Muçulmano convertido pelo papa na missa da semana Santa, na Basílica de São Pedro
Papa Bento XVI, convertendo ao catolicismo, o muçulmano Magdi Allam, vice-diretor do jornal italiano "Corriere della Sera" , na missa da semana Santa, na Basílica de São Pedro
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Num mundo onde todos estão à beira de um ataque de nervos, não dá para entender o porque da conversão ao catolicismo, em plena Vigília Pascoal, do egípcio, muçulmano de nascimento, radicado na Itália, Magdi Allam, vice-diretor do jornal italiano "Corriere della Sera" , numa missa na Basílica de São Pedro, rezada pelo Papa Bento XVI.
O surpreendente nessa história é a vitrine iluminada onde o Vaticano realizou essa conversão. Tal ato poderia ter sido realizado num dia comum, numa simples paróquia de Roma. Enquanto isso acontece no Vaticano, na Holanda, o parlamentar da extrema-direita, Geert Wilders, produziu o curta-metragem "Ftina" (provação), onde ele pretende demonstrar que o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, seria um "manual fascista e de incitação à violência, comparável a "Mein Kampf" (Minha Luta), de Adolf Hitler."
É muito estranho que numa época de violência extrema em todas as partes do mundo, personalidades que deveriam estar comprometidas num movimento pela Paz mundial, coloquem mais lenha na fogueira onde ardem as controvérsias religiosas, sob a alegação de estarem exercercendo livremente os seus direitos.
WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)
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O Globo EDIÇÃO DO DIA 24 de março de 2008
Papa volta a irritar muçulmanos
Conversão de islâmico polêmico durante a Vigília Pascoal causa protestos e
ameaças
CIDADE DO VATICANO
Na mesma semana em que o líder da al-Qaeda, Osama bin Laden, acusou o Papa Bento
XVI de iniciar uma nova cruzada contra o Islã, e que passeatas em protesto contra charges do profeta Maomé voltaram a tomar conta das cidades de vários países islâmicos, o Pontífice — num gesto que causou surpresa — converteu ao catolicismo o polêmico egípcio radicado na Itália Magdi Allam, numa missa na Basílica de São Pedro, durante a Vigília Pascoal. Allam, vice-diretor do jornal italiano “Corriere della Sera” e muçulmano de nascimento, é conhecido pela comunidade islâmica como pró-Israel e seu batismo foi respondido com ameaças de morte por radicais. A Comunidade Religiosa Islâmica Italiana, principal organização muçulmana da Itália, classificou acerimônia como uma provocação.
A conversão de Allam foi mantida em segredo pelo Vaticano até uma hora antes da missa e celebrada num momento em que as atenções da mídia internacional estão voltadas para os ritos católicos da Semana Santa, o que fez com que comunidades islâmicas na internet criticassem a atitude da Igreja. As declarações de Allam após a cerimônia também contribuíram para inflar a raiva dos muçulmanos radicais. De acordo com o Islã, a apostasia (conversão a uma outra religião) deve ser punida com a morte.
— As raízes do mal são da natureza de um islamismo que é psicologicamente violento e historicamente conflituoso. O dia da conversão (ao catolicismo) é o mais feliz da minha vida — disse Allam. — Eu sei contra quem estou lutando, mas enfrentarei meu destino com a cabeça erguida e com a força interna de quem tem certeza sobre sua fé.
Já o vice-presidente da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana, Yaha Sergio Yahe Pallavicini, disse estar chocado com as circunstâncias da conversão: — O que me surpreende é o alto status dado pelo Vaticano a essa conversão. Por que ela não ocorreu numa paróquia local? O cardeal Giovanni Re procurou minimizar o potencial decríticas à cerimônia: “A conversão é um assunto privado, algo pessoal e esperamos que o batismo não seja interpretado negativamente pelo Islã”, disse ele a um jornal.
Relação marcada por incidentes
A cerimônia no Vaticano também foi marcada por um reforço na segurança, por conta das declarações de Bin Laden. As ameaças contra o Papa estão sendo examinadas pelo serviço antiterrorismo do Ministério do Interior italiano, que recomendou segurança reforçada nos eventos da Semana Santa. Mas o Vaticano enfatizou que a agenda do Pontífice, que inclui uma viagem, em abril, aos Estados Unidos, não sofrerá mudanças.
Ontem, na tradicional mensagem Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo), feita todo domingo de Páscoa, Bento XVI comentou com alegria as conversões ao cristianismo e pediu paz para o mundo.
— Desde o início do cristianismo, há mais de dois mil anos, milhares de pessoas se converteram à fé cristã.
Este é um milagre que segue se renovando hoje em dia — disse.
A conversão feita pelo Vaticano em plena Vigília Pascoal é mais um dos incidentes entre Bento XVI e o mundo islâmico desde que assumiu o Pontificado, e mais um capítulo de uma série de acontecimentos na Europa que estão provocando reações furiosas dos muçulmanos. Em 2006, numa aula magna na Universidade de Ratisbona, na Alemanha, o Pontífice citou palavras de um imperador bizantino sobre Maomé que não agradaram aos muçulmanos. No mesmo ano, violentos protestos se espalharam por vários países islâmicos por causa da publicação de caricaturas do profeta Maomé porjornais europeus.
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