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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"BIG BROTHER", O GRANDE IRMÃO QUE TE AMA


Dois Minutos de Ódio - 1984 George Orwell - uma releitura do vídeo ficcional denominado "Dois Minutos de Ódio" presente na obra máxima de George Orwell: 1984.

O ser humano é bisbilhoteiro por natureza. Adora uma fofóca, e quanto mais apimentada, melhor.

Assim sendo, aqueles velhos hábitos que as pessoas tinham de olhar por entre as frinchas das janelas, com ou sem binóculos, para esquadrinhar o vizinho, ou quando o alvo era familiar, bastava colocar o olho no buraco da fechadura, para ver o que o outro, ou outros, estavam fazendo, está voltando em forma de epidemia eletrônica aos dias de hoje.

O que muito pouca gente sabe é que este nome “Big Brother” surgiu no famoso livro de George Orwel, “1984”, onde o tal “Grande Irmão” é um ditador invisível, que controla tudo com seus olhos onipresentes.

A grande moda atualmente, no mundo inteiro, é bisbilhotar a vida de terceiros. Na Internet, ou na televisão, o grande negócio é ver o que as pessoas fazem dentro de casa, como elas tiram a roupa, como escovam os dentes ou como fazem as suas necessidades no banheiro.

Colocar um bando de pessoas estranhas dentro de uma casa, para que elas fiquem expostas à curiosidade pública, com os nervos a flor da pele, dispostas a tudo, inclusive a perderem a sua dignidade, em troca de uma bela quantia em dinheiro, é o grande negócio que as televisões descobriram, para buscar a audiência perdida, tendo em vista a falta total de idéias novas que assolou os homens encarregados de criar programas originais e atraentes na TV.

Na Internet, ficar horas olhando as pesssoas tirarem as roupas, esquentarem o seu sanduiche, se expondo nuas ou seminuas, exibindo uma pose que vive equilibrada na tênue fronteira virtual entre o familiar e o erótico, ou irem para cama transar ou se masturbar, virou o grande vício do momento.

Fico abismado com a quantidade de pessoas que estão instalando câmeras dentro de suas casas, em todos os comodos, do banheiro ao quarto de empregada, deixando que o mundo inteiro tome conhecimento das suas alegrias e tristezas.

Logicamente, o indiscreto paga pela sua curiosidade.

Fiz uma pesquisa e encontrei um site com o sugestivo nome de “Voyeur Paradise”. O idealizador do negócio editou seis fotos para fazer a chamada publicitária na porta de entrada, relativas à um momento da vida da moradora, onde a mulher entra em casa, senta no sofá, levanta a blusa, tira, fica pelada, levanta, liga a TV, apanha um livro, se refestela na poltrona e abaixo da útlima foto, vem a pergunta:

“Now i m bored. Can you think of anything interesting to do?”[Agora estou chateada. Será que você pode pensar em alguma coisa interessante para fazer?]

Ela está sem idéia nenhuma, e pede para que pensemos em alguma coisa interessante para fazer.

Bom, para contiuarmos na companhia desta enfastiada mulher, nós teremos que pagar.

Nos Estados unidos, o canal Bravo, colocou uma mulher dentro de casa, e a belezinha vai morar de graça, com câmeras espalhadas por todos os lugares, e deixando-se filmar 24 horas por dia.

Na maior parte dos sites em que formos dar uma de “voyeur”, encontraremos muita ação. Em alguns, deveremos ter muita paciência para esperar as coisas acontecerem, mas de qualquer forma, deve haver um “video” à disposição dos pagantes, com as coisas eletrizantes que aconteceram quando estavamos desconectados. Afinal, acho que a maioria das pessoas não pode, e nem tem paciência, para ficar 24 horas por dia bisbilhotando a vida do vizinho.

Nem no real, nem no virtual !

Ao escrever esta crônica, a minha intenção na realidade é lançar um balão de hipóteses no ar, e repetir o que já escrevi tempos atrás, quando falei algumas abobrinhas descompromissadas sobre a verdadeira essência destes programas, e dos reais e verdadeiros motivos que levaram os filósofos e gurus das elites internacionais, a inventarem este tipo de “diversão”. Eles nunca aparecem em lugar algum mas estão criando tudo o que deve ser aceito no mundo daqui uns 20 anos.

Estes “cientistas do comportamnto social” estão ligados aos grandes sistemas de mídia, e são financiados pelo super-caixa do sistema financeiro internacional, que é composto pelos quase quinhentos nomes que dominam a economia mundial, e comandam, como verdadeiros deuses, o espetáculo aqui na terra, escrevendo o futuro da humanidde de acordo com os seus interesses.

[Uma estatística revela que "a riqueza combinada dos 447 bilionários do planeta é maior do que a renda de metade da população mundial. Entre as 100 maiores economias do mundo, 50 são de mega-empresas]

Esta aparente curiosidade inocente da humanidade, que começou a engatinhar há pouco tempo, é apenas uma idéia que está sendo muito bem preparada, para que a população se acostume a encarar a bisbilhotice da vida alheia como a coisa mais natural do mundo.

Em contra-partida, aos poucos, ela perderá toda a sua dignidade, e não passará mais a se incomodar por estarem bisbilhotando a sua própria vida.

A pivacidade será uma coisa ultrapassada e fora de moda.

Estará aberto o caminho para que você se torne um “Big Brother” ambulante, pois sairá pela vida com um “chip” encaixado nas nádegas, onde tudo o que fizer será gravado, e distribuido para uma central.

Todo cidadão é propriedade de todos !

Tua vida será vista, filmada e analisada dia e noite, mas como você já se acostumou com a degradação do sentimento de privacidade, de tanto bisbilhotar a vida dos outros na Internet e na TV, isto passará a fazer parte da sua normalidade.

As sociedades bem organizadas como um todo, como já acontece na Alemanha, tem reagido contra este tipo de tecnologia, pois vocês já imaginaram este negócio ser implantado nas bundinha de um povo que tenha um Hitler ou um outro ditador qualquer no comando da nação ?

Certa vez, um bisbilhotado que havia sido eliminado no paredão do Big Brother da TV Globo, declarou o seguinte: “Estou emocionado com esta minha participação no Big Brother. Foi uma coisa única na minha vida. Jamais esquecerei este momento”.

Mais importante que o recenseamento de toda a humanidade, faz-se necessário o repensamento do comportamento dela diante do mundo.


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)


1984 George Orwell Movie Trailer (1984)

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1984 by George Orwell - Nineteen Eighty-Four - Film Movie
BBC Television's live production of George Orwell's "1984". Produced in 1954. Creative Commons license: Public Domain.

Caso queira fazer o download de todo o filme "1984", copie e cole o link abaixo:


http://www.youtube.com/watch?v=hATC_2I1wZE

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