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sexta-feira, 11 de julho de 2008

INCOMPETENTES E ASSASSINOS


FOTO : JORNAL DO BRASIL, PAG 1 O PAI DE JOÃO ROBERTO, O GAROTO ASSASSSINADO

Comentário sobre a notícia:

"Um menino de 4 anos, sua mãe e um irmão de meses, foram metralhados por soldados da Polícia Militar. Eles desconfiavam que dentro do carro em que estava a familia, estivesse um bando de assaltantes.

Segundo foi relatado, o carro com os passageiros escondidos por esses vidros negros que são fartamente usados na suposição de dar maior segurança as pessoas que estão dentro, parou para dar passagem à policia.

Os soldados, nervosos, totalmente despraparados, deduziram que no interior do carro que havia parado a frente deles estavam os bandidos que eles perseguiam. Os soldados soltaram do carro e começaram a atirar sem ter a mínima idéia de quem realmente estava lá dentro.

Quando a mãe de João Roberto, o garoto metralhado e morto, saltou do carro aos berros, sob o fogo das balas atiradas para dentro do seu carro, foi o momento em que os despraparados soldados desabaram dentro do inferno criado pela inacreditável estupidez do que tinham acabado de fazer.

Até quando o despreparo das autoridades vai durar dentro da cidade do Rio do Janeiro ?"


Wilson Gordon Parker
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo - RJ

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O Globo EDIÇÃO DO DIA 08.07.2008

EDITORIAL

Enquadramento


A tragédia que provocou a morte de um menino de 3 anos, vítima de uma suposta — e mal explicada — troca de tiros entre policiais militares e bandidos na Tijuca, e os flagrantes de corrupção patrocinada por PMs que extorquiam dinheiro de motoristas com documentação do carro irregular, registrados no fim de semana pelo GLOBO, adicionam mais evidências à preocupante realidade de que as autoridades de segurança não conseguem enquadrar a Polícia Militar do Rio.

No rescaldo do insano tiroteio da Tijuca, não se sabe o que soa mais injustificável — a benevolente versão da PM, de que o garoto e a mãe, que ficou ferida, foramapanhados no meio de um fogo cruzado, ou o depoimento de testemunhas assegurando que os policiais simplesmente metralharam o carro das vítimas.

O outro filho, de nove meses, saiu incólume.

Qualquer que tenha sido a causa do infortúnio da mãe e do filho metralhados, formam-se novas provas de que a falta de enquadramento da polícia fluminense passa pelo crônico despreparo dos agentes que a integram.

Trata-se de uma falha que remonta ao processo de recrutamento e agrava-se numa
estrutura viciada, que, alimentada pela leniência das autoridades ou adubada pelo espírito de corpo, estimula a opção pela violência descabida ou pelo crime — quando não, por ambos.

Esse arcabouço contaminado apresenta também aos maus policiais a nefasta opção pela corrupção.

A incontáveis casos de improbidade no exercício da função policial somam-se agora os flagrantes de achaque denunciados no fim de semana. Tanto mais grave, no recente caso dos extorsionários fardados, que os delitos evidenciam a perigosa esperteza de se prevalecer dos efeitos de normas de trânsito mais enérgicas, como a que endurece a fiscalização dos veículos ou a que pune motoristas embriagados, para auferir ganhos pessoais irregulares.

Registre-se, como alento mas não sem o pressuposto do ceticismo em face de malogradas tentativas anteriores de enfrentar o problema, o anúncio, feito pelo secretário Beltrame, de um projeto do governo para reestruturar as polícias Civil e Militar. A providência, imperiosa, deve necessariamente atacar todos os ângulos pelos quais se vêem as falhas — técnicas, profissionais e morais — das duas corporações.

O secretário de Segurança admite que a depuração das polícias deixa o governo diante de uma trajetória oceânica. De fato, é um desafio, mas postergar a decisão de enfrentálo só contribuirá para aumentar desconfianças no dispositivo de segurança.

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