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sexta-feira, 4 de julho de 2008

A MORTE DOS BEBÊS NO PARÁ


Foto do Jornal O GLOBO - Bebês mortos no caixão, sendo velados.

Comentário sobre a notícia:

"Já são 24 crianças mortas em dez dias na maior maternidade do Pará. Morreram indefesas, sem segurança. O Estado não lhes concedeu nenhum tipo de garantia para viver. Morreram deitadas num berço público, sem esplendor, nem assistência médica, inocentes, sem raiva, nem rancor. Não tiveram tempo de sentir o carinho da família. Nenhuma das mães trabalhava em alguma promotoria pública. Nenhum dos pais era político em Brasília. Gente humilde. São 24 crianças mortas a sangue frio, sem chance de defesa. Não devem ter chorado. Alguns de nós choraremos inutilmente por elas. As cadeias e maternidades no Pará estão se transfornando em verdadeiras câmaras dos horrores para crianças e adolescentes. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, do PT, nos avisa que isto já acontece há muito tempo em terras paraenses. Enquanto isso, a secretária de Saúde, Laura Rossetti, avisa a todos que as mortes estão dentro do aceitável. É inacreditável que servidores públicos tenham a desfaçatez de fazerem declarações tão desumanas como estas. Literalmente falando, isto é coisa do fim do mundo."

Wilson Gordon Parker
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo - RJ

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 03.07.2008

Outros 4 bebês morrem em Belém


Já são 24 crianças mortas em dez dias na maior maternidade do Pará,BELÉM. Quatro bebês que morreram no Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Pará foram enterrados ontem no Cemitério do Tapanã, em Belém.

Entre as crianças mortas estão dois gêmeos. Com base nas guias de sepultamentos, subiu para 24 o números de recém nascidos mortos na maior maternidade pública do Pará nos últimos dias.

A maternidade já havia confirmado a morte de 20 bebês.

Segundo a guia de sepultamento, os gêmeos morreram no domingo.Os outros bebês morreram segunda-feira. Ontem, peritos fizeram uma vistoria em todos os setores do hospital.

Antônio Bentes de Oliveira, ex-presidente do Hospital da Santa Casa de Belém admitiu anteontem que a superlotação provocou a morte dos bebês.Ele pediu demissão no fim de semana, no auge da crise causada pela morte dos 20 bebês.

— Estão morrendo, estão morrendo. Por que está acontecendo? Superlotação.

Estamos falando há bastante tempo, não podemos evitar que os bebês cheguem para cá nem deixá-los morrer à porta, então colocamos para dentro e sabemos que sempre há risco quando há superlotação — disse Oliveira ao “Jornal Nacional”.

A pedido do Ministério Público, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente abriu inquérito para apurar as mortes na Santa Casa.

— Não podemos dizer se houve ou não homicídio culposo, se houve ou não responsabilização de alguém. Queremos saber o que foi que ocorreu, em que condições entraram no hospital e em que condições ficaram lá — disse a delegada Socorro Maciel.

Polícia vai ouvir parentes, médicos e enfermeiros A polícia quer analisar prontuários de atendimento e ouvir parentes dos recémnascidos, médicos, enfermeiros e pessoas que fazem a limpeza da UTI.

Segundo a secretária de Saúde do Pará, Laura Rossetti, uma comissão do governo estadual formada por médicos e engenheiros passou a responder pelo hospital, e vai fazer um levantamento amplo das condições da unidade. A secretária disse que serão contratados leitos de UTIs para recém-nascidos na rede privada.

Segundo a Santa Casa, entre janeiro e maio, quase 45% dos bebês atendidos na UTI morreram.

A secretária de Saúde reconhece que faltam leitos, equipamentos e 70 médicos no hospital. Segundo disse, as mortes ocorridas neste mês estão dentro da média.

— Tem um parâmetro aceitável que é de 17% e essa é a média que a Santa Casa vem mantendo — disse Laura.

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