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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

BLECAUTE OU APAGÃO ?



Comentário sobre a notícia:

"Depois de ser "apagada", pelo "apagão", a candidata Dilma Rousseff reapareceu na mídia. Seguindo o estilo neologista do seu criador, pendurada na aresta vertiginosa do impacto da palavra apagão, preferiu dizer ao eleitorado que o Brasil nunca estará livre de blecautes. A partir de agora, ficamos assim: a oposição chama de apagão e o governo de blecaute. Dilma também disse que "nós humanos não controlamos as chuvas, raios e ventos". Realmente, está "aprendendo" rapido com o "mestre" Lula. Segundo Dilma, o sistema elétrico brasileiro é o melhor do mundo. Aliás, a candidata nem comentou a história que saiu no programa "60 minutes", da rede de TV CBS, nos Estados unidos, no domingo, 8 de novembro, onde foi dito que em 2005 e 2007, os blecautes, ou apagões, no Brasil, foram causados por ataque de hackers. Assim sendo, tal qual aconteceu por aqui com outros assuntos, como mensalão, atos secretos, conchavos de todos os tipos e nomes, a candidata determina que este caso também está encerrado."

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)






A história da falta de luz no país da escuridão

Se o crescimento do Brasil, ao longo dos próximos quatro anos, for somente de 2%, teremos um apagão social. Sem energia, sem crescimento. Será preciso fazer de tudo para evitar que o país se desintegre.

A dívida pública cresceu assustadoramente, muito mais do que a quantia dos US$22 bilhões arrecadados até hoje, com a venda do sistema elétrico estatal.

A privatização começou muito antes de ter sido criada a agência fiscalizadora [ANEEL], fato que não aconteceria em qualquer país sério do mundo.

Os contratos feitos com as empresas estrangeiras que adquiriram, com empréstimos do BNDES, as estatais colocadas em leilão, mostram até onde a falta de vergonha pode tomar conta de pessoas que , supostamente, defendem os interesses de uma nação.

A Light, que se tornou uma subsidiária da EDF francesa, compra energia da estatal Furnas, por US$23.00 kWh, e vende-a ao consumnidor residencial por US$120.00 kWh. Na França, onde a renda “per capta” é muito maior do que a nossa, o francês paga somente US$75.00 kWh, e a energia é gerada por usinas atômicas, muito mais cara.

Os contratos também dizem que o investidor estrangeiro, durante oito anos, não precisa repassar ao consumidor nenhum ganho de produtividade, nem precisa realizar a expansão do sistema que comprou.

A remessa de lucros para fora do país é total.

A Light distribuiu 98% do lucro entre os seus acionistas. O grupo, americano da AES retirou 300 milhões de dolares da CEMIG em dois anos, não iniciando nenhuma obra nova.

O governador Itamar Franco deu um basta na história, retomando o controle da empresa, mas foi linchado pela equipe econômica do governo federal, xingado pelo Arminio Fraga lá em Nova York, e crucificado pela mídia aqui no Brasil.

O governo colocou a venda as usinas elétricas que já existiam, sendo que a maioria delas já estavam amortizadas, e geravam energia quase de graça. Para os investidores era uma sopa, pois recuperariam rapidamente o capital investido. Assim sendo, o nosso sistema elétrico começou a ser distriubido pelo mundo.

O BNDES, que é o gerente do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], financiou com o nosso dinheiro, os investidores estrangeiros na compra das usinas que já estavam prontas.

Em contrapartida, o Banco Central, por meio da resolução 2.668, de 1999, não mais permtia que o BNDES concedesse financiamentos a empresas estatais, que foram proibidas de investir no aumento da capacidade de gerar energia.

Isto tudo foi feito por determinação do FMI, pois esse tipo de investimento é considerado “gasto”, o que gera aumento do déficit público.

Usinas hidrelétricas exigem a imobilização de recursos vultosos, enquanto a termeletricidade tem um retorno muito mais rápido, embora o custo seja muito maior.

Mas isso não é problema, pois o custo será repassado ao consumidor final. A mercadoria mais cara substituirá a mais barata.

A Petrobrás não consegue utilizar todo o gás que nos chega através do gasoduto Brasil-Bolivia, usando apenas 40% da sua capacidade. Usando ou não o gás, ele tem que ser pago, e por isto a estatal está tendo um prejuízo gigantesco.

Sendo assim, vale a pena arriscar na produção de energia elétrica, construindo as 49 termelétricas que os lobistas desejam.

Essas usinas foram esquematizadas para serem do capital privado, mas acbaram na mão do estado, e levando em seu bôjo toda a fiosofia privatista.

Abandonamos todo o nosso potencial hídrico, com toda a sua energia barata, para entrarmos no mundo das usinas térmicas, que deverão ser construidas pelas firmas americanas especializadas no assunto, que deverão ganhar uma boa grana.

Enquanto isto, um lobista da energia nuclear aparece dizendo que temos a sexta reserva mundial de urânio, e sugere a retomada imediata da construção da usina de Angra 3. Diz ele que temos US$750.000 milhões em equipamentos empacotados, que custam US$600.000 por ano para serem conservados. O custo da energia nuclear seria de R$54 kWh, contra R$95 kWh nas térmicas.

Mas os técnicos no assunto dizem que as usinas nucleares não inspiram confiança. A usina Angra 1, até hoje, só conseguiu colocar no sistema 28% da sua capacidade. Angra 2 a mesma coisa.

Desde 1978 não se constroi nenhuma usina nuclear nos USA.

Ademais, as plantas atômicas demoram 10 anos para serem erguidas, e custam cerca de US$5 bilhões. Os investidores, que querem retorno rápido do dinheiro aplicado, estão fora desta operação.E tem o problema dos resíduos radioativos.

Em março passado, o presidente FHC foi a televisão anunciar o projeto “Iluminação Pública Eficiente” [Projeto Reluz], destinado a “tornar eficiente oito milhões de pontos de iluminação pública e instalar um milhão de pontos eficientes”.

Para o meio rural lançou o “Programa Luz do Campo”, que tinha como meta “levar energia elétrica a um milhão de propriedades e domicilios até 2002”. FHC prometeu “zelar pela segurança do investidor privado e pelos direitos do consumidor quanto à oferta de energia, a qualidade dos serviços e a modicidade das tarifas”.

Dois meses depois deste pronunciamento desvairado, o governo, dominado por financistas e especuladores, lança o plano de racionamento de energia elétrica, e tenta acabar com o PROCOM.

Acabou a luz !

O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

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