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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

QUANDO NASCE A INSPIRAÇÃO ?



O ser humano precisa de inspiração para tudo o que faz. Quando fazemos algo sem inspiração podem estar certo de que tudo vai sair errado. Se não estivermos concentrados no que fazemos, a coisa complica de vez.

Certa vez, chupando um cacho de uvas, pensando em outra coisa, consegui a façanha de engasgar com um caroço de uva e fui parar no hospital.

Se você está fazendo algo que não gosta, e pensando em alguma coisa que desejaria estar fazendo, pode estar certo de que tudo vai dar errado. Aquilo que você abomina vai ficar pior ainda.

Quando estamos trabalhando ou fazendo uma coisa que detestamos, o desgaste é muito grande, pois ficamos irritados, os dias passam a ser um tormento, o mundo fica hostil, a vida uma floresta de espinhos. Quanto mais nos concentramos em nosso ofício, e tentamos aceitar o destino, mais entramos em parafuso. A nossa vida vira um inferno, e a cada dia que passa fica mais difícil fazer uma separação entre vida profissional e pessoal. Acordamos de manhã e lutamos contra os nossos sentidos para que surja inspiração para trabalhar, e nos afaste do estado de loucura.

Neste nosso mundo modernissimo e tecnológico, onde o vídeo da vida se atira dentro de nós tal qual uma enxurrada, ficamos sem tempo para fazer qualquer tipo de concentração. Quando tentamos pensar somos chamados de lerdos e incapazes.

Temos que estar sempre prontos para dar uma resposta imediata a tudo e todos, a qualquer momento do dia.

Ao invés de um curso “maternal” ou “jardim de infância”, deveriamos oferecer as crianças um curso de “sobrevivência instantânea”. Elas seriam ensinadas a tomar decisões super rápidas, sem usar o pensamento, nem perder tempo com problemas éticos, e, na velocidade de um raio, falar e fazer tudo o que sentem, tendo como base apenas a intuição do momento.

Fernando Pessoa dizia que “pensar não é saber”.

Já naquela época ele deveria estar “pensando” neste nosso tempo, mas jamais poderia imaginar a realidade do nosso “aqui e agora”. Creio que se estivesse vivendo agora, onde o virtual é irmão do real, ele estaria nos falando coisas diferentes, mesmo sabendo que pensar muito significa que a pessoa não sabe nada sobre o problema em que pensa.

No meio deste vendaval de emoções e informações, onde todos os tipos de ideias e fatos são colocadas em nosso caminho, saimos atirando nossas soluções para todos os lados, sem saber direito qual delas é a certa.

Sem tempo para fazermos a reflexão que nos brindará com uma inspiração que venha do fundo de nossa alma, penetramos num mundo de mediocridades e mesmices, que em pouco tempo nos levará a chatice total, e rapidamente estaremos asfixiados pela velocidade do universo que nos cerca.

Quando amamos com paixão, precisamos de muita inspiração para manter o amor forte e vibrante dentro de nós, para que ele se transforme numa eternidade

Um brilhar de olhos diferente, um gesto ainda não praticado, um carinho espontâneo, um beijo repentino, a temperatura da pele fora do normal, os mesmos lábios diferentes a cada novo dia, um coração lotado de emoções, uma alma que a cada aparição nos envolve de maneira diferente, e mais tantas, e tantas coisas, que juntam no infinito as suas diferenças, porque todas elas nasceram para o encontro final do momento sublime da inspiração.

O maravilhoso amor que existe quando o sol se deita é diferente da sublimação amorosa que toma conta de nós quando o sol se levanta. O amor e a paixão são iguais, mas o ambiente é diferente.

Assim sendo, cabe a pergunta :

- O deitar e o levantar do sol são lindos por si só, ou o são porque nós estamos inspirados pelo nosso amor ? O que eu quero mesmo é perguntar se a inspiração nasce no primeiro dia do ano ou no último ?

Por via das dúvidas eu desejo a todos um Maravilhoso último dia de 2008 e trezendos e sessenta e cinco dias Apaixonantes em 2009 !


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)


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