O CHEFÃO DA JUSTIÇA LIBEROU O COLEGIADO DO PCC

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Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO, 13 setembro 2008

"O STF resolveu soltar dez integrantes do PCC que estavam presos desde 2004. Segundo os ministros do STF, os réus estavam presos há quatro anos e até agora o processo não tinha entrado na fase de instrução. Assim sendo, rua com eles. Ao tomar conhecimento deste fato, lembrei de uma pessoa que há muito anos atrás perambulava pelas areias de Copacabana, no Rio. Ela só falava uma frase completa: 'Fora da loucura não há salvação'. Sem dúvida nenhuma isto aqui é um país feito para loucos. Quem não é, não se salva. A liberdade concedida ao colegiado da facção criminosa do PCC, deve ter alguma relação com a terrível injustiça cometida contra os cidadãos Renato Correia de Brito, Wagner Conceição da Silva e William de Brito Silva, que ficaram dois anos na cadeia, acusados de matar uma jovem, ex-namorada de um deles. O verdadeiro assassino, um maniaco sexual, confessou o crime dias atrás. Na época do crime, os rapazes foram condenados pela justiça legal a permanecerem na prisão, mas foram absolvidos pela 'justiça ilegal' da cadeia, formada pelos presos do PCC, em São Paulo. Se tivessem sido condenados, teriam sido mortos pelo crime de estupro, crime inadmissível no estatuto do PCC. Foram absolvidos, mas ficaram dois anos presos por algo que não fizeram. Acho que essa liberdade concedida à cúpula do PCC, foi um prêmio do STF aos criminosos, pela forma lúcida e correta que tiveram ao julgar os tres cidadãos presos arbitrariamente pela justiça legal. Chegou a hora de soltar todos os que estão presos e não foram julgados. Daniel Dantas & Cia, foram os primeiros a serem soltos, só que estiveram por pouco tempo na cadeia. A injustiça e a impunidade, aqui no Brasil, são crimes "normais" que afrontam toda uma sociedade que vive equilibrada na aresta veritiginosa da loucura. O escritor e filósofo francês, Albert Camus, dizia que a vida não tinha sentido, logo, o mundo era absurdo. Para poder continuar vivendo ele descobriu que a vida seria muito melhor vivida se não tivesse sentido nenhum. Camus morreu em 1960, e, já naquela época, tinha uma idéia fixa: ressuscitar no Brasil."

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)


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Publicado no ESTADO DE SÃO PAULO, 13 setembro 2008