde da Família.

[ 21/03/2008 ] 02:01

Côrtes admite epidemia de dengue
Renato Grandelle

Pela primeira vez este ano, uma autoridade reconheceu que o Rio passa por uma epidemia de dengue. O mea culpa feito pelo secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, contraria as declarações da prefeitura, que ainda encara o aumento de registros da doença como surtos locais. Côrtes também pediu desculpas à população pela demora no atendimento nas emergências hospitalares.

- Estou tratando a dengue como epidemia, porque o número de casos é extremamente elevado e está fora de controle - admitiu. - Sei que o atendimento demora, mas é preciso aguardar, porque muitas vezes é preciso hidratar o paciente.

Medidas emergenciais

A batalha contra o Aedes aegypti provocou correria no governo estadual. Uma UTI pediátrica com 10 leitos, destinada exclusivamente a pacientes com dengue, foi construída em apenas uma semana no Hospital Pedro II, em Santa Cruz. A administração ainda dava os últimos retoques nos quartos na madrugada de ontem, horas antes de receber Côrtes. A romaria contra o mosquito vai ser estendida à Zona Portuária: na semana que vem, o secretário pretende inaugurar 80 leitos no Hospital Anchieta, também da rede estadual.

Para diminuir as filas, Côrtes aposta nos centros de hidratação, tendas climatizadas com capacidade para até 80 pacientes. Três modelos já estão previstos para a semana que vem, todos na Zona Oeste: ao lado das Unidades de Pronto-Atendimento de Santa Cruz e Campo Grande e próximo ao Retiro dos Artistas.

Também está previsto para os próximos dias a inauguração de um disque 0800 para denunciar focos da doença. O Estado tenta firmar convênios com empresas de telemarketing para capacitar os atendentes. Em outro front contra o mosquito, a Sociedade Brasileira de Pediatria vai assumir a seleção dos profissionais contratados pela secretaria para atuarem como agentes de combate à epidemia.

O pacote anti-dengue tem o amparo do Ministério do Saúde, que determinou a criação de um gabinete de crise para conter o avanço do Aedes no Rio. A primeira reunião está marcada para segunda-feira.

[ 21/03/2008 ] 02:01

Um paraíso para os cariocas... e os Aedes

A Baía de Sepetiba, na Zona Oeste, tinha tudo para ser um recanto privilegiado da cidade. Vizinha de uma área de proteção ambiental, livre do trânsito e desconhecida pela maioria dos cariocas, a paisagem estonteante poderia fazer a alegria dos moradores de Pedra de Guaratiba. Não é o que acontece. Pelas estatísticas oficiais, dos quase 10 mil moradores do bairro, 34 contraíram dengue este ano. Uma pequena ronda nas ruas à beira-mar, no entanto, é o suficiente para encontrar casos ignorados pela Secretaria Municipal de Saúde.

Embora contaminada pelo mosquito, a aposentada Léa Nunes, de 72 anos, ainda não entrou na relação oficial de casos mantida pela prefeitura. Pior: quando foi a um posto de saúde municipal, recebeu uma receita médica proibitiva aos infectados pelo mosquito. Sem a ajuda do poder público, o jeito foi criar seu próprio tratamento.

- Como tive dengue na epidemia de 2002, sei qual remédio preciso tomar e como é importante beber muito líquido - lembra a dona-de-casa Cristina Nunes, filha de Léa.

Cristina tornou-se especialista no combate ao Aedes aegypti. O mosquito derrubou boa parte de sua família - além da mãe, também foram contaminadas uma de suas filhas, uma prima e duas tias. Em sua rua, que dá acesso à baía, pelo menos seis pessoas contraíram a doença no último mês. A Secretaria Municipal de Saúde, porém, ignora qualquer caso ocorrido em Pedra de Guaratiba nas últimas semanas.

Protesto contra Cesar

Embora o Aedes não tenha provocado estrago tão grande entre seus parentes, a pensionista Rosângela Brazil, vizinha de Cristina, assumiu a linha de frente nos protestos contra o descaso da prefeitura. A primeira ação contra a trupe de Cesar Maia será um manifesto segunda-feira, em frente a uma escola municipal da região. Enquanto o protesto ganha contornos, as primeiras medidas para erradicar o mosquito já são tomadas, embora esbarrem em dificuldades quase intransponíveis para os moradores.

- Há inúmeras casas de veraneio fechadas, todas com piscinas cheias e sem ter quem evite sua transformação em focos de dengue - critica Rosângela.

O proprietário de uma das casas de veraneio foi localizado por Cristina e Rosângela. Morador da Tijuca, ele ainda não atendeu aos apelos das vizinhas para combater a dengue em seu terreno. A Comlurb e a Defesa Civil Municipal foram acionadas, mas declararam nada poderem fazer.

À beira-mar, novos problemas. Pescadores e, mais uma vez, proprietários de casas de veraneio deixam seus barcos na areia, expostos à chuva e à acumulação de água. E a Área de Proteção Ambiental das Brisas, administrada pelo Ibama, tem um manguezal que também não recebe agentes mata-mosquitos.

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